Estados Unidos: mundo dividido

Os cidadãos americanos fazem dentro do seu país o que suas Forças Armadas fazem fora: matam! É impossível uma nação ficar impune aos seus próprios pecados, há 'forças' que duelam em cada lado. Uns chamam de destino, outros, de karma, e assim fica mais amarga nossa pobre vida diária. 

Nos quatro cantos da Terra as guerras e o dedo em riste dos EUA, quase sempre dissimulado. Os antigos impérios queriam dominar os povos, explorá-los, mas não queriam destruí-los. Entendiam que a existência deles era a sua riqueza.

Ao que se constata, em décadas e décadas de guerras e histórias, eles chegam aos países em momento estratégico, sob a égide de libertadores. Pouco tempo depois, se revelam invasores. Opressores por natureza, exerceram decisivo papel nas ditaduras das Américas. Intervieram diretamente nas frágeis democracias. Na nossa, especificamente, após a aprovação e sanção presidencial da Lei de Remessas de Lucros - fruto do nacionalismo lúcido do saudoso mineiro Celso Brant - orquestraram uma silenciosa guerra à democracia brasileira, se arrastando pelos corredores imaturos e quase sombrios da recém criada capital federal.

Sua origem, sua formação como país, como nação, nos mostram que, para eles, o território e riquezas de outros países, de outros povos, são a extensão de seu poder, de seu quintal. Foi assim com o México, é assim com o Iraque, será assim no Oriente Médio dividido. A desestabilidade política, econômica e diplomática de pequenas e pobres nações é parte da vigília dos americanos, infiltrados em todo o planeta, atentos e armados, interferindo diretamente no direito natural à autodeterminação dos povos.   

Belicosos, ardilosos, eficientes e competentes, produzem o bem e o mal, em nível mundial, nos dando a exata dimensão do que é humano. A mesma nação que produz a arte e as belezas de Hollywood, produz também os mutilados do Afeganistão, os desamparados da Coréia, as mães loucas das praças que vão para casa e não podem mais esperar seus filhos. Na aura azul do planeta, paira a sombra do cogumelo atômico tatuado a ferro e fogo em nossos corações: para sempre.

Fizeram da vida na Terra quase um filme, um país de macacos, uma versão sempre atualizada de um jogo de playstation, cheia de nuances, segredos e efeitos especiais. Talvez temendo as novas mídias digitais, investem em nova modalidade: as guerras teleguiadas, imaginando menos sujo o lúgubre espetáculo. Esse é o verdadeiro vermelho na bandeira americana, o sangue das nações que tombaram frente ao seu poder, depois de um pequeno e providencial intervalo de paz. 

Os Estados Unidos assim vão, fazendo o mundo dividido, povos repartidos, ódios distribuídos, com a aquiescência de um mundo quase abduzido pelo artificial sabor da coca-cola.

 

Petrônio Souza Gonçalves é jornalista e escritor

Foto: rededemocratica.org

 

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