ONU ajuda Angola

Como sempre, a comunicação social na comunidade internacional espera até aparecer uma história do tipo “guerras e gafanhotos” para escrever algo sobre África. Agora é a vez de Angola estar nas primeiras páginas, não por causa da paz, não por causa do sucesso do processo de reconstrução ou por causa dos programas de vacinação, educação, aumento nas exportações… mas por causa do surto da Doença de Marburg, ou Febre Hemorrágica do Vírus de Marburg (FHVM)

Este surto iniciou no primeiro dia de Outubro, 2004 na RD Congo, tendo-se alastrado a Uige, no norte de Angola, mas a comunicação social esperou até o número de mortos estar acima dos cem (agora é 117) para dizer algo. O facto de estar contido na Província de Uige e a natureza horrífica dos sintomas fazem que é mais mediático que, por exemplo, o número de pessoas em países europeus com o mesmo tamanho que Uige que morreram de enfartes cardíacos – um número bem superior a 117.

A Doença de Marburg (FHVM) toma seu nome da cidade em Alemanha onde houve um surto em 1967, em trabalhadores de laboratórios que trabalhavam com macacos infectados (as cidades de Marburg e Frankfurt na Alemanha e Belgrado na Jugoslávia registaram 31 casos, sete fatais). Foi a primeira vez que esta doença, da mesma família que Ebola, foi identificada.

Os sintomas são febre, diarreia, vómitos, icterícia, cãibras no estômago e intestinos, dores no peito e hemorragias no intestino e pulmões. Classicamente, o doente começa com febre alta, e entre seis e oito dias depois, podem começar as hemorragias. O período de incubação é de cinco a dez dias. A taxa de mortalidade desta doença é entre 25 e 80%, maior quando há ausência de gestão.

Não há vacinas nem medicamentos curativos, o tratamento sendo baseado em hidratar o doente e compensar a perda de sangue.

A doença não se apanha por via aérea – tem de haver contacto directo com os fluidos corporais da vítima, ou por relações sexuais, ou por contacto com sangue e suor. Muitos casos são apanhados através do hábito de colocar a mão no corpo duma vítima. O vírus pode sobreviver por alguns dias fora do corpo humano, por isso, também pode ser apanhado através de contacto com objectos que contêm o vírus.

Relatórios em alguns jornais que o surto poderá ser gripe das aves são impossíveis de classificar como jornalismo. FHVM foi confirmado há bastante tempo pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Dos 124 casos registados até hoje, 117 foram fatais, 75% destes sendo em crianças com menos de cinco anos de idade. Trabalhadores da OMS treinaram 600 pessoas do Ministério de Saúde de Angola, que estão trabalhando no campo em Uige, informando a população de acções de prevenção e dizendo às pessoas com febre de irem a um hospital ou centro de saúde para verificar se é a FHVM ou não.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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