16ª Conferência Internacional sobre a SIDA: Esperança e Impaciência

A 16ª Conferência Internacional sobre a SIDA confirmou o relatório da UNAIDS sobre a Epidemia Global da SIDA: há razões para optimismo mas também para impaciência

Especialistas, doentes, activistas e líderes de opinião juntaram-se durante seis dias entre 13 e 18 de Agosto em Toronto, Canadá, para discutir a grande variedade de questões relacionadas com VIH/SIDA para tentar chegar a um consenso comum sobre como a comunidade internacional está a lidar com a pandemia. Os resultados da Conferência confirmaram os conteúdos do Relatório da UNAIDS sobre a Epidemia Global da SIDA, publicado em Maio, nomeadamente que o momentum visível nos anos recentes é encorajador, mas que ainda não foi traduzido em progressos concretos.

A principal tema que sai da 16ª Conferência Internacional sobre a SIDA em, Toronto, é Tempo de Entrega: é altura para garantir definitivamente acesso ao Tratamento Anti-Retroviral para todos e é altura para os programas de educação e de prevenção a começarem a produzir resultados significativos e tangíveis e não só vagos indicadores para o futuro.

Dr. Mark Wainberg, Director do Centro para SIDA da Universidade de McGill, declarou durante a conferência que “Não pode haver progresso se mais pessoas ficarem infectadas pelo VIH todos os anos do que o número das que têm acesso a tratamento”.

A Conferência reiterou as cifras publicadas pelo UNAIDS, sendo que no ano passado, 4,1 milhões de pessoas ficaram infectadas com VIH, enquanto 2.8 milhões morreram com doenças relacionadas com a SIDA. Apenas um quarto (24 por cento) das pessoas com VIH/SIDA em países de baixo e médio rendimento tem acesso a medicação anti-retroviral (1,6 milhões de 6,8 milhões de pessoas) e entre 8 e 13 por cento das 800.000 crianças infectadas com SIDA têm acesso a tratamento, enquanto 4 a 16 por cento das pessoas mais em risco têm acesso a programas de prevenção.

O caminho para a frente…abertura, igualdade entre os géneros, liderança política…

O consenso geral sendo que o pior inimigo é o silêncio, fica claro que o caminho para a frente passa por educação e abertura, encarando o desafio num clima de consciencialização e definitivamente ridicularizar as crenças absurdas sobre a doença que ajudam a sua propagação, por exemplo, relações sexuais com uma virgem providencia protecção contra a infecção para pessoas do sexo masculino, e quanto mais jovem, melhor.

Parte da abordagem necessária passa pela igualdade entre os géneros, descrito por Stephen Lewis, Enviado Especial da ONU para a SIDA em África como segue: “Não há nada mais apelativo ou honroso…todos os caminhos nos levam a partir da mulher para a mudança social e isso inclui a subjugação da pandemia”.

Dr.Pedro Cahn, o novo Presidente da Sociedade Internacional da SIDA, concluiu que nada será conseguido sem liderança política firme e sem empenho: “Devemos manter a pressão sobre os líderes dos G8 para produzirem resultados, no seu empenho a conseguir acesso universal a prevenção, cuidado e tratamento até 2010”.

...e numa palavra, educação

Em África, as crianças que desistem da escola são três vezes mais prováveis a contraírem a VIH/SIDA até a idade de 20 anos do que aqueles que completam a educação básica. Se os padrões de comportamento são tão susceptíveis a tornar uma pessoa vítima, ou não, então faz todo o sentido investir nesta área, garantindo padrões de comportamento que direccionam os jovens para modos de vida saudáveis e sem risco. A melhor maneira de conseguir implementar estes padrões de comportamento é através de programas de educação e de consciencialização.

Timothy BANCROFT-HINCHEY

PRAVDA.Ru

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