Lula quer reparar erro histórico do analfabetismo

“Vamos instituir uma prova para o ensino fundamental para avaliar se a criança está aprendendo e descobrir porque não aprende”, disse Lula, primeiro presidente a prestigiar a abertura da Bienal, considerado o terceiro maior evento editorial do mundo, depois de Frankfurt (Alemanha) e da Book Expo América (EUA).

Presente no evento, o ministro da Educação Tarso Genro disse que a proposta de um "sistema de aferição da qualidade do ensino fundamental no Brasil" deverá ser apresentada em cerca de duas semanas. "É uma determinação do presidente chegar até o fim do ano ao sistema", disse o ministro. Tarso também explicou que a intenção é realizar uma prova de caráter universal que abranja pelo menos duas séries na totalidade do ensino fundamental no país.

O presidente Lula comparou a aquisição do gosto pela leitura nas crianças com a esteira de ginástica. “Dá uma preguiça danada de começar, mas se a criança adquiriu o prazer de ler na idade certa, depois que começa não quer mais largar o livro”. Para ele, esta é uma questão educacional e o ministro Tarso Genro (Educação) está tomando providências para reverter este problema. Lula citou os programas Fome de Livro, Casa de Leitura e Literatura em Minha Casa que pretendem suprir a carência de mais de mil municípios brasileiros que não contam nem com biblioteca, ou livrarias ou ainda banca de revistas. O governo tem a meta de instalar equipamentos culturais com biblioteca em todos eles até 2006.

Lula lembrou que o governo é o maior cliente das editoras, graças aos 168 milhões de livros comprados pelo MEC anualmente, sendo 115 milhões deles didáticos. Na avaliação do presidente, o governo é o grande fomentador e estimulador do mercado editorial, como também indutor de empregos no setor. “Precisamos deixar de ser apenas o grande exportador de soja e matéria prima in natura, para sermos exportadores de conhecimento”, apontou.

O presidente ponderou que o setor editorial é um setor dinâmico da economia, além de servir para o reconhecimento pelo povo de sua cultura. Ele disse que seu governo entende a arte e a cultura como fator de inclusão social e surpreendeu-se em ser o primeiro presidente a prestigiar o evento. “Todo povo tem fome de beleza e alegria e queremos priorizar a cultura para romper com a alta concentração de renda e literatura”, disse, citando o dado de que 16% da população tem mais de 70% dos livros do país.

450 anos A prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), citou as iniciativas de seu governo para estimular a leitura na capital. Ela citou dados alarmantes de que apenas 10% das crianças compram livros e apenas 26 milhões de brasileiros são leitores ativos (lêem pelo menos três livros ao ano). “O Brasil todo tem menos bibliotecas que a cidade de Buenos Aires”, disse Marta.

A prefeita citou a implantação de 82 bibliotecas públicas informatizadas na capital, somando 800 mil livros. A prefeitura tem percebido de 2002 a 2003 um aumento de 25% na procura pelas bibliotecas municipais. “Na biblioteca de Vila Formosa eram 6 mil crianças e agora são 14 mil as que procuram livros”, relatou. Ela citou ainda a instalação de bibliotecas nos Centros Educacionais Unificados (CEUs) com dez mil volumes cada, a criação de publicações e concursos literários e a inclusão no currículo das escolas de publicações sobre as tradições afro-brasileiras.

A Bienal começa hoje e funciona durante 11 dias com eventos culturais paralelos, fazendo parte das comemorações dos 450 anos de São Paulo. São esperados 600 mil visitantes e já estão cadastradas 120 mil crianças para visitas monitoradas. O presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Oswaldo Siciliano, entregou ao presidente Lula um exemplar do livro “São Paulo, 450 razões para amar”. O presidente visitou estandes instalados na feira.

Participaram da abertura o governador Geraldo Alckmin (PSDB), os ministros Tarso Genro (Educação) e Luiz Dulci (secretaria-geral da Presidência), Abdala Jamil Abdala (Francal Feiras) e Celso Frateschi (secretário municipal de Cultura).

PT

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