A voz da oposição

Primeiro Emprego tem só 0,1% das vagas ocupadas

Das 27 mil vagas oferecidas pelo programa Primeiro Emprego apenas 33 - ou seja, 0,1% - foram preenchidas pelas empresas que aderiram ao projeto do governo federal, de acordo com dados do Sistema Integrado de Ações de Emprego (Sigae).

INCOMPETÊNCIA - O programa do Ministério do Trabalho foi lançado com forte esquema de marketing em junho pelo presidente Lula, mas somente foi sancionado quatro meses depois, em 22 de outubro. Os números divulgados no último domingo pelo jornal Correio Braziliense comprovam, segundo o deputado Sebastião Madeira (PSDB-MA), a incapacidade operacional petista de administrar e gerir recursos previstos no Orçamento.

"O PT realizou a proeza de empregar menos de uma pessoa por dia, fato que confirma mais uma vez sua incapacidade operacional. No programa Fome Zero, por exemplo, dos R$ 1,65 bilhão previstos no Orçamento, apenas 16% foram gastos pelo Executivo", informou Madeira, relator do programa Fome Zero na Câmara.

Ex-ministro do Trabalho, o deputado Affonso Camargo (PSDB-PR) considerou uma "ilusão" o programa Primeiro Emprego. Segundo ele, só haverá criação efetiva de postos de trabalho se o Planalto reduzir a alta taxa de juros que paralisa a economia brasileira. "Não adianta o governo criar programas de primeiro, segundo ou terceiro empregos sem uma política de juros que possibilite o crescimento da economia", avaliou o tucano.

O Brasil nunca esteve tão parado

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) disse que a manutenção da popularidade do presidente Lula é hoje tão inexplicável quanto as intenções de voto para o ex-prefeito de São Paulo, Paulo Maluf (PP). RECESSÃO - "O Maluf é uma dessas lideranças carismáticas que acontecem de vez em quando. Aqui no Brasil nós estamos vivendo outra. É claro que as personalidades e as histórias não têm nada a ver, mas a popularidade de Lula também é um fenômeno. São fenômenos que ninguém consegue explicar", afirmou o tucano no programa Passando a Limpo, da TV Record, sábado passado. Segundo Tasso, "qualquer outro governo com os resultados que o governo Lula teve no primeiro ano estaria em desgraça popular". Ele afirmou desconhecer "registro na história" de uma gestão que tenha "aumentado o desemprego, promovido a queda da produção e levado o país a um ano de recessão" e, mesmo assim, tenha ainda um presidente avaliado por parte considerável da população como um "líder incontestável".

Tasso crê que "em termos concretos de resultado da economia, nós tivemos um dos piores anos da história do país". "O Brasil nunca esteve tão parado em relação às políticas sociais quanto neste ano. O que existe é toda uma mistificação em torno de uma herança maldita. Mas, com certeza, a herança que vai ser deixada em 2003 será pior do que dos últimos anos", completou.

PSDB não vai contribuir para que país dê errado, diz Serra

O presidente do PSDB, José Serra, afirmou na noite de ontem em entrevista ao Programa do Jô, da TV Globo, que os tucanos não farão um tipo de oposição ao governo Lula que vá "contribuir para que o país dê errado". "O papel da oposição é contribuir para que não haja retrocesso, para que as coisas não andem para trás. Vamos apresentar propostas para melhorar o país, independentemente dos interesses políticos de quem esteja no governo" , explicou Serra.

OPOSIÇÃO - Ele descartou a possibilidade de uma explosão inflacionária no Brasil. "Não vejo no horizonte risco de superinflação como no passado", observou. "A subida do dólar durante a campanha eleitoral do ano passado foi, a meu ver, injustificada do ponto de vista econômico e motivada pelo que o PT falava antes, que assustava", lembrou Serra.

Segundo ele, o aumento da inflação em 2002 acabou por prejudicar a campanha dos tucanos à presidência. "A subida do dólar trouxe mais instabilidade para o país, mexeu com os preços para cima e o principal prejudicado como candidato fui eu que era identificado com o então governo", ponderou. Para ele, ao chegar ao poder o PT mudou radicalmente de posição: antes, na oposição, procurava a todo custo ser hostil ao mercado - agora, bajula o que antes execrava. BNDES sofre do vírus da mediocridade

O deputado Alberto Goldman (PSDB-SP) chamou de "medíocre" o desempenho do BNDES durante a gestão petista. O tucano se baseou em dados divulgados pelo jornal O Globo deste domingo que apontam para uma queda de 45% nas operações diretas do banco em relação a 2002. "Como tudo o que acontece nesse governo, o BNDES está sofrendo do vírus da mediocridade. O Executivo caminha a passos de tartaruga e esse é um ano perdido. Falta rumo e projeto para o PT administrar o país. Espero que a partir do dia primeiro de janeiro de 2004 o Planalto comece a governar", disse.

Decepção com Lula era previsível

O vice-líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), disse que a matéria publicada pelo jornal The New York Times do último dia 30 só aponta o que o PSDB vem alertando há quase um ano. O jornal norte-americano faz duras críticas à partidarização de cargos e à inexperiência do governo Lula que, desde a posse, "encheu ministérios e agências governamentais com indicados políticos, muitos deles inexperientes, e o país agora sente os efeitos de seus esforços para aprenderem sobre o trabalho".

INCOMPETÊNCIA - Segundo o tucano, a falta de competência petista é tão clara que até a imprensa internacional se escandaliza diante desse fato. "Eles estão publicando o que nós denunciamos diariamente da tribuna. A ineficiência desse governo se liga diretamente ao fisiologismo descarado praticado por Lula. A decepção era previsível".

Alvaro disse estar preocupado com a falta de gerenciamento do governo, que conseguiu aplicar somente 6% dos recursos previstos no orçamento e apenas 0,01% do programa de geração de empregos. "O país não pode esperar quatro anos para que os aprendizes do governo se formem em administração pública. Isso já está afetando o crescimento econômico", alertou.

Virgílio cobra coerência do PT no caso dos "gafanhotos"

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), cobrou ontem coerência política do governo em relação ao caso dos "gafanhotos" de Roraima. O resultado das investigações da Polícia Federal apontam o envolvimento no episódio do governador Flamarion Portela, que trocou recentemente o PSL pelo PT. O senador disse que o PT deve uma explicação ao país por ter saído em defesa do seu mais novo filiado com os fatos "se avolumando contra ele". "O governador do PT afirma que se cair será em pé. No meu entendimento, uma pessoa honesta não cai", observou.

CORRÊIA -Arthur Virgílio anunciou também que vai interpelar o ministro da Previdência, Ricardo Berzoini, sobre afirmações de corrupção em governos anteriores. "Ele terá de explicar a que governo se referia e por quem era praticada", disse. Virgílio afirmou também que o governo Lula usa da chantagem e do autoritarismo para "eliminar" adversários. Para ele, a vistoria da Delegacia do Trabalho na chácara do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Maurício Corrêia, suscita a desconfiança de que o governo pode estar tentando colocar de joelhos um outro Poder. "Ou há um projeto da delegacia regional do trabalho para visitar todas as chácaras ou foi apenas a propriedade do presidente do Supremo?", questionou. Para o tucano, se houver irregularidades na chácara, o presidente do STF terá que responder por isso. "Mas se a vistoria foi feita para atender interesses do governo. É hora dessa Casa começar a mostrar independência contra as ações de um governo que não respeita a democracia", alertou.

Madeira condena retomada da distribuição de leite

O tucano Sebastião Madeira (MA) condenou a retomada pelo governo Lula da distribuição de leite a famílias pobres, marca da política social da gestão Sarney (1985-1990). Ele classificou como "retrocesso" a atitude do presidente, que, segundo ele, é mais uma prova da falta de projetos do PT para o Brasil. "Eles estão preocupados em fazer marketing e não em acabar com a desnutrição." Há 13 anos, o programa que inspirou Lula foi alvo de denúncias, tráfico de influência e desvio de dinheiro. "Retomado às vésperas das eleições, esse projeto cheira a uso eleitoreiro. Seria mais eficaz distribuir as verbas do Fome Zero para o povo comprar o que for de sua real necessidade", disse Madeira.

Fogo Amigo

"É num clima de apreensão entre o empresariado nacional que o país se aproxima do final do ano sem que se vislumbre uma imediata recuperação do quadro econômico-social, capaz de significar a absorção da mão-de-obra trabalhadora, ociosa em quase todos os estados."

- Deputado Mauro Benevides (PMDB-CE), ao comentar dados do IBGE divulgados semana passada, que revelam crescimento praticamente nulo do PIB, aumento do desemprego e queda da renda do trabalhador.

Eu Sei o que vocês prometeram na eleição passada

"Não queremos reeleição. Só queremos quatro anos para criar os alicerces para que a juventude possa construir em cima." - Candidato Luiz Inácio Lula da Silva, em 12 de junho de 2002, durante comício em Vitória, Espírito Santo. Em entrevista anteontem ao programa Canal Livre, da Rede Bandeirantes, o já presidente não confirmou, mais uma vez, os compromissos de campanha. Ao ser perguntado se concorreria a um novo mandato, titubeou e se esquivou da resposta, mas já admitiu que "não iria dizer que não é candidato à reeleição".

Números

33 É o número de vagas preenchidas no Programa Primeiro Emprego, de acordo com o Sistema Integrado de Ações de Emprego (Sigae). Ao todo , o projeto oferece 27 mil vagas.

45% Foi a queda nas operações diretas de recursos liberados pelo BNDES no governo Lula. Os números, divulgados por técnicos do órgão, revelam a paralisia que tomou conta da maior instituição de fomento do Brasil.

17 É o número de viagens internacionais do presidente Lula em apenas 11 meses de governo. A 18ª da lista começa amanhã e incluirá um giro de um semana pelo Oriente Médio. Com o mais recente périplo, Lula quebrará todos os recordes de viagens ao exterior de um chefe de Estado brasileiro no primeiro ano de mandato desde a Proclamação da República, em 1889.

200 É, segundo a revista Veja, o número aproximado de pessoas que integrará a comitiva petista na viagem desta semana à Síria, Líbano, Emirados Árabes Unidos, Egito e Líbia.

PSDB

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