Causas do conflito Israel - Palestina

A Força Aérea de Israel matou ontem (17) seis pessoas em quatro ataques aéreos contra alvos do grupo extremista palestino Hamas . As ações israelenses agravam a crise de segurança em Gaza, em meio aos confrontos entre os rivais Hamas e Fatah.

A ofensiva de Israel é uma resposta aos mais de 50 foguetes vindos de Gaza que atingiram a cidade israelense de Sderot nos últimos três dias. Os ataques foram lançados depois que o país ameaçou dar uma “resposta severa” aos repetidos lançamentos de foguetes.

É uma característica tipicamente humana a de, ao indagar sobre as causas de um conflito, seja entre indivíduos ou entre povos e Estados, procurar aquele que está com a razão, ou seja, aquele que foi prejudicado em seu direito legítimo e portanto pode se defender (ainda que com violência) daquele que o usurpou.

Mas o mesmo não se aplica ao conflito entre palestinos e israelenses: não é possível saber qual dos dois está com a razão, pois ambos têm reivindicações legítimas, ambos são vítimas e também perpetradores de terrorismo. As reivindicações de ambos são legítimas: os judeus clamam uma terra que habitaram há milênios e que sempre consideraram sagrada, da qual foram expulsos no início da era cristã pelos romanos, tendo a partir de então de vagar por vários países, em muitos dos quais eram discriminados, desprezados e até perseguidos.

Os muçulmanos, por sua vez, habitam esta terra, também sagrada para sua religião, há mais de um milênio, a qual foi alvo de sangrentas disputas com os cristãos na época das Cruzadas, e depois submetida ao imperialismo inglês até o fim da Segunda Guerra Mundial.

A ONU, ao criar o Estado de Israel em 1948, tentou atender a reivindicação legítima dos judeus de terem afinal um território soberano e livre, sem prejudicar os interesses dos palestinos: seriam criados dois Estados, um israelense e outro palestino, e a cidade sagrada de Jerusalém seria dividida entre os dois (a parte ocidental para os judeus e a oriental para os muçulmanos).

 O problema é que, tentando agradar a gregos e troianos, a ONU não agradou a nenhum: Israel nunca aceitou dividir Jerusalém nem a existência de um Estado palestino, e os muçulmanos tampouco se conformaram com a existência de um Estado judeu, chegando até a haver uma poderosa aliança de países árabes que atacou Israel mais de uma vez (até que, depois de sucessivas derrotas, vários deles passaram a aceitar a existência de Israel e a ter relações pacíficas com este país, como fizeram o Egito e a Jordânia).

Daí vem a causa do conflito: nenhum dos dois povos aceita o direito do outro de ter um Estado naquela região: o desejo da maioria da população palestina é o desmantelamento do Estado de Israel e a expulsão de seus cidadãos, e o dos israelenses é manter os palestinos confinados em guetos, espremidos nas áreas mais pobres, num regime de apartheid ainda mais cruel que aquele praticado pelos brancos contra os negros da África do Sul -- o que nada mais é do que uma expulsão disfarçada, já que a maioria dos palestinos prefere tentar a vida nos países árabes vizinhos, e daí se entende porque a maior parte dos palestinos vive na Jordânia, na Síria ou no Líbano.

 Portanto, todo plano de paz proposto à região, seja pela ONU, pelos Estados Unidos, pela União Europeia ou pela Rússia, fracassa inevitavelmente, porque a maioria das duas populações é decididamente contra a outra, e não aceita diálogo. E o pior: ambos crêem que a violência é a única solução possível.

Lyuba Lulko

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Author`s name Lulko Luba
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