Eleições municipais de outubro serão "termômetro" do Governo Lula

No México o PRI previu sua saída do poder após mais de 70 anos após a derrota nas eleições municipais na Cidade do México. Tony Blair percebeu a sua baixa popularidade nas eleições londrinas, assim como nas eleições para o Parlamento Europeu, que registraram níveis baixos de presença dos eleitores.

O Brasil viveu, de certa maneira, situação semelhante nas eleições de 2000. A derrota de Paulo Maluf (PP) para Marta Suplicy (PT) mostrou que o partido tinha uma chance de ser bem-sucedido nas eleições presidenciais, mesmo com uma decepção no passado (em 1988 a prefeita Luiza Erundina, então do PT, foi eleita um ano antes das eleições nacionais de 1989, quando Lula foi surpreendido pelo furacão Fernando Collor), os petistas investiram pesado em campanha para, em 2002, derrotar o PSDB de José Serra. Conseguiram.

Contudo a situação é diferente para este ano. O Governo Lula apresenta ainda bons índices de aprovação popular, mas bem abaixo dos números registrados no ano passado. A população reclama de ter sido "enganada", por conta da ortodoxia econômica praticada pelo Ministro da Fazenda Antônio Palocci e pelo Presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. A parte social não mostrou resultados convincentes e mesmo a bandeira da campanha petista de 2002, o Fome Zero, não faz o estardalhaço que prometia em 2003. As taxas de desemprego se mantém altas, enquanto a renda média do trabalhador cai. Porém no final do semestre a economia dá sinais de melhora, a geração de empregos em áreas metropolitanas é recorde, os gastos com investimentos sociais foram elevados e, pelo que parece, as contas estão em dia.

A campanha promete ser quente. Os partidos de oposição batem forte nos candidatos do governo, como a candidata à reeleição em São Paulo, Marta Suplicy.

Citam o "fracasso petista" na administração pública federal, estadual e municipal. De maneira um tanto quanto demagógica, que se faça notar. O exemplo mais crasso dessa demagogia foi a declaração de um deputado do PFL, partido de oposição, ao justificar seu voto com o governo na questão do salário mínimo.

Disse que estava acostumado a votar com o governo e que o PFL sempre defendeu salário baixo. Ou seja, uma oposição que não pensa no todo, somente no fato de "ser" oposição. Já os partidos da base do governo apostarão alto na valorização das obras realizadas durante o governo, praxe eleitoral, e tentarão vincular aos êxitos obtidos pelo governo federal nestes dois anos. Com a difícil tarefa de mostrar que o povo "não foi enganado", como propala a oposição.

Por enquanto, as pesquisas não são favoráveis ao governo. Mas a campanha só começa de fato no dia 1º de julho e até 6 (ou 27) de outubro, muita água vai rolar e muitas palavras ditas pelo ar.

Filipe BARINI PRAVDA.Ru RIO DE JANEIRO BRASIL

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