Quem Venceu e Quem Perdeu na Melhor Democracia que o Dinheiro Pode Comprar

Pouco depois da metade das apurações, quando já se desenhava a vitória do candidato republicano à Casa Branca, Donald J. Trump, os grandes meios de comunicação norte-americanos, panfletários da candidata Hillary Clinton, claramente perdiam o entusiasmo: podia-se ler em meios como CNN e The New York Times, Mercados globais afundaram, moedas  se hostilizam e o ouro sobe, e Mercados em turbulência por causa da forte exibição do Republicano, respectivamente.

por Edu Montesanti

O mesmo mercado financeiro que aumentou nos últimos meses "doações" aos meios de comunicação e à própria "campanha" de Clinton estão alarmados. Os mesmos meios que ressoavam "pesquisas eleitorais" apontando a ex-secretária de Estado do atual presidente Barack Obama como vencedora com folga durante toda a "campanha presidencial", diziam-se surpresos por vitórias já consolidadas, e previsões de mais vitórias do candidato republicano especialmente nos chamados battleground states, ou estados de batalha campal (aqueles que são historicamente decisivos pelo tamanho do Colégio Eleitoral).

Se já não bastassem a profunda ausência de propostas concretas e a baixaria pessoal que marcou (na realidade, acentuou-se) nesta nesta "campanha", as "pesquisas" acabaram também se mostrando rendidas ás leis do mercado na República de Bananas, que se autodenomina "berço da democracia global". Acrescente-se também: se não bastassem as evidências históricas de que o próprio sistema eleitoral, nas últimas décadas computadorizado, é tão vendável quanto a melhor democracia que o dinheiro pode comprar em pleno Império dos aloprados.

"Trump surpreendeu o mundo!", tem sido as manchetes. Pois quem questiona a "democracia" e o "avanço" do moribundo Tio Sam evidenciados em mais este grotesco "equivoco" das "pesquisas" eleitorais"?

Quem Venceu e Quem Perdeu, Dentro e Fora do Império dos Aloprados

A gravidade da crise política norte-americana, que se atreve a enviar observadores a eleições ao redor do mundo, vai muito além do sexo oral de Monica Lewinsky ao esposo da presidenciável democrata derrotada neste dia 8 de novembro em plena Casa Branca (em hora de serviço), ou das afirmações de Trump que, a contragosto das mulheres (ainda que ilustres desconhecidas), as cumprimenta com um "toque" em suas partes mais íntimas.

A maioria dos próprios norte-americanos se diz avessa a ambos os candidatos, votando em um ou outro muito mais por apatia ao adversário. Quem é o menos nocivo no Império em decadência? Pois é.

Trump traz a seu favor disposição ao dialogo com a historicamente temida Rússia, ao invés de confronto como pretendia a rival e contrariando o terror psicológico provocado pela mídia de imbecilização das massas globais na tentativa de demonizar o presidente russo Vladimir Putin, através das velhas manipulações de sempre que ainda insistem em embaralhar a consciência dos mais desavisados.

Ao menos retoricamente, Trump também promete diminuir gastos militares do Império mais belicista e genocida da história, que retira dos investimentos sociais tais como moradia, saúde e educação para espalhar bases militares e despejar armas aos seus fantoches mundo afora, além de revisão da utilização norte-americana da OTAN a fim de intervir e guerrear internacionalmente. Tudo isso - ao menos retoricamente e o futuro aguarda confirmar ou desmentir o imprevisível magnata - em contraposição à "democrata" dos Estados Unidos da América, quem liderou a invasão à Líbia, apoiou aumento dos confrontos na Síria e, na década de 2000 como senadora, votou a favor da invasão ao Iraque, que, criminosa, sanguinária e apoderadora dos recursos naturais e das empresas locais, contrariou decisão da ONU e de todas as evidências de que Saddam Hussien não possuía bombas de destruição em massa, e que nada o ligava à Al-Qaeda como afirmavam os esquizofrênicos xerifes do planeta, tomadores de decisão de Washington.

Por outro lado, certamente venceram o racismo e do preconceito indiscriminado - evidenciado no combate à imigração, aos muçulmanos e ao próprio sexo feminino -, a violência interna através do próprio racismo contra negros,  latinos e ativistas por direitos humanos cujo apoio ao uso da repressão amentará a dose de Estado policialesco que impera no Império dos "mais ingênuos" (para dizer o mínimo). Tal conteúdo de péssimo gosto, que retrata o ódio e a histeria levados à últimas consequência na América "livre e próspera", também contraria o de Clinton - sobre esta, tampouco se sabe o quanto foi sincera dado o contexto de suas "ideias" e as próprias mudanças oportunistas em seus discursos, uma infinidade de contradições, certamente, a fim de ganhar maior eleitorado.

Trump também aposta na diminuição do Estado: promete desfazer o Obamacare (programas de saúde mais acessíveis às classes menos favorecidas); Estado que a adversária, contrariando seu próprio discurso histórico e os interesses de seus principais doadores milionários de campanha como Wall Street, colocava na agenda fortalecer.

No caso do fortalecimento da indústria bélica que leva a "política" exterior (para se utilizar dos eufemismos midiáticos para crimes internacionais) coercitivo-expansionista norte-americana, há fortes motivos para desconfiar do novo ocupante da Casa Branca: tudo isso também contraria o contexto de seu discurso e de sua personalidade.

Uma coisa parece certa: longe de ser psicopata decidido, frio e calculista como a adversária, abertamente belicista, o tão fanfarrão quanto ambíguo Trump parece ser o homem perfeito para pavimentar o caminho rumo ao declínio ainda maior da hegemonia global dos Estados Unidos - má notícia à classes dominantes locais e as elites-fantoches internacionais, comedoras de migalhas de Tio Sam.

O menos catastrófico venceu, especialmente as sociedades globais que têm sofrido histórico boicote às democracias locais como o próprio Brasil. E menos catastrófico para os próprios norte-americanos, se considerados aqueles que acreditam que o mundo não precisa da imposição da força em nome da defesa de interesses dos Estados Unidos, como dizia a própria Hillary Clinton: "Sem nós, o mundo não pode fazer nada!". 

Por isso tudo, o mais catastrófico para a tentativa de salvação da hegemonia global dos Estados Unidos pode também ter vencido neste dia 8 de novembro.  Wall Street e seus patéticos porta-vozes da grande mídia de desinformação sabem bem disso.

Edu Montesanti

edumontesanti.skyrock.com 

 

 

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