Assessor de Lula diz que Brasil não é ONG para tratar com dissidentes

Em entrevista coletiva a jornalistas em São Paulo, o assessor especial da Presidência da República do Brasil, Marco Aurélio Garcia, foi enfático ao dizer que "o governo brasileiro não é uma ONG” para se relacionar com os dissidentes do regime cubano de Fidel Castro.

As declarações foram uma espécie de resposta aos questionamentos sobre os motivos que levaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a não abordar publicamente a questão dos direitos humanos durante sua visita a Cuba, no último dia 24 de fevereiro.

O presidente brasileiro havia chegado à ilha de Cuba poucas horas depois da divulgação da morte do preso político Orlando Zapata Tamoyo, de 43 anos, morto em greve de fome dia 23 de fevereiro último, e não quis comentar o assunto.

Lula limitou a dizer que não havia recebido a carta de dissidentes políticos cubanos que pedem a atenção de Lula aos casos de presos políticos em Cuba.

"Nós nos relacionamos com o governo de Cuba, com o governo da Colômbia... não nos relacionamos com dissidentes nem em Cuba nem em outros lugares. O governo brasileiro não é uma ONG, encara a questão de maneira responsável, e essa forma de tratamento tem ônus e tem bônus", disse Marco Aurélio Garcia.

Garcia ainda minimizou as declarações que o presidente Lula deu à agência de notícias Associated Press, quando afirmou que a greve de fome "não pode ser usada como um pretexto de direitos humanos para libertar as pessoas".

Ainda na mesma oportunidade, o presidente do Brasil disse que respeita “a determinação da Justiça e do governo cubano de deter pessoas", declaração que provocou enorme polêmica e criticada por entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que as classificou como "despropositadas".

Para o assessor especial da Presidência da República do Brasil, o comentário do presidente Lula foi "lateral" e "não reflete de maneira nenhuma a posição que o Brasil tem em relação a Cuba e aos direitos humanos".

Marco Aurélio Garcia disse também que entende que “os jornais tenham aproveitado isso para fazer ilações que não têm nenhuma procedência". Para ele, o Brasil procura tratar a questão dos direitos humanos em Cuba com "discrição" e qualquer manifestação pública a respeito seria "inócua e contraproducente".

"A questão é complicada e aqueles que querem dialogar com os cubanos na base de exigências quebram a cara. As negociações devem ser feitas em outras bases, de caráter discreto", concluiu Garcia.

ANTONIO CARLOS LACERDA

PRAVDA Ru BRASIL

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