Morreu Manuel Bento a lenda do futebol português

Aos 58 anos faleceu ontem antigo guarda-redes do Benfica e da Selecção Nacional de Portugal, Manuel Bento. Ainda quarta-feira à noite Bento esteve na Gala dos 103 anos do Benfica, onde encontrou vários dos seus antigos colegas de clube e de selecção e dirigentes.

A morte do antigo futebolista poderá ter sido causada por uma paragem cardio-respiratória, disse o director do serviço de urgência do Hospital Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro, onde Bento “deu entrada às 14h10, já cadáver”. “Ainda foram tentadas, sem sucesso, manobras de reanimação”. De acordo com o médico, Bento já teria “antecedentes cardíacos e durante a manhã terá tido alguns sintomas”.

“Tudo faz pensar que a paragem cardio-respiratória que sofreu terá sido provocada por um enfarte do miocárdio”, referiu Janeiro Neves.

A Direcção do Benfica manifestou-se “consternada” com o «adeus» de Manuel Bento, considerando-o “um guarda-redes de dimensão mundial” e pedra base em 22 títulos dos «encarnados». “Jamais será esquecido”, acrescenta o «site».

O corpo de Bento vai estar hoje (11h00) em câmara ardente, na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro, e será cremado amanhã às 19h00 no cemitério dos Olivais. Manuel Bento deixa um legado que o imortaliza como um dos melhores guarda-redes de sempre do futebol português. Começou nos juniores do Goleganense, esteve três meses no Sporting, foi para o Barreirense, tranferindo-se em 1972 para o Benfica. Quatro anos depois, tomou conta da baliza e só perdeu a titularidade depois do infortúnio no Mundial do México’86, onde fracturou a perna esquerda durante um treino.

Em 1980, maravilhou a crítica com uma série de defesas impossíveis num Escócia-Portugal (0-0). Foram também as suas defesas que garantiram o apuramento para o Europeu de 1984, onde voltou a brilhar, mas a melhor exibição esteve associada à eliminação nas meias-finais, frente à anfitriã França, que bateu Portugal no prolongamento (3-2) e embalou para o título europeu. Ainda no capítulo das exibições «imortais», o jogo de Estugarda, frente à Alemanha, que carimbou o passaporte para o México’86. 

Embora a sua personalidade fosse reservada, avessa à exposição pública, e com um comportamento, por vezes, grosseiro, ficaram muitas histórias engraçadas para contar. Ficou célebre, por exemplo, a carrinha em que transportava diariamente, meia dúzia de jogadores ao treino na Luz nos anos 80. Após o jogo Torpedo Moscovo-Benfica (em que marcou o penálti do apuramento), repreendeu Vítor Baptista, também já falecido, por andar descalço e de calças rotas no aeroporto.

 Em 1982, perdeu a cabeça no clássico Sporting-Benfica (3-1) e agrediu Manuel Fernandes a murro. O caso ficaria resolvido no dia seguinte com um almoço a dois. No Barreirense, marcou um golo de baliza a baliza nos anos 70. Só quatro guardiões o conseguiram na prova principal portuguesa. Terminou a carreira com 44 anos.

A Federação e a Liga decretaram um minuto de silêncio nos jogos deste fim-de-semana. A FPF aplicará igual medida antes dos próximos jogos da selecção.

Números
- 465 jogos realizados com a camisola do Benfica, durante 18 épocas, nas quais ganhou oito campeonatos nacionais e seis Taças de Portugal.
- 63 vezes internacional por Portugal. Estreou-se no dia 16 de Outubro de 1976, frente а Pol у nia e fez o último jogo no Mundial do México, em 1986.
- 1290 minutos sem sofrer golos, pelo Benfica, na década de 80, durante mais de 14 jogos, em três competições. Ainda hoje é um recorde no clube.

 Fontes Jornal de Notícias, Corréio da Manhã

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Author`s name Lulko Luba
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