Cebrapaz lança Proposta de Resolução Política de sua 5ª Assembleia Nacional

Cebrapaz lança Proposta de Resolução Política de sua 5ª Assembleia Nacional

1 - Cebrapaz - Herdeiro e continuador da luta dos brasileiros pela paz mundial

O Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) faz parte e é fruto do tradicional movimento pela paz, que ganhou grande impulso no Brasil a partir do início da década de 1950, quando da fundação, em Paris, do Conselho Mundial da Paz (CMP).

Na ocasião, a preparação do Congresso Continental pela Paz na Cidade do México, que aconteceu de 5 a 10 de setembro de 1949, como parte do processo de construção do Congresso de fundação do CMP, exigiu dos ativistas pela paz no Brasil uma grande dose de ousadia e coragem.

Milhares de pessoas tomaram parte na mobilização: operários, camponeses, estudantes, intelectuais. Foram realizados congressos regionais em Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre.

A mobilização para o Congresso Continental desencadeou brutal repressão do Governo Dutra, umbilicalmente ligado ao imperialismo estadunidense.

Foram assassinados Vicente Malvoni (operário), Jaime Calado (jornalista) José França (trabalhador rural). Centenas de pessoas foram presas, espancadas e torturadas.

Apesar da feroz perseguição policial e da intensa atividade desenvolvida pelo Departamento de Estado dos EUA no sentido de impedir a reunião, a mobilização brasileira foi exitosa e a realização do Congresso Continental pela Paz foi coroada de êxito, reunindo nomes importantes, como Candido Portinari, Charles Chaplin, Thomas Mann, Pablo Neruda, Pedro Pomar, entre outros.

A bandeira da paz é, assim, parte integrante da tradição de luta do povo brasileiro.

No Brasil, a entidade que representava o CMP era o Condepaz (Conselho Brasileiro de Defesa da Paz) que encerrou suas atividades nos anos 90.

Ocorreu então um hiato - não na luta, mas em sua expressão orgânica - que durou até a invasão do Iraque pelos Estados Unidos e a Grã-Bretanha em 2003. A agressão, feita sob falsos pretextos e violando o direito internacional, afrontou a consciência democrática dos povos e fez surgir, por todo o mundo, uma grande onda de protestos em defesa da paz e contra o imperialismo. É neste contexto que o Cebrapaz é fundado, em 10 de dezembro de 2004, como uma entidade da sociedade civil, plural, democrática, patriótica, solidária e humanista, que defende a paz mundial, com justiça, progresso social, distribuição de renda e de riqueza, democracia, soberania nacional e desenvolvimento.

No próximo dia 10 de dezembro completaremos 15 anos de atuação. Neste período o Cebrapaz participou, promoveu, impulsionou e organizou diversas ações, seminários, campanhas e missões de solidariedade a vários países para contribuir no fortalecimento da luta pela paz e pela soberania dos povos.

Em 2008 a então presidenta e fundadora do Cebrapaz, companheira Socorro Gomes, foi eleita presidenta do Conselho Mundial da Paz, que hoje tem sede em Atenas, na Grécia.

Em novembro de 2016, no Maranhão, o Cebrapaz realizou sua 4a Assembleia Nacional, e renovou sua direção, assumindo a presidência da entidade o camarada Antonio Barreto, o Barretinho, militante com larga trajetória e experiência na militância da solidariedade internacional.

O Cebrapaz também foi o anfitrião, no mesmo mês e local, da Assembleia Mundial da Paz, que reelegeu Socorro Gomes para a presidência do CMP.

Por ocasião da 5a Assembleia Nacional do Cebrapaz, conclamamos todos a um grande esforço de mobilização para fortalecer nossa entidade.

Fortalecer o Cebrapaz é reforçar a luta anti-imperialista. É reforçar a atividade internacionalista consequente.

Temos ao nosso lado milhões de homens e mulheres que, ao redor do globo, na Venezuela, na Bolívia, em Cuba, na Palestina, na China, na Coreia Popular, no Irã, no Vietnã, no Saara Ocidental e em muitos outros países, persistem na defesa de relações internacionais baseadas na busca pela solução pacífica das controvérsias e no respeito à autodeterminação das nações. Esses milhões de homens e mulheres, vítimas do imperialismo cruel e sanguinário, sempre encontraram no Cebrapaz um aliado firme e constante.

Em 2019 comemoramos 70 anos da realização do Congresso Continental da Paz no México. Que a memória dos mártires Vicente Malvoni, Jaime Calado e José França nos incentive a continuar construindo dia a dia a cultura da solidariedade e da paz, rumo a um mundo livre das guerras e da exploração.

  

2- IMPERIALISMO REDOBRA A AGRESSIVIDADE E ADOTA NOVOS MÉTODOS

  

2.1 - Guerra híbrida

Atualmente o Império Estadunidense tem potencializado seus meios de intervenção em assuntos domésticos, fazendo jus ao conceito de guerra híbrida. A bem da verdade, as intervenções militares diretas, golpes, sanções e desestabilizações promovidas por Washington ao longo do século XX já combinavam múltiplos recursos de poder para lograr seus objetivos estratégicos - vide cerco a Cuba, golpes na América Latina e/ou guerras por procuração no Afeganistão, Nicarágua, Angola, entre outros.

Portanto, o que se vê nos dias atuais é a potencialização de políticas de 'regime change'. Ou seja, as revoluções coloridas (das Rosas na Geórgia em 2003, Laranja na Ucrânia em 2004, das Tulipas na Quirguízia em 2005), os golpes constitucionais (Honduras, Paraguai e Brasil), as guerras comerciais (China, Rússia, Venezuela), os cercos e ameaças militares (Irã, Coreia Popular, Venezuela), intervenções travestidas de retórica humanitária (Iugoslávia, Líbia) e intervenções diretas (Afeganistão, Iraque) continuam a fazer parte das múltiplas estratégias de domínio do imperialismo. A guerra híbrida é a potencialização dos meios de força, incluindo novas armas (drones) e novos meios de desestabilização política, como as mídias sociais.

 

  

  

  

2.2 - Ofensiva dos EUA contra a China e Rússia

A ofensiva dos EUA contra China e Rússia tem sido notável - obviamente pelo peso geopolítico e a capacidade destes países de contrarrestar os interesses de Washington. No caso da China, há o desencadeamento de uma Guerra Comercial, cujo alcance é, mais do que tarifário, tecnológico. O intento de desestabilizar Hong Kong (desde a "revolução dos Guarda Chuvas" de 2014); as tentativas intermitentes de promover o separatismo no Tibete e Xinjiang e o incentivo às forças independentistas em Taiwan; bem como a permanente retórica instrumentalizando uma suposta defesa dos direitos humanos que seriam violados na China.

No caso da Rússia, se combinam também diversas estratégias, incluindo a política de expansão da OTAN (tema que será desenvolvido adiante); a ambição de criar escudos antimísseis na República Tcheca e Polônia; o avanço da UE sobre países de seu entorno regional; a desestabilização de países vizinhos (Geórgia e Ucrânia); sanções econômicas e embargos comercias; assim como uma campanha russofóbica e voltada a vilanizar Vladimir Putin. Washington tem trabalhado de maneira sistemática para preservar o controle sobre as estruturas hegemônicas de poder do sistema internacional - e isso passa por criar toda sorte de constrangimentos à ascensão da China, minar a capacidade de resistência da Rússia e sabotar a parceria sino-russa.

 

2.3 - China como principal ameaça à hegemonia dos EUA

O imperialismo estadunidense, que reconhecemos como inimigo número um da paz mundial, considera que atualmente a República Popular da China é a maior ameaça à sua hegemonia, o que é explicitamente afirmado, inclusive em documentos do departamento de Estado.

Em 1954 a República Popular da China lançou seus cinco princípios de coexistência pacífica: "1º - respeito mútuo pela soberania e integridade nacional; 2º - não-agressão; 3º- não intervenção nos assuntos internos de um país por parte de outro; 4º- igualdade e benefícios recíprocos; 5º - coexistência pacífica entre Estados com sistemas sociais e ideológicos diferentes".

Com o passar do tempo, o elevado crescimento da importância e influência da China no cenário internacional colocou no proscênio as formulações de sua política externa, que foram sendo atualizadas, incorporando conceitos como a de "comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade". Em junho de 2018, Xi Jinping, presidente chinês, em discurso pronunciado na Conferência Central sobre Trabalhos Relacionados aos Assuntos Exteriores, colocou como uma das metas principais das relações exteriores da RPC: "Considerar a preservação da paz mundial e a busca do desenvolvimento comum como o propósito para promover a construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade".

Como se percebe, a China defende uma linha objetivamente antagônica à linha de hegemonismo unipolar dos EUA, antagonismo que é acentuado pela política de Donald Trump do "America First".

Estas visões opostas tendem a elevar a contradição entre China e EUA na medida em que nações com caminhos próprios de desenvolvimento busquem no fortalecimento das relações comerciais e políticas com o gigante asiático um contraponto ao tacão imperialista.

 

2.4 - O avanço da extrema-direita - um fenômeno global que ameaça a paz

A Resolução Política da 4a  Assembleia Nacional do Cebrapaz apontava, em 2016, para o aumento da agressividade do imperialismo "os EUA - e seus aliados - atuam para manter o seu domínio, a concentração de poder e impedir a democratização das relações internacionais". Com a eleição de Donald Trump, naquele mesmo ano, para a presidência dos EUA, a agressividade do imperialismo assume nitidamente tons neofascistas, antes encobertos ou camuflados.

A eleição de Trump e o crescimento das forças de extrema-direita têm explicações concretas.

O neoliberalismo, consenso entre as classes dominantes no mundo, onde foi aplicado cumpriu no essencial seu objetivo: tornar mais rico quem já era rico.

Porém, a promessa de que a "mão invisível do mercado" iria distribuir riqueza também para os trabalhadores e para a grande massa não se realizou. A concentração de riqueza em um polo e de pobreza e miséria em outro é uma realidade indisfarçável, reconhecida inclusive por economistas conservadores.

Às falsas promessas do neoliberalismo somou-se a crise do capitalismo de 2007/2008, cuja pesada conta foi jogada exclusivamente sobre os ombros já arqueados dos trabalhadores. Corte de direitos, aumento do desemprego, diminuição das aposentadorias, tornou-se um fenômeno global. Segundo o Dieese, 110 países realizaram reformas trabalhistas e previdenciárias desde 2007/2008, tendo como conteúdo em comum a redução do custo da força de trabalho e a diminuição do gasto com direitos sociais.

O resultado de tudo isso é dramático: o número de pessoas que passam fome atingiu 820 milhões em 2018, ante 811 milhões no ano anterior. É o terceiro aumento seguindo de populações com fome, segundo relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), divulgado em julho de 2019. Se ao número de pessoas famintas somarmos o de desnutridos, estima-se que a cifra alcance 2 bilhões de seres humanos.

O povo, exaurido, desesperançado da democracia e da "política", que não resolvem seus problemas, ficou suscetível ao discurso demagógico das promessas de "ordem" e das soluções simplistas apresentadas pelos neofascistas. Na Europa, a culpa de quase tudo era dos imigrantes e na América Latina da "corrupção".

No "velho continente" a extrema-direita atualmente governa, sozinha ou em coligação, nove países: Polônia, Hungria, República Checa, Itália, Áustria, Finlândia, Letônia, Eslováquia e Bulgária. Representantes neofascistas estão presentes em todos os parlamentos europeus com exceção apenas de Irlanda, Luxemburgo e Malta. Na Espanha, a eleição realizada no dia 10/11/2019, em que pese a vitória do PSOE (centro-esquerda) elevou a extrema-direita ao posto de terceira força nacional, passando de 24 para 52 parlamentares.

Na América Latina, o Brasil, país mais importante da região, é governado pelo neofascista Bolsonaro. A extrema-direita também governa a Colômbia e está envolvida, com maior ou menor protagonismo, em todos os processos de desestabilizações de governos progressistas na região.

O violento golpe da Bolívia em novembro de 2019 teve como um de seus protagonistas personagens de extrema-direita, que atacaram prédios públicos, incendiaram casas e adotaram táticas abertamente terroristas com o respaldo e apoio da chamada "direita tradicional" e da mídia comercial nativa.

O que fica patente é que o ascenso da extrema-direita no mundo é funcional e útil ao imperialismo que encontra neste veio a expressão mais adequada para uma estratégia voltada a sufocar, no plano geopolítico, a emergência de novos atores como a China e a Rússia, ao mesmo tempo em que, nos países dominados, garante a implementação de políticas econômicas entreguistas, que facilitam o saque de riquezas e a acumulação de capital no países centrais do imperialismo.

A extrema-direita fortalecida é uma aguda ameaça à paz mundial, aos direitos dos povos, e combatê-la é tarefa consentânea e inseparável do combate ao imperialismo.

 

2.5 - A máquina de guerra dos EUA/Otan

Em 2019, a OTAN completou 70 anos. Em 4 de abril de 1949, quando foi fundada, contava com 12 membros, cujo propósito era deter o avanço do comunismo, enfrentando a União Soviética. Para isso, autodenominou-se um pacto defensivo, embora sua estratégia seja claramente ofensiva. Em exponencial expansão, a OTAN engloba já 29 membros. Desde o fim da União Soviética, esta expansão tem rumo certo: a vizinhança da Rússia, angariando adesões de ex-membros do Tratado de Amizade, Cooperação e Assistência Mútua - o Pacto de Varsóvia de 1955 entre a União Soviética e sete países da região. A projeção da OTAN a Leste não se dá só pela formalização da adesão destes países; acarreta a disseminação de bases militares e o destacamento de centenas de milhares de tropas, navios, tanques, submarinos e armamentos, inclusive nucleares, além da frequente realização de manobras de guerra.

Entretanto, a Aliança Atlântica criou outras modalidades de parceria que mais se assemelham à terceirização do seu projeto agressivo a Estados não-membros, garantindo assim a sua projeção a todo o planeta. Mais de 40 países não-membros participam de programas como o "Parceria pela Paz", o "Diálogo do Mediterrâneo", a "Iniciativa de Cooperação de Istambul" e o "Parceiros pelo Mundo", que inclui Estados extrarregionais - não europeus nem norte-americanos. Foi nesta última categoria que, em 2017, a Colômbia, que já funcionava como uma grande plataforma militar dos Estados Unidos, com pelo menos 10 bases instaladas, foi incluída; o primeiro país latino-americano a formalizar assim seus serviços ao imperialismo.

Para justificar a expansão e a própria sobrevivência da aliança no chamado pós-Guerra Fria, as sucessivas revisões do "Conceito Estratégico" da OTAN evidenciam seu intento, recorrendo a pareceres inventados para justificar intervenções militares pelas potências imperialistas. São exemplos as "intervenções humanitárias", a "responsabilidade de proteger" e até a "segurança humana", pretextos reiteradamente usados para explicar agressões a nações soberanas, cujo real objetivo é a mudança de regimes, em evidente violação do direito internacional e dos princípios da Carta das Nações Unidas de não-ingerência nos assuntos internos dos países e de respeito à soberania nacional e à autodeterminação dos povos.

Segundo sua página na internet, a OTAN tem hoje esparramados pelo mundo cerca de 20 mil militares, nas chamadas "missões" que mantém no Afeganistão, na província sérvia de Kosovo e no Mediterrâneo, além de supostas cooperações com a União Africana, com estados bálticos, o Iraque, entre outros. Mas é preciso ter claro: a OTAN é uma "máquina de guerra imperialista" e não o pacto defensivo que seus líderes alegam, como tem denunciado o Conselho Mundial da Paz (CMP), do qual o CEBRAPAZ é membro. Sua atuação na ex-Iugoslávia, com 78 dias de bombardeios em 1999, nas duradouras guerras e ocupações do Afeganistão e do Iraque e na ofensiva contra a Líbia, em 2011, que provocou a desintegração de um dos países africanos mais prósperos até então, são algumas amostras. Para a América Latina e o Caribe, a ameaça também é real.

O CEBRAPAZ compromete-se e participa ativamente da campanha "Sim à Paz! Não à OTAN" do Conselho Mundial da Paz (CMP), pela dissolução deste bloco anacrônico e ofensivo e, enquanto isso não acontece, a retirada de países membros, conforme demandam seus cidadãos.

 

2.6 - Indústria bélica e a economia mundial

Desde a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos - fortalecidos sobretudo, mas não só, por investir no fornecimento de armamentos - consolidaram sua posição como principal país imperialista do mundo, edificando o que se tornou uma verdadeira "economia de guerra". Findo o conflito, muitas de suas indústrias mantiveram-se no ramo bélico, engajando-se no aquecimento do setor. Os EUA são hoje o maior exportador de armas.

A incerteza sobre a paz formal estabelecida fez com que muitos países destinassem grande parte de seus PIBs à Defesa, tendência agravada no período da Guerra Fria, com uma gravíssima corrida armamentista que desperdiçou recursos cruciais para a melhoria das condições de vida dos povos. Já com o desmantelamento da União Soviética, a tecnologia e a indústria bélica alastraram-se através da pulverização de seu arsenal e a abertura de novos mercados.

A guerra tornou-se em si um dos maiores empreendimentos capitalistas. Mesmo nos tempos de suposta paz formal, a indústria bélica avançou expressivamente através do aumento dos gastos militares de cada país. As guerras imperialistas na periferia dos chamados "países centrais", onde a paz foi deveras efêmera ou inexistente para os povos, serviram de estímulo à demanda armamentista e de testes de novas estratégicas e tecnologias militares.

Atualmente as potências modernizam seus arsenais nucleares e aumentam o alcance de seus mísseis balísticos, embora aleguem reduzir seus arsenais. Esta tendência agravou-se, em 2018, com a retirada unilateral dos EUA do acordo sobre o programa nuclear do Irã e do Tratado sobre Forças Nucleares de Alcance Intermédio.

Enquanto quase dois bilhões de pessoas passam fome ou estão desnutridas e aumenta o número de pessoas obrigadas a se deslocar ou buscar refúgio em outros países em consequência da guerra, em 2018 o gasto militar mundial foi de 1,8 trilhão de dólares, ou 2,1% do PIB do planeta, segundo o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI). Isso representa um incremento de 2,6% em relação a 2017 e 5,4% em relação a 2009.  Em 2017, os membros da OTAN gastaram USD 900 bilhões no setor militar, equivalente a 52% do gasto mundial de USD 1,739 trilhão. Apenas os EUA gastaram cerca de USD 649 bilhões em 2018 - primeiro aumento em sete anos, o que equivale a 36% do gasto mundial e 2,6 vezes o segundo maior gasto, o da China, ainda segundo o SIPRI.

Em 2014, os membros da OTAN assumiram o compromisso de dedicar no mínimo 2% dos seus PIBs ao setor militar. Insatisfeito pelo não cumprimento de tão disparatada meta por alguns países, em 2018, o presidente dos EUA Donald Trump ainda propôs dobrá-la para 4% dos PIBs nacionais, enquanto os efeitos da crise econômica e financeira internacional continuam devastadores e as catastróficas consequências da beligerância atingem os povos de todo o mundo.

Destaca-se assim quão entranhado o complexo industrial-militar está nos regimes políticos das potências imperialistas, nomeadamente, a dos Estados Unidos. Esta é uma simbiose antidemocrática entre as grandes companhias bélicas e o poder tão patente no Congresso estadunidense - através de um lobby mais, ou menos, escancarado, aquecendo os motores de uma política externa ofensiva - e nos negócios ofertados pela máquina de guerra que é a OTAN.

 

2.7 - Bases militares dos EUA/OTAN representam ameaça à paz e às soberanias dos povos

As bases militares são instrumentos estratégicos na política ofensiva e de controle completo, pelas potências imperialistas, sobre o planeta, mas seu posicionamento, operação, composição e funções são frequentemente mantidos em segredo, complicando a estimativa e obscurecendo a perspectiva sobre essas ameaças aos povos e à soberania das nações.

Como afirmamos na Resolução da Assembleia Nacional do CEBRAPAZ de 2016, superando a administração indireta ou direta através do colonialismo - com algumas exceções persistentes, como a Palestina, o Saara Ocidental e Porto Rico - hoje as potências preferem dominar os países através da subordinação econômica, política e militar. Das cerca de mil bases militares estrangeiras esparramadas pelo mundo - estimativa que varia consoante as classificações enganosas de cada instalação - mais de 800 são dos Estados Unidos.

Os EUA aumentaram sua presença militar após os atentados de 11 de setembro de 2001, sob o pretexto do "combate ao terrorismo". Mas a disposição de suas bases e tropas demonstra que seus verdadeiros objetivos são o domínio das fontes de energia fóssil e outros recursos estratégicos, o controle das rotas marítimas e terrestres e a ampliação de suas áreas de influência. Além das suas mais de 800 bases militares, os Estados Unidos buscam dominar os mares e oceanos com sete frotas navais e controlar o espaço sideral e cibernético através de uma infinidade de satélites, aviões espiões, estações rastreadoras e de escuta e redes comunicacionais.

No Oriente Médio, além de sustentar o Estado gendarme israelense com quase quatro bilhões de dólares anuais apenas para o seu setor militar, os EUA mantêm mais de 20 mil soldados nos Emirados Árabes, Omã, Iêmen, Catar, Kuwait e Bahrain, bases militares na Arábia Saudita e outros 15 a 20 mil soldados em navios de guerra. Além disso, de bases militares como a britânica no Chipre, por ser instalação de um membro da OTAN, as potências imperialistas podem lançar ofensivas contra a Síria e os EUA podem ampliar sua presença militar em mais este país de localização estratégica.

A base militar de Diego Garcia, no coração do Oceano Índico, usada pelos EUA e a Grã-Bretanha, abriga quatro mil soldados, além de modernos caças e super bombardeiros, controlando toda a região do Índico. No Cáucaso e na Ásia Central, suas bases militares no Paquistão, Afeganistão, Iraque, Geórgia, Azerbaijão, Uzbequistão, Tajiquistão, Quirguistão e Cazaquistão, além de controlarem o Mar Cáspio e seus subsolos ricos em petróleo, cercam a Rússia pelo Sul e a China pelo Oeste.

As bases no Japão, com mais de 60 mil soldados, Coreia do Sul, com 37 mil soldados, Filipinas, Austrália e Nova Zelândia, asseguram o controle do Pacífico e do "Mar Meridional", ameaçando diretamente a China, a Rússia e a Coreia Popular.

Na África, estimativas da presença militar estadunidense são duvidosas, mas revelações recentes mostram que esta presença é maior do que o que se informava. Os EUA mantêm o Comando África (AFRICOM) a postos e o número concreto de bases e operativos militares no continente em segredo. Mas informações recentemente divulgadas revelam instalações militares estadunidenses em locais não declarados como Líbia, Níger e Somália; mais de 30 instalações foram identificadas no continente, sobretudo no norte e oeste, assim como no Corno de África. Os EUA também estão presentes no Egito, Eritreia, Etiópia e Djibouti, onde mantêm o maior complexo de lançamento de drones, usados na Somália e na ofensiva contra o Iêmen, cujo número de civis mortos aumenta exponencialmente e traz novas acusações de crimes de guerra cometidos pela Arábia Saudita diretamente e os EUA, indiretamente.

Na Europa, com mais de 200 bases, 100 mil soldados e 400 ogivas atômicas, as principais bases estadunidenses e da OTAN estão na Alemanha, Reino Unido, Espanha, Itália, Portugal, Luxemburgo, Holanda, Bélgica, Islândia, Dinamarca, Noruega, Grécia, Albânia, Kosovo, Hungria e Turquia, ameaçando a Rússia pelo Oeste.

Na América Latina e Caribe, os EUA intervêm política, econômica e militarmente na América Latina e Caribe em uma constante reinterpretação da Doutrina Monroe, do século XIX, considerando-se o soberano sobre todo o continente. Militarmente, o faz através de parcerias regionais e programas diversos, a vigilância constante, a reativação da Quarta Frota da Marinha em 2008, que patrulha nossos mares, entre outras táticas. Merece destaque a instalação de bases militares por quase toda a região.

Hoje já somam cerca de 80 bases militares estrangeiras, sobretudo estadunidenses, mas também britânicas e francesas, além de outras instalações que têm o mesmo fim. EUA e OTAN mantêm bases em Curaçau, Guadalupe, Aruba, Belize, Barbados, Martinica, República Dominicana, Porto Rico, Haiti, Cuba (Guantánamo), México, Honduras, El Salvador, Costa Rica, Panamá, Colômbia, Guiana Francesa, Suriname, Peru, Paraguai (Tríplice Fronteira), Argentina (Ilhas Malvinas, ocupadas pela Grã-Bretanha) e Chile.

Os países latino-americanos com mais bases militares são a Colômbia e o Peru, com cerca de 10 cada, projetando a sombra imperialista praticamente sobre toda a América do Sul.

  

2.8 - Os povos em luta (Palestina, Síria, Saara Ocidental, Coreia Popular)

Palestina

A 5a Assembleia Nacional do Cebrapaz reitera sua irrestrita e incondicional solidariedade com o povo mártir da Palestina, em sua luta heroica contra a ocupação sionista israelense, que tem acentuados traços de genocídio e limpeza étnica, neocolonialismo, agressividade e belicismo.

A posição de nossa organização baseia-se na compreensão que temos sobre a injustiça histórica perpetrada contra o povo palestino desde os tempos em que o Império Britânico emitiu a Declaração Balfour, em que se manifestava a intenção de facilitar o estabelecimento do chamado "lar nacional judeu" na Palestina, depois da concertação de acordos com o movimento sionista mundial.

E desde que, no contexto dramático da luta antifascista mundial e da vitória das forças democráticas na Segunda Grande Guerra, o Plano de Partilha da Palestina, aprovado pela nascente Organização das Nações Unidas, foi aplicado unilateralmente, em prejuízo do povo palestino, que teve seu território usurpado e nunca reconhecido o direito de criar seu Estado Nacional independente.

São transcorridos já, desde a criação do Estado sionista israelense, mais de sete décadas de martírio para o povo palestino.

Ao longo destas décadas, com a realização de guerras e ações agressivas de todo tipo, o Estado sionista se expandiu e segue adiante em sua política de extermínio do povo palestino, negando-lhe liberdade e autodeterminação nacional, por meio do veto à constituição do Estado nacional palestino

O Estado sionista desde que foi criado sobre território palestino, expandiu incessantemente o seu território, ocupando hoje 82% da Palestina original. E o fez mediante guerras, a expulsão sistemática dos palestinos das suas terras, operações de cerco e aniquilamento e um novo tipo de apartheid, com o muro de separação entre Jerusalém e a Cisjordânia, onde cresce o número de colônias declaradas ilegais pela própria ONU.

A ocupação de Israel na Palestina tem caráter terrorista, é marcada pela execução de crimes de guerra. A usurpação de territórios, a sistemática instalação de colônias, a montagem de um sistema de ocupação colonial, a construção do muro de separação, a prisão de milhares de palestinos, o bloqueio - que hoje é à Faixa de Gaza mas amanhã poderá ser à Cisjordânia - são fatos a demonstrar que os palestinos se defrontam contra um inimigo que não respeita leis, nem princípios éticos, mas orienta-se exclusivamente pelo primado dos seus interesses geopolíticos em associação indissolúvel com o imperialismo estadunidense.

Ler o original e na íntegra

 

https://www.resistencia.cc/cebrapaz-lanca-proposta-de-resolucao-politica-de-sua-5a-assembleia-nacional/

 

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