Leopardos estão em Locarno

Neste sábado, os júris das diversas mostras do Festival Internacional de Cinema de Locarno revelam seus escolhidos e à noite haverá a distribuição dos Leopardos. É sempre difícil se prever os vencedores em Locarno, principalmente na competição internacional.

Porém, o Festival de Locarno é mais que um lugar de competição entre filmes, para os críticos e para o público é a possibilidade anual de frequentar dez dias de um curso intensivo de antropologia, onde os filmes mostram povos, costumes, tradições maneiras de viver e de pensar de países emergentes. E as tendências atuais de diretores e produtores do cinema independente.

Por Rui Martins, de Locarno

Mesmo o telão dos 300m2, na Piazza Grande, mais voltado para o entretenimento e para o grande público não escapa dessa mostra mundial etnográfica. Este ano tivemos gangsters indianos e de Taiwan espalhando o terror virtual pela praça, mas havia lugar para reflexão com a busca do nazista Adolf Eichmann ou com os jovens da favela paulista de Heliópolis transformados em músicos de orquestra.

Da mostra deste ano, para citar só alguns, tivemos, logo no início, o filme La Belle Saison, mostrando o homossexualismo feminino nos anos 70, e em contraponto, o filme iraniano Paraíso, no qual o destaque é para a mulher dentro da sociedade iraniana, ainda longe das conquistas das mulheres ocidentais em questão de liberdade e de igualdade com os homens.

O filme mexicano Te Prometo Anarquia retrata um segmento da juventude do país, entre skates, droga, trafico de sangue e desaparecimento de pessoas. Por sua vez, o filme alemão O Estado contra Fritz Bauerrevelou, com base em novos documentos, uma pista pouco conhecida e mesmo recente sobre o criminoso de guerra nazista Adolf Eichman, sequestrado pelo Mossad em Buenos Aires, alguns anos depois do fim da Segunda Guerra.

Na competição dos jovens cineastas, uma coprodução brasileira-dinamarquesa  Olmo e a Gaivota, filmou as limitações às quais a mulher é submetida ao se tornar grávida, seja ao nível do próprio corpo onde se desenvolve outro ser, ou nas relações de trabalho, principalmente quando se trata de uma atriz. Mais restritivas são as exigências religiosas e seus ritos como demonstra o filme israelense Tikkun, com seu personagem principal hassidim.

Pode-se também fazer comédia com coisa séria, como no filme
Guibord s´en va em Guerre, onde um hipotético primeiro-ministro canadense quer colocar o país em guerra, para desenvolver a economia e atacar os que ameaçam a sociedade ocidental, numa espécie de vocação para imitar os presidentes americanos Bush. A Suíça também entrou na onda dos filmes de catástrofes comHeimatland sobre nuvens que ameaçam o país e o suíços impedidos pela União Européia, de sair de suas fronteiras.

Rui Martins está em Locarno, convidado pelo Festival.

 

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