No Brasil, segundo turno da eleição presidencial começa com pregação religiosa para atrair 11 milhões de cristãos

Por ANTONIO CARLOS LACERDA

Correspondente Internacional

BRASILIA/BRASIL (Pravda Ru) - No Brasil, a largada para a disputa do segundo turno da eleição presidencial, no próximo dia 31, começou com a candidata do Governo Dilma Rousseff (PT) na frente do candidato da oposição José Serra (PSDB), em meio a uma violenta guerra religiosa com linguagem bíblica nas múltiplas acusações morais e religiosas entre os candidatos.

Segundo a última pesquisa do Instituto DataFolha, realizada após a eleição do último dia 3, Dilma Rousseff tem 48% das intenções de voto do eleitorado brasileiro e José Serra 41%. A diferença entre eles é de sete pontos percentuais.

Com 195 milhões de habitantes e 130 milhões são eleitores, dos quais mais de 92% professam o Cristianismo, o Brasil é o maior país católico do planeta e contra a prática do aborto, fator que levou o segundo turno da eleição presidencial para uma violenta guerra religiosa, envolvendo, além dos candidatos, as igrejas católica e protestante, além de diversas seitas religiosas.

Toda essa guerra religiosa entre os dois candidatos a presidente deve-se ao fato de, durante a campanha eleitoral para a eleição no primeiro turno, ocorrida no dia 3 deste mês, Dilma Rousseff ter defendido descriminalização do aborto e de José Serra ter sido contra.

Agora, no segundo turno, Dilma Rousseff e José Serra descartaram os temas políticos e estão usando os morais e religiosos com linguagem bíblica em tom de cantochão, pregando a defesa da vida e condenando o aborto.

Na TV e no Rádio, Dilma Rousseff se apresenta como uma mulher do bem, que segue e defende os valores morais e religiosos pregados na Bíblia Sagrada, enquanto José Serra fala sobre a beleza e grandeza da maternidade, um dom divino que a mulher recebeu para perpetuar a espécie humana na Terra.

Tudo isso, para seduzir 4% dos eleitores que desejam votar em branco ou nulo, além de mais 7% que estão indecisos, e, finalmente, conquistar essa fatia de 11% do eleitorado cristão brasileiro.

Se a eleição fosse hoje, Dilma Rousseff venceria a disputa pelo Palácio do Planalto neste segundo turno. Há também 4% de eleitores votando em branco ou nulo e 7% de indecisos. Esse percentual de 11% do eleitorado, que está voando, sem candidato, é o grande trunfo, tanto de Dilma Rousseff como de José Serra, para ganhar a eleição presidencial no Brasil.

O Datafolha fez 3.265 entrevistas, 201 cidades, com margem de erro de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. Quando se consideram os votos válidos (excluindo-se brancos e nulos), Dilma Rousseff tem 54%, e José Serra 46%, com uma diferença de oito pontos percentuais.

Antes da eleição do primeiro turno no último dia 3, o DataFolha perguntou aos eleitores como votariam num segundo turno entre Dilma e Serra. Nos dias 1º e 2 de outubro, sexta-feira e sábado antes da eleição do primeiro turno, numa simulação de segundo turno, Dilma Rousseff teria 52% contra 40% de Serra, com 5% de eleitores votando em branco, nulo ou nenhum, e 3% de indecisos.

Se comparado a essa última pesquisa, Dilma Rousseff perdeu quatro pontos percentuais. Ela teve uma oscilação na margem máxima de erro da pesquisa. Antes do primeiro turno, Dilma Rousseff teria, no mínimo, 50%, e agora, pode ter no máximo os mesmos 50%, segundo o DataFolha.

Quanto a José Serra, candidato de oposição ao Governo Luiz Inácio Lula da Silva, que apóia Dilma Rousseff, a oscilação foi de apenas um ponto percentual, de 40% para 41%.

Os pontos subtraídos de Dilma Rousseff foram incorporados pelos eleitores que votam em branco, nulo ou que estão indecisos. Há uma semana, o conjunto desses eleitores somava 8%, e hoje soma 11%.

Dos 20 milhões de votos conquistado no primeiro turno pela candidata do PV, senadora Marina Silva, segundo o DataFolha, José Serra teria 51%, e Dilma Rousseff 22%.

O percentual dos eleitores de Marina Silva que votariam em Dilma Rousseff sofreu uma queda nos últimos dias. No levantamento do Datafolha, três dias antes da eleição do primeiro turno (29/09), Dilma Rousseff tinha 31% dos votos de Marina Silva; um dia antes (02/10) caiu para 29%, e agora caiu novamente para 22%.

Curiosamente, o candidato de oposição ao Governo, José Serra, não aumentou sua capacidade para seduzir e conquistar os votos da senadora Marina Silva, candidata derrotada no primeiro turno.

Três dias antes da eleição do primeiro turno (29/09), José Serra tinha 51% dos votos de Marina Silva; um dia antes (02/10) caiu para 50%, e agora retornou aos 51%.

Em meio a todo esse sobe e desce de eleitores da senadora MarinaSilva que votariam em Dilma Rousseff e José Serra, a candidata do PV anunciou que fará uma série de consultas antes de anunciar um possível apoio a Dilma ou Serra.

Entretanto, a decisão de Marina Silva em favor de Dilma Rousseff ou de José Serra divide os eleitores brasileiros, que têm por formação de personalidade político-eleitoral não transfere o voto a pedido de quem quer que seja.

Segundo o Datafolha, 42% dos que votaram em Marina Silva no primeiro turno da eleição presidencial no Brasil acham que ela deveria apoiar Dilma Rousseff, e 41% querem que ela declare apoio a José Serra. Além disso, 7% disseram que ela não deveria apoiar ninguém e 10% que não responderam.

Sobre o que Marina Silva fará, 38% disseram que ela vai acabar apoiando José Serra, 32% que vai apoiar Dilma Rousseff e 8% acreditam em neutralidade da senadora.

O grande problema para Marina Silva, e para o candidato que deseja ficar com o seu apoio, é que 56% dos eleitores disseram ser indiferente ao que ela vai fazer. Apenas 26% dos eleitores de Marina Silva dizem que até poderiam votar no candidato apoiado por ela.

Há, ainda, 13% dos eleitores que rejeitariam um candidato que tiver o apoio de Marina Silva. Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva exerce influência sobre 39% dos eleitores que dizem votar em quem ele apoiar.

ANTONIO CARLOS LACERDA é Correspondente Internacional do Pravda Ru no Brasil

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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