A ilusão de Kyoto

Muito se fala a respeito do protocolo de Kyoto, uma espécie de acordo, originalmente subscrito por 141 países, com o objetivo de diminuir a emissão de gases poluentes, com especial ênfase no dióxido de carbono, apesar de o metano ser várias vezes mais nocivo.

Muito se fala a respeito do protocolo de Kyoto, uma espécie de acordo, originalmente subscrito por 141 países, com o objetivo de diminuir a emissão de gases poluentes, com especial ênfase no dióxido de carbono, apesar de o metano ser várias vezes mais nocivo.

Todavia, não há prova inequívoca de que o acúmulo destas moléculas na atmosfera causem mesmo um aumento do Efeito Estufa, um fenômeno natural que retém o calor do sol na atmosfera – sem ele, a Terra seria gelada. Há cientistas que refutam esta tese, considerando que os fatores que causam o aumento da temperatura global é exclusivamente natural, mas seus argumentos não têm merecido o mesmo destaque por parte da mídia.

Kyoto nasceu medíocre, tímido, propondo a redução de meros 5 a 8% das emissões de poluentes até 2012, em comparação aos níveis observados em 1990, variando este porcentual entre os países participantes. Acessoriamente, criou uma terrível contradição: a criação de mercados de créditos de carbono, no qual as nações que estiverem abaixo de um certo nível de emissão poderão vender o excedente de suas cotas a outras que estejam acima. Ou seja, os países industrializados poderão comprar o direito de poluir ainda mais. Quando se mercantiliza uma questão, sobrevém a dúvida acerca das reais intenções que a rodeiam.

Os artigos e reportagens sobre o suposto aquecimento global são inúmeros, muitos deles um tanto apelativos, variando de ursos polares passando fome, morte de peixes e proliferação de algas até prejuízos para a economia global. Uma campanha liderada pela Nobel da Paz de 2004, a queniana Wangari Maathai, defende a plantação um bilhão de árvores a fim de se combater o efeito.

Desde o século XVIII se tem observado o aumento da temperatura da Terra, e as atuais variações encontrariam explicação numa recuperação das baixas medições verificadas nos séculos XVI e XVII, mais frios. A este aspecto os noticiários pouco se referem, como quase nada se fala a respeito do arrefecimento planetário que causou a extinção dos dinossauros. Afirmar, com absoluta certeza, que estes gases, aliados ao desmatamento e outros fatores são a causa maior do aumento da temperatura global ainda não é possível.

Não se está negando aqui a realidade do aquecimento, mas, até o momento, nenhuma das ações baseada no protocolo de Kyoto está surtindo efeito, pois as modestas metas ali estabelecidas estão muito – e cada vez mais – longe de serem alcançadas. O que está errado? Serão mesmo tais gases os vilões? Bem, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), irá apresentar , em 2007, um relatório de grande impacto, lançando, quem sabe, uma luz sobre o tema, já que a conferência da ONU (COP-12, sobre o clima) em Nairobi, no Quênia, terminou sem grandes conclusões. Ali, seriam reavaliadas as metas de Kyoto, mas postergou-se a decisão para 2008.

A Terra é nossa casa, e a ação do homem, mesmo que eventualmente não esteja sendo determinante para o aquecimento planetário, causa a destruição de manguezais, corais, de diversos outros ecossistemas, a exinção de espécies, o envenenamento da atmosfera, trazendo a chuva ácida, e muitos outros males. Todos os fatores que contribuem para prejudicar o planeta estão interligados, são necessárias soluções conjuntas.

Há um conflito, aparentemente insanável, entre o progresso e a preservação do planeta, referendado por projeções que, mesmo exageradas, mostram um aumento do consumo de combustíveis fósseis, como o petróleo, de cerca de 50% até 2030. Olhando para o galopante crescimento chinês e o indiano, não tão mais modesto, percebe-se que será muito difícil evitar o confronto entre o progresso e a preservação dos recursos naturais.

É certo que a adoção do biodiesel e do álcool como substitutos parciais dos combustíveis derivados do petróleo são medidas de inquestionável valor, mas também cabe observar que a demanda por energia é variada e crescente, é preciso gerar eletricidade e alimentos, entre outras coisas. Louvável também a ação de Wangari, com seus trinta milhões de árvores plantadas, sem histerismo, com determinação; tivéssemos todos nós a mesma consciência e desprendimento, o futuro nos seria mais risonho.

Promessas há, como a célula de hidrogênio e a fissão nuclear, mas não bastam, porque há também a necessidade de combate eficaz ao desmatamento, além de maneiras de diminuir o desequilíbrio ecológico.

Não sabemos quais serão as necessidades energéticas de nossos descendentes daqui a cem ou duzentos anos, mas podemos imaginar que o limite da capacidade de regeneração do planeta - que abriga uma civilização cujo crescimento não pode parar – terá sido atingido, se é que já não foi.

O mundo parece pequeno demais para a ambição humana, mas, segundo o ambientalista Jared Diamond em seu livro “Colapso”, há saídas. É bom prestar atenção em suas advertências, bem como nas de Al Gore, que estuda o tema há quarenta anos e lançou o importante documentário “Uma verdade inconveniente”. A civilização Maia, a Inca e outras se extinguiram, os habitantes da Ilha de Páscoa acabaram com a vegetação e não sobrou nenhum deles para contar o final da história.

*Este artigo teve a colaboração do portal Eco Terra Brasil www.ecoterrabrasil.com.br

Luiz Leitão São Paulo, Brasil

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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