Fidel e Obama exigem, um do outro, libertação de prisioneiros

Por ANTONIO CARLOS LACERDA

Correspondente no Brasil

WASHINGTON/HAVANA - O presidente americano Barack Obama e o líder cubano Fidel Castro trocaram acusações e querem que um empresário americano preso em Havana e cinco espiões cubanos presos nos Estados Unidos sejam postos em liberdade.

O ex-presidente cubano Fidel Castro rejeitou a pressão dos Estados Unidos para que Cuba liberte o empresário Alan Gross, acusado de espionagem na Ilha, e exigiu que Washington ponha em liberdade cinco agentes cubanos, presos nos EUA, como fez “com dez agentes russos”.

Em entrevista a TV cubana, Fidel revelou que "estão pressionando" para obter a libertação "daquele que espionava", em referência ao empresário Alan Gross, preso em Cuba em dezembro de 2009.

Segundo Castro, enquanto isto, as autoridades americanas mantêm, "injustamente", cinco agentes cubanos presos nos Estados Unidos desde 1998, condenados por espionagem em 2001.

"O ilustre presidente dos Estados Unidos (...) poderia tê-los libertado, como fez com um montão de gente que se dizia espião russo", enfatizou Fidel Castro em um encontro com jovens comunistas.

Fidel qualificou de "tortura" a manutenção de Gerardo Hernández, um dos cinco agentes cubanos, em um "buraco" (prisão) nos Estados Unidos, mesmo estando doente, por ter contraído "uma bactéria na prisão".

O empresário americano Alan Gross, acusado de espionagem pelo governo cubano, foi preso quando estava em Havana vendendo celulares e computadores portáteis a grupos judeus, a serviço de uma empresa contratada pelo departamento de Estado dos Estados Unidos.

Fidel Castro não abordou no encontro com jovens comunistas nenhum tema da atualidade cubana, como o acordo firmado entre seu irmão, Raul Castro, e a Igreja Católica para a libertação de presos políticos cubanos.

Alan Gross, de 60 anos, trabalhava numa empresa em Washington, contratada por um programa financiado pelos Estados Unidos para promover a democracia na ilha.

O governo de Cuba diz que Alan Gross cometeu "crimes sérios" ao fornecer equipamentos de comunicações por satélite a dissidentes cubanos, mas o governo dos Estados Unidos diz que ele entrou em Cuba com visto de turista e estava ajudando grupos judaicos a terem acesso à internet.

"Consideramos a prisão de Alan Gross um ato inaceitável. Ele não estava violando leis e não foi indiciado até onde eu saiba. Ele não está bem, perdeu 36 quilos, faz mais de seis meses que está preso, e estamos encorajando o governo cubano a soltá-lo", disse o secretário-assistente de Estado norte-americano, Arturo Valenzuela.

Os Estados Unidos recentemente dirigiram cautelosos elogios ao governo de Cuba pela decisão, após mediação da Igreja Católica, de libertar 52 dos 75 dissidentes presos numa onda de repressão em 2003. Vinte deles já foram soltos e emigraram para a Espanha.

Mas o governo de Barack Obama deixou claro que os seus modestos esforços para melhorar as relações com Havana ficarão suspensos enquanto Gross permanecer detido.

A secretária de Estado Hillary Clinton disse que Washington trabalha "a cada dia, por todos os canais" para obter a libertação de seu cidadão. Enquanto isso, as autoridades cubanas dizem que Alan Gross tem direito à defesa jurídica, assistência consular e comunicação com a família.

Por conta do cinematográfico e bem sucedido episódio da troca de espiões entre Estados Unidos e Rússia, no aeroporto de Viena, na Áustria, analistas de política internacional acreditam que Cuba pode estar tentando usar Alan Gross em uma troca para libertar cinco cubanos presos e condenados nos Estados Unidos por espionagem.

ANTONIO CARLOS LACERDA

PRAVDA Ru BRASIL

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