E o sal-gema, ministra?

J.C. Monjardim Cavalcanti

Há alguns anos vimos escrevendo artigos focalizando a importância das nossas jazidas de sal-gema, em Conceição da Barra, apontando as excelentes condições locacionais e potenciais que justificariam – e ainda justificam - um projeto de exploração, inclusive não afastada a hipótese de criação de um pólo petroquímico ou químico industrial na região.

Em 1988 a Petromisa, subsidiária da Petrobras, deu destaque a importância de nossas jazidas, com uma reserva anunciada à época de 15 bilhões de toneladas, com 95% de cloreto de sódio, em área de 60 quilômetros quadrados, com lâmina de 120 metros de espessura, sendo considerada a maior reserva do Brasil.

Tentamos despertar as nossas autoridades para a importância de uma posição clara, seria e oportuna, capaz de motivar a Petrobras a acelerar o processo exploratório da reserva. Defendemos a necessidade do assunto ser levado, em bloco, suprapartidário, ao Congresso Nacional. O tempo passou, o assunto perdeu expressão e ficou relegado as agendas silenciosas de nossas bancadas.

Em 2002 – e chegamos a estranhar – a Petrobras patrocinou o retorno ao noticiário nacional da questão da jazida de sal-gema de Conceição da Barra. A empresa veio forte e firme, afirmando que a reserva capixaba representava 70% do sal-gema existente no país e que a empresa iria investir, numa etapa inicial, R$ 180 milhões, que sustentaria uma produção de um milhão de toneladas anualmente, com expressivo retorno econômico-financeiro para o estado e os seus municípios, durante, pelo menos, 30 anos.

O anúncio da Petrobras, que corrigia inclusive o volume das reservas de sal-gema do estado para 19,4 bilhões de toneladas, despertou preocupação em outras regiões salineiras do país, especialmente no Rio Grande do Norte. A então Governadora Wilma Faria, com o apoio de suas bancadas federais e a solidariedade de suas lideranças empresariais, pressionou o presidente Lula para impedir a publicação do edital de licitação anunciado pela Petrobras para exploração da jazida de Conceição da Barra.

No dia 24 de março de 2005, três anos após o anúncio da Petrobras, a imprensa potiguar com estardalhaço comemorava a decisão da então Ministra das Minas e Energia – Dilma Rousseff – que cancelava o edital de exploração da jazida de Conceição da Barra, impedindo a Petrobras de realizar um projeto de larga expressão sócio-econômica.

Esta semana estarão no estado o Presidente Lula e a Ministra Dilma Rousseff, candidata potencial à Presidência, além da Diretoria da Petrobras e o Governador Paulo Hartung, participando do Encontro Econômico Brasil – Alemanha, que reúne grandes investidores internacionais e, quem sabe, possíveis interessados na exploração da maior jazida de sal-gema do Brasil..

Esta é a hora do Espírito Santo – capital nacional do pré-sal – cobrar do Presidente e da Ministra a revisão e o reexame da decisão que em 2005 cancelou o edital de licitação do projeto sal-gema, prejudicando seriamente o processo de desenvolvimento do estado e do país.

J.C. Monjardim Cavalcanti

é jornalista e ex-Secretário de Estado da

Comunicação Social

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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