O grito de Independência, um grito de batalha

"Aqui não haverá tiranos nem anarquia enquanto eu respire de espada em mãos" (Simón Bolívar).

Estamos em marcha pela dignidade da pátria. A Batalha pela independência não terminou e entrou já em sua etapa decisiva.

Não podemos proclamarmos livres quando a política de dominação de um império nos subjuga e nos submete com a cumplicidade apátrida das oligarquias e, nos aprisionam as desumanas correntes da escravidão neoliberal.

Um país ocupado militarmente não é independente. Não podemos declararmos soberanos quando a força militar de uma potência estrangeira enche de bases o território pátrio e, pisoteia a dignidade nacional. Eis como e a bandeira dos EUA ondeia sobre nossa América sua ameaça e sede de espólio. Mas, sim, podemos declararmos povo em luta pela liberdade!

Estamos já na batalha. Com Bolívar nos iluminando: "todos os povos do mundo que tem lutado pela liberdade têm exterminado por fim seus tiranos".

A justa causa dos povos não pode ser derrotada. A espada de batalha do Libertador, agora em mãos do povo, abrirá os caminhos da esperança e triunfará na contenda pela definitiva emancipação.

Temos hoje a insígnia com es três cores do bicentenário como símbolo da luta e como homenagem aos libertadores que sonharam a Grande Nação de Repúblicas, escudo de nosso destino, aos que nos deram pátria pensando na humanidade e se sacrificaram nos campos de batalha para dignificar os homens e mulheres americanos.

Como duzentos anos atrás "em Bolívar está a emancipação". Essa certeza espalhada sobre o céu de América pelo prócer Camilo Torres, deve ser a divisa de nossa campanha na alvorada doSocialismo e da Pátria Grande que ilumina o Continente e a América Insular. A colheita amorosa dos libertadores concebida para os povos não pode ser usurpada nem um minuto a mais pelos herdeiros de Satander e sua perfidia; deve ser desfrutada pelos destinatários originais: nossos povos. O sangue dos libertadores não adubou os campos de batalha para fazer mais ricos aos ricos nem facilitar novas correntes coloniais, mas para redimir o soberano que é o povo.

Rendemos tributo nesta comemoração ao inca Tupac Amaru, ao comuneiro José Antonio Galán, ao negro José Leonardo Chirinos e a todos os esquartejados pela criminal opressão da coroa espanhola. Honra à jovem Policarpa Salavarrieta arcabuzada pelos terroristas pacificadores encabeçados por o general espanhol Paulo Morillo. Glória eterna a Francisco José de Caldas, Camilo Torres Tenório, a Francisco Carbonel e, a todos aqueles que supliciados nos patíbulos, nos mostraram com seu exemplo o caminho da liberdade.

Aos precursores de nossa independência, Miranda, Nariño e Espejo, nosso reconhecimento eterno. Desenterremos esses grandes patriotas, tirando-os das covas comuns do esquecimento nas quais foram confinados pela mentirosa historiografia dos que desviaram o rumo da pátria, para que continuem na batalha.

Ainda ressoava o eco da vitória de Ayacuho quando entalhou a contra-revolução na ambição sem medida da oligarquia crioula pelo poder político ilimitado. Ela encontrou na Doutrina Monroe intriga e alento permanente para dividir o território e despedaçar a obra legislativa bolivariana que colocava o interesse comum por encima do particular.

Tal como o prognosticou o Libertador, a oligarquia nascente não tardou em buscar um novo amo. Atacou a concepção bolivariana da unidade dos povos em uma Grande Nação, apoiada no sofisma da Doutrina Monroe, usada como ponto de apóio para assaltar o poder e lograr seu miserável sonho de substituir os vireis na opressão. Essa Doutrina era o disfarce da ambição sem controle do Destino Manifesto, cuja essência consistiu em anexar repúblicas, saquear recursos e, submeter os povos politicamente.

Assim, traiu a grandeza trocando a possibilidade do surgimento de um novo poder continental que fosse equilíbrio do universo e esperança da humanidade, pela submissão a uma potência estrangeira. Só lhes interessava assaltar o poder político com a ajuda externa para acrescentar suas fortunas pessoais e pôr-as a salvo da revolução social. Obedientes a seu novo amo desmobilizaram, por conveniência recíproca, o Exército Libertador, único garante da independência e das conquistas sociais, assim como força dissuasiva das ambições neocoloniais do governo de Washington.

Os agressivos líderes no Norte, inspirados sempre no cálculo aritmético, possuídos pela ambição de erigir sua prosperidade sobre a base do espólio dos povos do sul, não podiam tolerar a implantação do plano estratégico de Bolívar no Congresso de Panamá que contemplava a formação de uma liga perpétua das nações antes colônias espanholas, presidida por uma autoridade política permanente, com um exército unificado concebido para a defesa e para a campanha da libertação das ilhas de Cuba e Porto Rico, consideradas por Washington, apêndices de seu espaço continental.

Mortificava-os a idéia do Libertador de fazer efetiva a cidadania hispanoamericana entre povos irmãos, o estabelecimento de um poder político inimigo da escravidão, e sobretudo, o propósito de impulsionar um regime de comércio preferencial que fizera prevalecer a cláusula de nação mais favorecida para as repúblicas irmãs coligadas.

Todas essas medidas pensadas pelo Libertador Simón Bolívar para preservar a independência e a dignidade das nações hispanoamericanas se interponham como fortificação inexpugnável frente às insólitas pretensões do Destino Manifesto, inventado pelos fundadores do império para auto-legitimar o espólio.

Por isso, enviaram uma instrução perversa a seus ministros da Colômbia, México e Perú, de estimular as rivalidades entre nossas repúblicas, o espírito chauvinista, desatar a espionagem, a conspiração e a intriga, minar o prestígio do Libertador e, por isso, foi Bolívar o alvo de seus iracundos ataques.

Eliminar a figura política do Libertador, sua poderosa influencia em América Latina foi sua obsessão até causar sua morte física e o eclipse transitório de seu projeto político e social.

Todas as desgraças e misérias de Nossa América tem a seguinte origem. "Os Estados Unidos parecem destinados pela providência para encher a América de misérias em nome da liberdade", tinha profetizado Simón Bolívar.

A revolução ficou inconclusa desde 1830 pela ação predadora da banda de excludentes crioulos comandada pelo governo de Washington.

"Toda revolução - dizia o Libertador - tem três etapas: a da guerra, a reformadora e a da organização. A primeira pertence ao passado; foi obra dos soldados. A segunda, a cobrimos com o Congresso de Cúcuta e o governo de Bogotá. A terceira, será abordada por mim em Panamá".

Esse é o ponto de partida para retomar a obra da independência e a revolução. A 200 anos de iniciada a gesta independentista o projeto de Bolívar segue assombrosamente vigente, como se houvesse sido concebido para os tempos de hoje. O povo que pode, o povo que constrói, tem a palavra. E desta vez Bolívar é o povo empunhando sua espada com a irredutível determinação de lutar pela concretização de seu grande sonho.

Mas, o só grito de independência não é suficiente; ficou demonstrado pela explosão simultânea de gritos que estremeceram o Continente e, que foram calados rapidamente pelas sanguinárias forças punitivas da coroa. Nenhum povo pode obter sua liberdade se carece de força própria. Desta vez, o novo grito de independência, deve ser o grito de todos, o grito dos excluídos, reforçado pela mobilização decidida, com a luta multiforme, com as armas da unidade, da inteligência e da força.

É esta a hora de todos os povos. Eles têm combatido e combatem hoje. São eles os que aportam milhares de heróis destacados ou anônimos. Foi o povo a força viva do Exército bolivariano que derrotou o regime colonial na América do Sul e, será protagonista do triunfo inevitável da revolução política e social.

Há uma espiral ascendendo rumo à liberdade. A luta dos patriotas do século XIX tem um fio condutor, uma articulação com a dos patriotas do século XXI. Aqueles lutaram em um agitado contexto de crise do mundo colonial. Iniciava-se a consolidação do sistema capitalista com o saqueio e a escravidão de povos, mas, ao mesmo tempo, a invasão napoleônica a Espanha estimulava em Hispanoamérica a ruptura radical com o regime colonial. A luta dos patriotas do Século XXI pela definitiva independência, não só está ligada à derrota do sistema capitalista e à dominação imperial, senão que exige a superação desse sistema decadente e a chegada de uma nova era de justiça: A do Socialismo e da Pátria Grande.

A atual crise estrutural do capitalismo é o toque do clarim que anuncia ao povo que está na ora de se lançar à batalha definitiva pela emancipação.

Washington está preocupado com Bolívar, ainda, porque segue vivo e palpitante nos anseios de justiça dos povos, na vigência de seu pensamento e de seu projeto político e social, no reencontro dos excluídos com a historia verdadeira que lhes diz que foram eles, sua dignidade, o objetivo principal do projeto originário de nação.

Como o império enxerga na consciência dos povos um obstáculo ao espólio, então, recorre à força e à movimentação de seu poderio militar para negar por meio da violência, o que exigem o senso comum e a justiça.

Não nascemos para ser vassalos de ninguém, nem pátio traseiro de potência alguma. A América do Sul é nossa porque nascemos nela. Temos direito à dignidade humana e a construir o modelo de sociedade que nos leve a construir nossa felicidade.

O que nos importa que EUA espalhe suas bases militares no Caribe e no Continente, se estamos dispostos a ser livres? Como diria Bolívar à meio da efervescência independentista da Sociedade Patriótica: "coloquemos, sem temor, a pedra fundamental da liberdade suramericana; vacilar é sucumbir".

Enfrentemos com o escudo da dignidade latinoamericana e caribenha as incessantes agressões e desrespeitos do monstro do Norte, fundido esse escudo no mais duro e resistente aço da unidade. "Porque a divisão é a que nos está matando", devemos destruí-la. A dispersão e ausência de unidade são as responsáveis pelo tremendo abismo que nos separa de nosso destino de Grande Nação, de potência rica em humanidade e liberdade. Rompamos as correntes mentais e culturais que mantém presa a consciência coletiva. Nosso dever é desconhecer o escravizante canto de sereia do império e, escutar a palavra amorosa do pai e Libertador, que nos diz, que "unidos seremos fortes e mereceremos respeito"; divididos e isolados, pereceremos". A unidade é nossa força e nossa esperança.

Rechacemos com decoro pátrio as bases militares e os operativos militares do exército dos EUA na Colômbia. Castiguemos com o repúdio coletivo os governantes vassalos, que permitiram o ultraje e que emprestaram o território como base de agressão ianque contra os povos do Continente; os apátridas que têm ajoelhado por 200 anos nossa dignidade ante a águia imperial e, que têm cravado o punhal da política neoliberal e do Fundo Monetário Internacional no coração da Colômbia; os desavergonhados peões do império que emprestam seu sentimento escravo para impedir em nome de Washington a incontestável luta bolivariana que percorre o Continente.

A marcha patriótica bicentenária avança já. Como dizia Bolívar: "o impulso da revolução está dado, já ninguém o poderá deter (...) O exemplo da liberdade é sedutor e, aquele da liberdade doméstica é imperioso e arrebatador (...) Devemos triunfar pelo caminho da revolução e não por outro (...) A lei da repartição de bens é para toda Colômbia"

Começou a mobilização dos povos. Estamos nessa batalha. Com a espada do Grande Herói triunfará a independência definitiva, a Partia Grande e o Socialismo.

Secretariado do Estado Maior Central das FARC-EP

Montanhas da Colômbia julho 15 de 2010

Ano do bicentenário do grito de independência.

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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