Cineasta indígena retrata o trabalho das mulheres Yarang para reflorestar o Xingu

Cineasta indígena retrata o trabalho das mulheres Yarang para reflorestar o Xingu

Yarang Mamin, filme de Kamatxi Ikpeng, mostra o dia a dia do Movimento das Mulheres Yarang, que já resultou em mais de 1 milhão de árvores plantadas nas bacias do Rio Xingu e Araguaia (MT)

 


Uma iniciativa inspiradora, um movimento de mulheres inspiradoras. Yarang Mamin, terceiro filme do cineasta indígena Kamatxi Ikpeng, é um mergulho no dia a dia das mulheres do povo Ikpeng que coletam sementes nativas no Território Indígena do Xingu (MT).

"O nosso nome Yarang vem da formiga cortadeira porque elas andam juntas, uma atrás da outra, cada uma com sua semente ou folha nas costas. Quando a gente trabalha faz igual", explicou Magaró Ikpeng.

O trabalho de Magaró e do Movimento das Mulheres Yarang, que existe há 10 anos e faz parte da Associação Rede de Sementes do Xingu (ARSX), é um respiro em meio à devastação que corrói o que resta de floresta.

Existem mais de 22.500 nascentes nas cabeceiras do Rio Xingu. Aproximadamente 150 mil hectares de matas de beira de rio estão degradados. Ao longo de uma década, o Movimento das Mulheres Yarang coletou 3,2 toneladas de sementes florestais para o plantio de cerca de 1 milhão de árvores.

Os desejos, conquistas e cantos de união das mulheres estão presentes no média-metragem de Kamatxi produzido pela Associação Rede de Sementes do Xingu e pela Associação Indígena Moygu Comunidade Ikpeng, e realizado pelo Instituto Socioambiental em parceria com o Instituto Catitu.

"Meu filho, eu gosto muito do trabalho que faço, sabe por quê? Porque está fazendo com que a mata volte, as matas que ficam nas margens dos rio também", contou Makawa Ikpeng.

Assista ao filme!

Sobre Kamatxi Ikpeng

Kamatxi nasceu em 1988 na aldeia Moygu, no Parque Indígena do Xingu. Quando menino, foi personagem do documentário Marangmotxingmo Mïrang (Das Crianças Ikpeng para o Mundo) de Karané, Kumaré e Natuyu, uma vídeo-carta em que quatro crianças ikpeng mostram seu dia-a-dia em resposta às crianças da Sierra Maestra em Cuba.

Naquela época Kamatxi nem sonhava em trabalhar com filmes mas, curioso e encantado com o trabalho dos cineastas indígenas, acabou por se interessar em fazer câmera. Em 2008, pediu para Karané ensiná-lo e começou suas primeiras filmagens gravando festas, acontecimentos e rituais do seu povo.
Kamatxi Ikpeng apresenta Yarang Mamin na aldeia Moygu, Território Indígena do Xingu
Com a criação da Mawo - Casa de Cultura Ikpeng no mesmo ano, Kamatxi integra a equipe de audiovisual e e se torna cineasta. Dali em diante não parou mais. Trabalhou como co-realizador e câmera do documentário Tximna Yukunang Som (Gravando Som) , e como técnico de áudio na gravação do Yumpuno Eremrï (Cantos do Yumpuno), vídeo e CD sobre o ritual de tatuagem que faz parte da iniciação das crianças ikpeng.

Em 2014 participa da equipe de filmagem e de edição do documentário sobre a criação da Mawo, o documentário Projeto Mawo - Casa de Cultura Ikpeng, sobre a experiência de criar na comunidade um centro de documentação e de produção audiovisual sobre a cultura do seu povo.

Em 2019 Kamatxi recebe uma bolsa para participar de uma oficina de formação audiovisual em Cuba, na Tv Serrana, em plena Sierra Maestra, lá mesmo onde foi feita a vídeo-carta que suscitou o filme-resposta ikpeng do qual foi um dos personagens. Lá realiza o documentário El Regalo de mi Abuelo. Yarang Mamin é seu terceiro filme como diretor.

Kamatxi é casado com Reko e tem quatro filhos, Pirete, Panpo, Aprakpe e Yamulauwa.

Para saber mais sobre o povo Ikpeng visite o site dos Ikpeng.

Ficha técnica:
Título: Yarang Mamin: movimento das mulheres Yarang
Direção: Kamatxi Ikpeng
Ano de produção: 2019
Duração: 21 minutos
Gênero: Documentário
País de origem: Brasil

Sinopse
No Território Indígena do Xingu, em Mato Grosso, o cineasta indígena Kamatxi Ikpeng documentou a história de um grupo de mulheres de seu povo, o povo Ikpeng, que formou um movimento para coletar sementes florestais e restaurar as nascentes do Rio Xingu, que passa por suas aldeias. Com imagens do dia a dia do trabalho do Movimento das Mulheres Yarang, o média-metragem apresenta os desejos e conquistas do grupo, que já ajudou a plantar cerca de 1 milhão de árvores que formarão as florestas do futuro.

Ficha completa:
Depoimentos: Magaro Ikpeng, Ayaneku Ikpeng, Irïwa Ikpeng, Oreme Ikpeng, Kore Ikpeng, Makawa Ikpeng

Imagem e som: Kamatxi Ikpeng, Kuyatapu Ikpeng, Kamirita Ikpeng, Yapo Txicão, Sapia Ikpeng, Kujaesage Kaiabi, Kyrifuku Kaiabi, Natuyu Ikpeng, Powita Nawuta Txicão, Fábio Nascimento e Otávio Almeida

Imagens aéreas: Adryan Nascimento e Kamatxi Ikpeng

Edição: Kamatxi Ikpeng e Mari Corrêa

Edição de áudio e mixagem: Hélio Rimaud

Design e Animação: Datadot Estúdio

Tradução: Oreme Ikpeng

Produção e realização: Associação Rede de Sementes do Xingu, Associação Indígena Moygu Comunidade Ikpeng, Associação Terra Indígena do Xingu, Instituto Socioambiental e Instituto Catitu

Produção local: Dannyel Sá e Oreme Ikpeng

Com a participação de: Mawo - Casa de Cultura Ikpeng

Apoio: EDF, União Europeia, Instituto Bacuri

Agradecimentos: Associação Indígena Moygu Comunidade Ikpeng, Movimento das Mulheres Yarang, Associação Rede de Sementes do Xingu.

Roberto Almeida

ISA

https://www.socioambiental.org/pt-br/noticias-socioambientais/cineasta-indigena-retrata-o-trabalho-das-mulheres-yarang-para-reflorestar-o-xingu

  

  

  

 

Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter

Author`s name Pravda.Ru Jornal
X