CELAC: Os discursos dos chefes de Delegações

CELAC: Os discursos dos chefes de Delegações
 
Por Javier Salado y Graciela Ramirez
Especial para Resumen Latinoamericano
 
Se algo ficou posto bem em evidência durante o uso da palavra por cada um dos chefes de delegação presentes - principalmente os 29 chefes de Estado ou de Governo - foi a grande diversidade de pontos de vista, critérios, valorações e temas priorizados, existentes na região e, sobretudo, que interesses defende cada governo.
 
É aqui onde o princípio de alcançar a unidade dentro da diversidade exposto pelo presidente cubano Raúl Castro, se converte não somente na regra de ouro para o futuro da CELAC como também em sua coluna vertebral.
 
Ouvidas as intervenções, a visão das correntes imperantes nos 33 membros da Comunidade é esquematicamente o seguinte:
 
Um bloco de posições avançadas por seu compromisso com as lutas e interesses dos despossuídos de sempre, dos povos originários e dessa Nossa América profunda, libertária, independente e contestatária, conformado por Cuba, Equador, Bolívia, Venezuela, Nicarágua, Uruguai e seguido muito de perto por Argentina, El Salvador e Brasil, foi reforçado pelo compromisso demonstrado por alguns países caribenhos como San Kitts e Nevis, San Vicente e as Granadinas, Trinidad e Tobago, Antígua e Barbuda, Haiti, Dominica e Santa Lucía, aos quais de perto os seguem com apoios parciais majoritários Jamaica, Guiana, Suriname e Granada.
 
Outro grupo de corte nacionalista é encabeçado por México (respeitoso em suas colocações e diplomacia dentro desta cúpula) e composto por Peru e Belize, seguido por Barbados - com uma situação econômica interna insustentável e buscando ajuda desesperadamente nas grandes potências.

Cristina e Raúl (foto AVN)
 
É identificável uma direita que encabeçada por Colômbia, a compõem Honduras, Guatemala, Costa Rica, Panamá, República Dominicana, Paraguai, Bahamas e até esta Cúpula o Chile de Piñera. Para ser sincero, apesar do dito sobre o México e ainda que no foro tenha mostrado uma postura muito construtiva e positiva, na arena internacional e ocasionalmente em sua política exterior se soma a este grupo.
 
Nos discursos escutamos um presidente Santos da Colômbia que não só justificou a existência da Aliança do Pacífico, como a caracterizou como "esforço para alcançar a integração" Também se ouviu do presidente dominicano Danilo Medina rechaçar a colocação da existência de discriminação contra cidadãos haitianos na República Dominicana, algo comprovado de forma cabal nas últimas semanas.
 
Dilma Rousseff (foto de nosso fotógrafo em Havana, Héctor Planes)
 
Com a finalização da II Cúpula é transmitida  a presidência pro-tempore da Comunidade para a presidenta da Costa Rica Laura Chinchilla. É necessário ressaltar o que o presidente cubano em uma de suas intervenções teve de recordar ao presidente chileno Sebastián Piñera, em fim de mandato, como, no momento em que recebeu a presidência pro-tempore da CELAC em Santiago do Chile, Piñera lhe disse ''Castro, a presidência é por um ano, não por cinquenta'', seguido de sua opinião de que a CELAC  era somente uma oportunidade de encontrar-se e discutir, não um organismo. O presidente cubano lhe contestou naquela ocasião que não compartilhava desta visão, e lhe recordou, agora em Havana,  acrescentando: "Piñera, os Castro somos  fortes e longevos, minha presidência foi de apenas um ano, porém a CELAC chegou para ser forte e longeva", aduzindo ademais que se criarão as condições para que os acordos tomados não sejam apenas letra morta no papel e sim que sejam objeto de ação e atenção.
 
Em suas palavras de recebimento da presidência, Chinchilla deixou assentado que a CELAC não é para competir com nenhuma organização internacional e sim para encontrar soluções. E que está segura que seja quem seja o próximo presidente da Costa Rica a ser eleito no próximo dia 2 de fevereiro, trabalhará pelo fortalecimento da Comunidade.
 
A verdade abrirá passagem por si só, todavia não pode restar dúvidas de que diante dos governos populares, progressistas e de esquerda, membros da CELAC, se abrirá um imenso desafio, que estamos seguros saberão conduzir com êxito em direção da verdadeira unidade, integração e independência da América Latina e do Caribe.

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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