Genoino quer debate amplo sobre economia

Em entrevista ao Portal do PT, Genoino defende que o próximo valor do salário mínimo seja um sinalizador do governo na linha de crescimento e da melhoria da renda do trabalhador, embora não queira entrar na discussão de valores. O dirigente petista condenou a ocupação de terras produtivas como a da fazenda Veracel, no sul da Bahia e avalia que o governo já deu mostras de seu compromisso com a reforma agrária. Veja abaixo a íntegra da entrevista.

A próxima reunião do Diretório Nacional do PT vai definir uma posição do partido sobre a política econômica do governo?

José Genoino - Vamos realizar um debate no Diretório Nacional. Acho que esse debate tem que ser mais amplo. Não pode ficar amarrado às metas macro-econômicas. Tem de ser sobre o nosso projeto de desenvolvimento para o país, com crescimento do emprego e da renda. Temos de debater como articular todas as iniciativas e projetos do governo como a política industrial, o projeto para a construção civil, o crédito popular, o aumento do salário mínimo, sempre dentro de uma visão de geração de emprego e renda. Temos que entender que esse crescimento da economia não é um processo natural de geração espontânea. Tem que ter um projeto de desenvolvimento, cuja base é a política industrial. Nesse aspecto, tivemos nas últimas semanas mais três avanços que são o projeto sobre a matriz energética, o projeto da PPP (Parceria Público Privada) e o aperfeiçoamento das agências. Tudo isso cria um ambiente favorável aos investimentos privados, fundamentais para a retomada do crescimento do emprego.

Qual deve ser a política para o salário mínimo?

José Genoino - O salário mínimo tem que ser um sinalizador forte do governo. Tem de ser um bom salário mínimo, mas não cabe a nós discutir números. É uma questão que mexe com a melhora da renda. Vamos trabalhar junto com o governo para termos um bom salário mínimo no 1º de maio.

A saída seria uma inovação como a reestruturação do salário-família?

José Genoino - Tem que ser muito criativo. A proposta tem de investir na recuperação do poder de compra, mas prefiro não especular.

Os investimentos públicos devem ser levados em conta no cálculo fiscal?

José Genoino - O PT apóia as iniciativas do presidente Lula de discutir com o FMI e com os chefes de estado os investimentos nas estatais. O governo está no rumo certo em buscar uma margem de manobra nos investimentos das estatais. Não pode ficar no debate ideológico sobre metas, mas como ter uma administração fiscal e cambial e trabalhar para uma queda consistente nos juros.

É possível um entendimento entre o governo e o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) sobre o ritmo de implantação da reforma agrária?

José Genoino - O governo já deu sinalização mais do que suficiente de seu compromisso com a reforma agrária e vai cumprir as metas anunciadas ao MST, à Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), ao MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra) e outros movimentos, no ano passado. Acho que o MST tem de considerar, tem de levar em conta a decisão do governo por um plano ambicioso de reforma agrária. Não é bom para o movimento ocupar terras produtivas como ocorreu na fazenda Veracel, na Bahia. O governo tem de negociar com os movimentos e os movimentos, por sua vez, têm de respeitar a autoridade democrática do governo.

A base de sustentação do governo no Congresso está dividida para a disputa das eleições municipais nas capitais e grandes cidades?

José Genoino - Acho que não. Primeiro porque estamos iniciando fechamento de alianças. É natural que em muitas capitais e grandes cidades as alianças só aconteçam no segundo turno. Sempre dentro dos três critérios para alianças que são o apoio ao governo Lula, a defesa dos nossos projetos de poder local, que o PT tem uma longa experiência, e de coligações democráticas e éticas. Não pode ser qualquer coligação. Nem podemos cair no sectarismo e nem no permissivo. Entre esses dois pontos há uma boa margem de manobra.

PT

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