Velho, sim. Velhaco; não!

A frase acima é atribuída a Ulisses Guimarães, respondendo a uma interpelação descortês de algum descamisado travestido de político. Bom, a palavra senado deriva de sênior, senhor; ou seja, o Senado Federal deveria ser a casa da sabedoria, da experiência, uma instituição do andar superior, capaz de ponderar e analisar as decisões tomadas pela Câmara dos Deputados. Algo mais nobre, fruto do exercício de homens que se dedicaram às causas pátrias, dos que são mais velhos, vividos, que estão acima dos erros e equívocos da juventude, das vaidades vis, da complacência servil. Assim deveria ser o Senado brasileiro: sênior, sim. Senil; não!

Agora ele está aí, nu, despido, com seu queixo caído, olhar entristecido, com suas bancadas sujas pelas migalhas caídas das mãos emporcalhadas de um governo que privatizou o patrimônio público para usá-lo como moeda de troca para a realização de políticas espúrias, essas que dilapidam a nação com seus mensalões do voto e ideológicos. Dos vários latifúndios erguidos em nosso alquebrado Senado, Sir Sarney demarca a capitania hereditária do Maranhão estendendo a sua cerca até as bandas do Amapá, tendo como vizinha a capitania da Bahia. Um equívoco histórico que perpassa gerações e transpassa nossa constrangida compreensão.

Passaram a lábia no cansado Senado e lhe tomaram telefones para viagens para longe daqui, ajeitaram gorjetas para neo-vedetes, convescotes para nababescas campanhas, entre tantas outras manhas e artimanhas. A conta, o Senado, com suas vistas casadas, mal enxerga e para lhe evitar o constrangimento da ajuda exterior e dos transtornos, paga tudo calado, para não fazer alarde e não tirá-lo da hibernação ideológica.

Limbo de ex-governadores, nosso Senado não merecia esse tratamento, essa tradição que arrasta pelo chão frio do Planalto Central o manto esfarrapado da sabedoria que poderia transmutar-se nas vestes da libertação. Pena! Eles respeitam nada; nem tu, Senado, nem tu!

Sem homens e sem instituições, o Brasil vai ficando gagá, vendo nada, sabendo de nada, tendo os olhos vedados para as injustiças, corrupções, indicações, abrigando toda sorte de velhacos no eterno palácio dos vários bobos da corte de sabujos e larápios. Pátria de mil pedaços, terra de milhões de ingratos.

No fundo no fundo, o nosso Senado é apenas uma triste paródia de nossa lamentável vida diária, o mofo de nossos ideais!

Petrônio Souza Gonçalves é jornalista e escritor

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