Brasil: Poucas esperanças

Durante recente palestra em São Paulo, Fernando Haddad, visto como o provável candidato do PT nas próximas eleições, caso se efetive o impedimento de Lula por uma medida discricionária da Justiça, fez uma previsão bem realista do que poderá acontecer em 2018.

Disse Haddad, que tudo se encaminha para uma disputa final entre um candidato da Direita contra um candidato da Extrema Direita, restando a uma fragmentada força de esquerda ajudar a eleger o menos pior, no caso o candidato da Direita

Com a sua confirmação pelo voto, esse candidato poderia desenvolver o atual projeto de governo - neoliberal, antipopular e entreguista - livre da pecha de ter chegado ao poder através de um golpe de estado, urdido pela conjugação de interesses do imperialismo, do grande empresariado e da mídia, e operacionalizado pelo parlamento e o judiciário.

Enquanto a esquerda não tem nenhum projeto, a não ser a esperança de um improvável retorno de Lula e suas políticas sociais, a Extrema Direita já tem uma cara para se apresentar em 2018, o deputado Bolsonaro e a Direita deve escolher um nome, que esteja, pelo menos até agora, livre de denúncias de corrupção. Hoje, o mais provável é que seja o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, definido muito bem por José Simão como o "picolé de chuchu", ou seja, alguém que não desperte nem grandes amores, nem grandes ódios.

A situação prevista por Haddad, de certa forma, foi antecipada por Michel Hoeullebeck, em seu romance Submissão (Soumission), quando ele descreve como seria uma eleição presidencial francesa em 2022.

A esquerda, fragmentada e derrotada no primeiro turno, precisa decidir se apoiará no segundo turno um hipotético candidato da Fraternidade Muçulmana,  Mohammed  Ben Abbes, para derrotar a candidata da Frente Nacional, a real Marine Le Pen, ou se vai se abster.

Para evitar o que imagina ser um mal maior, a esquerda vai apoiar Bem Abbes, visto como conciliador e não radical, mas os fatos vão mostrar logo a seguir, com a sua vitória, que um processo de islamização das instituições francesas começa, atingindo todas as áreas da sociedade

Na visão de Houellebeck, o ataque à democracia se dará pela sua submissão a uma religião, enquanto o Brasil, esse processo visa consolidar as políticas neoliberais postas em prática com a chegada de Temer e sua turma ao poder.

Faltando um ano para as eleições ainda há tempo para que as forças de esquerda se organizem e ofereçam um projeto alternativo ao que está sendo proposto até agora, embora os sinais existentes não tragam grandes esperanças que isso possa acontecer.

Marino Boeira é jornalista,formado em História pela UFRGS

 

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