Venezuela Sofre Novo Ataque Cibernético dos EUA

De 1º a 3 de dezembro, a Venezuela voltou a ser alvo de ataques cibernéticos contra o sistema financeiro e o da Internet. O presidente da estatal de telecomunicações, Compañía Anónima Nacional de Teléfonos de Venezuela (CANTV), Manuel Fernández, denunciou terça-feira (6) em entrevista à rede de notícias venezuelana Telesur que na última sexta-feira (2), cerca das 13h, três dos 20 enlaces internacionais utilizados para sua empresa se comunicar com o mundo, foram atacados a partir de IPs do exterior.

 

No mesmo dia das revelações de Fernández, o ministro de Mineração e Petróleo, Eulogio del Pino, precisou que, ao todo, 16.943 ataques informáticos contra transações do Estado foram alvos dos ataques, cuja origem foram Coreia do Sul, Holanda e Estados Unidos (EUA). Em entrevista a outro meio venezuelano, Del Pino ressaltou que esta nova ofensiva cibernética contra o país caribenho dá-se logo após o histórico acordo alcançado entre os países da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP), em Viena na Áustria, a fim de reduzir de 1,2 milhões de barris, e fixar um teto de produção conjunto de 32,5 milhões de barris.

 

"Esses ataques pretendiam suspender todas as nossas transações financeiras", declarou o ministro, assegurando que, diante de situações como esta, a estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA) possui sistemas de proteção que garantem a continuidade das operações. Assim mesmo, na sexta houve falhas nos serviços de Internet, em pontos de venda e na plataforma tecnológica de intercâmbio comercial.

 

Boicote Histórico ao Petróleo Venezuelano

 

Como parte do boicote econômico das elites locais e de Washington e seus aliados contra a Revolução Bolivariana, a fim de gerar desabastecimento de produtos básicos, alta incontrolável da inflação, falta de energia elétrica e descontrole sobre as reservas petrolíferas, este é o segundo ataque cibernético revelado em pouco mais de um ano contra o Estado venezuelano. 

 

Em 18 de novembro do ano passado, documentos ultrassecretos apresentados por Edward Snowden revelaram um amplo sistema de espionagem dos EUA contra a PDVSA. De acordo com os documentos, NSA, CIA e a Embaixada dos EUA na Venezuela estão por trás da espionagem. "Entender a PDVSA significa entender o coração econômico da Venezuela", afirmaram secretamente os oficiais norte-americanos. 

 

Já um telegrama confidencial revelado há quase oito anos por WikiLeaks, enviado da Embaixada estadunidense em Caracas a Washington em 17 de fevereiro de 2009, revelou que funcionários da PDVSA eram coagidos a passar informações da estatal cada vez que solicitavam visto de entrada ao território norte-americano. Diante deste cenário, vale ressaltar que os EUA consomem 25% da energia mundial, embora sua população sobre o mundo representa apenas 5% do total.

 

Após o fracassado golpe de Estado de menos de 48 horas contra Chávez em abril de 2002, arquitetado e financiado pelo regime de George Bush (Golpe na Venezuela Ligado à Equipe de Bush, The Guardian) e perpetrado pelas elites e pela mídia oligárquica locais, a PDVSA foi uma das primeiras vítimas do regime golpista instalado. Durante as poucas horas que durou o governo de facto de Pedro Carmona, a Lei de Hidrocarbonetos recém promulgada durante o governo de Chávez acabou revogada por decreto, e o acordo bilateral sobre o fornecimento de petróleo a Cuba foi suspensa.

 

Meses mais tarde, com o golpe frustrado, houve uma sabotagem petroleira originária dos mesmos setores golpistas de dentro e de fora do país que, acontecimento mais significativo já ocorrido em toda a história da indústria petrolífera venezuelana, que tentou derrubar o presidente Hugo Chávez, derrubou a produção nacional prejudicando severamente a economia local.

 

Petróleo Venezuelano e Investimentos Sociais

 

A PDVSA não apenas garante os programas sociais impulsados pela Revolução Bolivariana que, entre outras tantas conquistas reconhecidas internacionalmente, erradicou o analfabetismo, a desnutrição infantil e está a ponto de eliminar a pobreza extrema no país. Hugo Chávez lançou, em 2005, a Petrocaribe, iniciativa ´nica no mundo de cooperação que vende petróleo bruto a preços mais baixos, e com taxas de juros de dois por cento ao ano para 17 países do Caribe.

Há também projetos de geração de energia desenvolvidos na Nicarágua, no Haiti, em Antígua e Barbuda, na República Dominicana e em São Cristóvão e Neves. Tal iniciativa, além de ajudar no combate à pobreza, rompeu a dependência histórica de transnacionais e da especulação dos intermediários sofrida pelos países da região, que não tinham nenhum controle sobre a cadeia de fornecimento de petróleo e seus derivados.

"Não é justo que, enquanto a Venezuela possui as primeiras reservas petrolíferas do mundo e as maiores reservas de gás em toda a América, tenha havido apagões frequentes na República Dominicana, o norte do Brasil não tem energia para o desenvolvimento, a Colômbia não tem energia suficiente nas cidades fronteiriças, o Haiti não tem sequer usinas de energia para o fornecimento a hospitais... não é justo", disse Hugo Chávez em 2005.

A Venezuela é a nação latino-americana mais atacada pelos centros do poder financeiro, além da guerra midiática de difamação e calúnia diária, bem semelhante ao que ocorreu com o presidente chileno Salvador Allende, às vésperas do golpe de 1973 arquitetado e financiado também pelos EUA, que levou o país a uma das ditaduras mais sanguinárias do século XX. Pois as semelhanças se estendem ao Brasil de Michel Temer e à Argentina de Mauricio Macri, bem como as origens dos golpes parlamentares dos tempos atuais.

Uma das razões para os ataques contra o país caribenho é que, mesmo diante da queda abrupta dos preços internacionais do petróleo em que transnacionais têm sido afetadas por suas próprias políticas neoliberais, o governo venezuelano dá seguimento aos investimentos em todas as áreas da economia e em projetos sociais para o benefício da sociedade, ao contrário, por exemplo, de Brasil, Argentina, México e Colômbia.

O presidente Nicolás Maduro, em quase quatro anos na Presidência, já aumentou o salário mínimo 16 vezes, quatro apenas neste ano oferecendo ganhos reais aos trabalhadores. Em dezembro do ano passado entregou a moradia popular que somou um milhão entregues em quatro anos, prestes a atingir a cifra de 1,5 milhão no final deste ano. A geração de empregos bate atualmente recorde considerando os últimos 20 anos, e para o ano fiscal de 2017, o governo de Maduro aumentará ainda mais os investimentos sociais, já mito altos: serão 73,6% do orçamento em desenvolvimento social no ano que vem. 

 

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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