J.C.Monjardim Cavalcanti: A Onda é Ficar

Esta legião de jovens e também de alguns que, por idade e no limite dos 45 anos já encontram dificuldades de trabalho no país, investem no sonho americano todas as suas economias, fruto em geral dos recursos de suas demissões, de seu FGTS, do auxílio desemprego, das pequenas e sofridas poupanças familiares, além , naturalmente, até da venda de alguns bens de herança, para pagar no balcão dos sonhos a passagem para os Estados Unidos.

Conversamos outro dia com uma experiente secretária que viveu e serviu nos Estados Unidos durante longos anos, inclusive com estreitas ligações com o Corpo Consular. Nossa amiga – Ana Maria – traduziu a tristeza e o desencanto de muitos brasileiros que estão no “ paraíso americano” , amargando a humilhação , a exaustão dos turnos de trabalho, no exercício de funções subalternas que alimentam a esperança de que voltarão ricos. O percentual de alguns poucos afortunados – cerca de apenas 0,7% dos que lá estão - pode ser registrado e, sem dúvida, escondem anos e anos de sacrifícios, sofrimentos e dissabores.

Faxineiro, garçom, engraxate, lavador de carro, operário de fábrica ou de obra civil na realidade não é vergonha como atividade, nem aqui, nem lá. O que ilude é o confronto de ganhos e salários. Ganha-se – diz Ana Maria – em média, 180 reais diários. No entanto, também diariamente, gasta-se 60 reais com alimentação, 60 reais com aluguel , 25 reais para a creche ou a escola e sobram , em média, 35 reais que se destinam a despesas básicas como luz, telefone, combustível para o carro, (pois lá não se vive sem um veículo), deixando alguns poucos trocados para o cigarro. Para economizar, realmente, só sendo um verdadeiro faquir.

Vive-se em toda plenitude, uma ilusão, na quase totalidade dos casos. E, se a pessoa tiver que apelar para um advogado, na sonhada busca do seu “ green card “ , terá que gastar pelo serviço um total de oito mil dólares.

Da mesma forma – e os que estão lá sabem disto – as autoridades americanas controlam tudo e incentivam, disfarçadamente, que aquela prestação de serviço se projete sôbre as colônias que lá vivem em situação irregular. E, de vez em quando, para adoçar alguns nichos, populacionais, anunciam o sorteio de uns poucos “green cards “ , anualmente.

Conversar com Ana Maria, discutir aspectos da vida dos brasileiros nos Estados Unidos, pesar os prós e os contra, medir os benefícios, conhecer suas reações, foi uma experiência que muito nos gratificou.

Justamente por este testemunho de quem viveu, sentiu, foi confidente, amiga e professora é que nos permitimos fazer um alerta aos brasileiros, visando despertar em cada um o sentimento de brasilidade e civismo que alimenta, cicatriza e reflete a certeza de que em cinco anos este país será o líder mundial na produção de alimentos, superando mesmo o próprio Estados Unidos. Temos um presidente que veio do chão da fábrica , operário humilde e sonhador, para provar que é possível ficar no Brasil e participar do banquete da prosperidade que nos espera. Tudo é uma questão de confiança, paciência e amor ao Brasil. A Onda é ficar...

J.C Monjardim Cavalcanti é Jornalista e ex-Secretário de Comunicação do Estado Espírito Santo

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