Albatrozes e a Volvo Ocean Race

A Volvo Ocean Race, uma das mais importantes regatas internacionais, que chega ao Rio de Janeiro no próximo dia 9 de março, conta neste ano com uma atração a mais: a Campanha Salve os Albatrozes, da BirdLife International. A ave marinha foi escolhida como tema desta edição da regata por ser conhecida como “velejador do ar”, por seguir rotas oceânicas de acordo com os ventos como os veleiros, e estar ameaçada de extinção devido à pesca acidental.

Até o dia 2 de abril, período em que a Volvo Ocean Race permanece na Marina da Glória, no Rio, a Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil (SAVE Brasil), ONG representante da BirdLife International no País, e o Projeto Albatroz estarão realizando ações e divulgando a campanha, como foi feito nas outras etapas da regata – como na Austrália e na Nova Zelândia -, também por entidades locais.

A coincidência entre a presença da regata no Rio de Janeiro e a realização, na segunda quinzena de março, da 8a. Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP8), em Curitiba, dá ainda mais importância à Campanha. Isto porque a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, lançará oficialmente, no dia 24 de março, no estande do Ibama na COP, o Plano de Ação Nacional para Conservação de Albatrozes e Petréis (PLANACAP), que oficializa o engajamento do País na luta internacional para salvar estas aves da extinção.

A publicação do PLANACAP, porém, é apenas um primeiro passo para a proteção efetiva dos albatrozes. Uma das pendências a serem resolvidas é a ratificação do Acordo Internacional para a Conservação dos Albatrozes e Petréis (ACAP), assinado pelo Brasil, em junho de 2001.

Morte acidental

A principal ameaça às 21 espécies existentes de albatrozes é a captura acidental em pesca industrial feita com espinheis, prática feita por grandes empresas pesqueiras que comercializam peixes oceânicos, como atum e espadartes. Os albatrozes mergulham para conseguir seu alimento e acabam fisgados pelos anzóis com iscas e morrem afogados quando são arrastados para o fundo do mar.

Albatrozes são aves de grande porte (a envergadura de suas asas chega a 3,5 metros) e vida longa (até 80 anos de idade), que habitam as águas do hemisfério Sul.

Apesar do tamanho e capacidade para grandes deslocamentos, é uma espécie frágil. A maturidade sexual acontece após 10 anos e reproduzem-se apenas uma vez a cada dois anos, com apenas um filhote por ninhada. Os ninhos são feitos em ilhas, como Malvinas, Geórgia do Sul e Nova Zelândia. O casal se reveza para cuidar do filhote. Enquanto um adulto permanece cerca de 15 dias no mar em busca de alimento, o outro fica aguardando o retorno do parceiro para iniciar a sua jornada. Quando a fêmea é capturada, o macho percebe que ela não retornará e abandona o ninho. Nesse caso, o filhote acaba morrendo, vítima do frio, da inanição ou de predadores.

O Brasil é uma importante área de alimentação para albatrozes. Seis espécies voam entre os estados do Espírito Santo e Rio Grande do Sul para conseguir comida para seus filhotes que ficam nas Malvinas (ou Falklands), Geórgia do Sul, Nova Zelândia, Ilha de Tristão da Cunha, entre outras ilhas. A lista é formada pelos albatrozes: errante; de-nariz-amarelo; sombrancelha-negra; de-Tristão; real-do-sul e real-do-norte.

A maior parte dos albatrozes-errantes capturados acidentalmente na pesca com espinhel no País são fêmeas em plena atividade reprodutiva. Em 2003, o Ibama incluiu seis espécies de albatroz e cinco de petréis (outra ave oceânica migratória) na lista de espécies em extinção. Algumas dessas aves já estavam na lista global de espécies ameaçadas publicada pela IUCN e Birdlife.

A cada 5 minutos um albatroz morre no mundo. A média é de 10 mil mortes por ano no Sudeste-Sul do Brasil. O albatroz-de-sobrancelha-negra, por exemplo, sofreu uma redução drástica nos últimos dez anos. Entre 1995 e 2000, houve uma redução 87 mil e 500 casais, dentre os 300 mil contados. Das outras espécies que se alimentam no Brasil, o caso mais alarmante é o albatroz-de-Tristão. É a terceira espécie mais ameaçada no mundo, contando com apenas 801 casais.

A proteção

Desde 1991, o Projeto Albatroz, organização não-governamental, com sede em Santos (SP) trabalha na defesa dos albatrozes e petréis no Brasil. A Birdlife International é parceira da instituição brasileira na luta para colocar em vigor as duas normas específicas para proteção dessas aves: o PLANACAP, que será lançado em março, e Acordo Internacional para a Conservação de Albatrozes e Petréis (ACAP), que o Brasil assinou, mas ainda não ratificou.

O PLANACAP foi elaborado pelo Projeto Albatroz e pela Birdlife, através da SAVE Brasil, e então submetido ao Governo Brasileiro através do Ibama. O Projeto Albatroz também age em parceria com o Ibama. A principal medida para proteger essas aves da pesca acidental é a conscientização das indústrias de pesca, através da adoção de medidas preventivas como:

- Toriline – técnica de baixo custo que consiste em um par de varas montado na popa do barco, que arrasta cabos com fitas coloridas que afugentam as aves evitando que elas apanhem os anzóis.

- Descarte estratégico – deve-se restringir o descarte de restos de peixes, de forma que em nenhum momento coincida com a largada de espinhel, evitando que o barco atraia mais aves.

- Iscas azuis – tingir as lulas que servem de isca (com substâncias inócuas para a saúde) é uma espécie de camuflagem que evita que as aves as reconheçam sobre a superfície azul do mar.

- Largada noturna – hábito já incorporado no dia-a-dia da pesca com espinhel no Brasil e que diminui a chance das aves avistarem as iscas.

Volvo Ocean Race

A Volvo Ocean Race é o mote perfeito para os albatrozes. Esses pássaros são figuras presentes na vida dos velejadores, pois a rota dos barcos coincide com a rota de migração de algumas espécies dessas aves. Recentemente um albatroz pousou no Brasil I, equipe brasileira na prova, para alegria e surpresa dos esportistas.

Durante a etapa anterior da regata, na Nova Zelândia, o ministro do Meio Ambiente daquele país, Chris Carter, recepcionou as equipes e os capitães dos seis veleiros, Mike Sanderson, do ABN AMRO 1, Paul Cavard , do Piratas do Caribe, Toberl Grael, do Brasil 1, Sebastien Josse, do ABN AMRO 2, Bouwe Bekkiing, do Movistar, e Neal McDonal, do Ericsson, que solicitaram o apoio mundial para a campanha da BirdLife “Salve os Albatrozes”.

“Os esforços das equipes do Volvo Ocean Race para promover uma maior conscientização sobre a situação dos albatrozes em nível mundial é extremamente importante e deve ser comemorado pelos neo-zelandeses”, disse o ministro Carter aos presentes. “Temos sorte em viver na Nova Zelândia que é o país dos albatrozes, mas nossos albatrozes visitam vários países e cruzam também várias fronteiras, o que os torna bastante vulneráveis. Práticas pesqueiras incorretas aplicadas por barcos de uma nação podem causar efeitos nocivos na população de albatrozes em outros países. Por esse motivo, a sobrevivência dos albatrozes está nas mãos de toda a comunidade internacional. A Volvo Ocean Race possui uma maneira extraordinária em enfatizar essa responsabilidade que todos nós compartilhamos para preservar essas magníficas aves marinhas.”

“Me recordo de ter avistando um grande número de albatrozes nos Mares do Sul quando iniciei a minha volta ao mundo em um veleiro, mas atualmente eles têm se tornado mais raros”, disse Mike Sandersen, capitão do ABN AMRO 1. “Como marinheiro, é maravilhoso avistar albatrozes quando estou no meio do nada. É fácil se sentir solitário quando você está no mar por diversas semanas, então quando observamos essas aves maravilhosas é um grande acontecimento.”

Para Mike Britton, diretor geral da Forest & Bird, ong representante da BirdLife na Nova Zelândia, o apoio das equipes da Volvo Ocean Race é vital para auxiliar a assegurar o futuro dos grandes albatrozes em nosso planeta. “Cada equipe estará levando um filete de esperança enquanto cruza os Mares do Sul em direção ao Brasil”, disse.

Os capitães das embarcações assinaram um grande cartão postal “SALVE OS ALBATROZES”, enviado pela Forest & Bird para os representantes diplomáticos de Taiwan, Japão, Brasil, Austrália, África do Sul, Espanha, Chile e Argentina na Nova Zelândia. Esses países possuem importantes frotas espinheleiras ou um status populacional importante e estão sendo encorajados a adotar o uso de medidas mitigadoras para a redução da captura incidental pelas atividades pesqueiras. Países que ainda não colocaram em prática essas medidas serão solicitados a assinar o Acordo Internacional para a Conservação de Albatrozes e Petréis (ACAP).

Visite o novo site “Save the Albatross” www.savethealbatross.net .

O Capitão da ABN AMRO 1,Mike Sanderson, o Ministro da Nova Zelândia Chris Carter e o Diretor da Forest& Bird Mike Britton posam com cartaz SALVE OS ALBATROZES assinado por todos os capitães da Volvo Ocean Race.

Maiores informações:

Volvo Ocean Race:

http://www.volvooceanrace.org

Birdlife:

http://www.birdlife.org

Projeto Albatroz

http://www.projetoalbatroz.org.br

Informações para imprensa:

NUCA - Núcleo de Conteúdos Ambientais Tel. 11 3082.8088

Maura Campanilli - [email protected]

Laura Forti – [email protected]

Maura Campanili Núcleo de Conteúdos Ambientais - NUCA

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