Je suis Charlie

JE SUIS CHARLIE

O assassinato de 12 pessoas no jornal Charlie Hebdo (Paris), entre as quais os cartunistas Georges Wolinski, Jean Cabu, Bernard Verlhac e Stéphane Charbonier, é um cruel atentado contra a liberdade de expressão, uma bárbara agressão contra a democracia.

Em princípio, os três suspeitos estariam ligados a um pseudo radicalismo islâmico, apesar desse tipo de violência contrariar totalmente os ensinamentos daquela religião.

O que está por trás disso? A quem interessa vitimizar jornalistas, suas famílias e a liberdade de pensamento?

Não é de hoje que o fascismo vem crescendo na Europa. Na Alemanha, França, Áustria, Espanha, Polônia, Ucrânia etc. a xenofobia vem aumentando, estimulada pelo neoliberalismo, responsável pela grave crise econômica que se abateu sobre o mundo e, em particular, aquele continente.

O desemprego, a pobreza, os baixos salários e o corte de direitos hoje compõem uma dura realidade que aqueles povos não imaginavam ter que voltar a enfrentar depois de séculos de guerras e opressão capitalista.

Com as migrações cada vez maiores, em grande parte de muçulmanos expulsos de seus países após a ofensiva imperialista naquela que foi chamada de Primavera Árabe, a xenofobia na Europa se acentuou, tendo como alvo principal "os terroristas do 11 de setembro", os muçulmanos, devido ao atentado contra as Torres Gêmeas e toda a propaganda belicosa que o sucedeu.

Escusos interesses compõem o cenário da barbárie do 7 de janeiro. A guerra do petróleo é um deles. O preço do barril de petróleo está na casa dos 52 dólares, causando problemas para os países produtores e para os EUA, que desenvolveram uma nova tecnologia de geração de óleo, mas com custo muito alto. Como o país ainda se debate na crise econômica, é um duro golpe a manutenção de preços tão baixos.

Esses baixos preços ainda prejudicam o Irã, cuja economia também vai mal. A grande beneficiária é a Arábia Saudita, maior produtora mundial e detentora de grandes reservas internacionais de dólares, que aposta no enfraquecimento dos concorrentes, principalmente do Irã, a jóia da coroa que o imperialismo persegue. Afinal, é um dos maiores produtores de petróleo do mundo.

Por outro lado, deve-se levar em conta os recentes acordos comerciais firmados entre a China e a Rússia - de grande monta -, inclusive com o câmbio entre o yuan e o rublo prevalecendo, deixando de lado o dólar. É um quadro desfavorável às principais economias ocidentais, responsáveis pelo que há de mais atrasado em termos políticos e as dificuldades que assolam todo o planeta.

Cabe lembrar que a desigualdade social tem crescido em nível mundial, passando de 31,26% em 1988 para 44,53% em 2013, com a concentração de renda chegando a níveis estapafúrdios, já que apenas 67 pessoas têm a mesma riqueza que metade da população do planeta, 3,5 bilhões de pessoas.

As crescentes manifestações xenófobas na Alemanha e na própria França demonstram que a cadela que pariu o fascismo está no cio outra vez, parafraseando Bertolt Brecht. Recentemente as vimos isso aqui no Brasil, com as esvaziadas - mas perigosas - manifestações da elite em São Paulo, capitaneadas por um patético ex-roqueiro.

Nossos colegas assassinados, assim como os 11 feridos, são vítimas de um sistema falido que arma e utiliza pessoas despreparadas, sendo o principal responsável pelo Estado Islâmico (EI), que já matou outros jornalistas, com cenas degradantes amplamente divulgadas. Esse sistema falido insiste em permanecer agredindo a humanidade, apenas para beneficiar uma elite insensível, preocupada somente com o crescimento dos seus lucros.

É hora de todos levantarmos nossas vozes, condenarmos veementemente essa barbárie e dizermos um sonoro NÃO ao fascismo.

Antes que seja tarde demais.

Jornalistas do Partido Comunista Brasileiro (PCB)

 

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