O Brasil acordou, e agora?

Custou mas aconteceu, o povo acordou. O Brasil acordou de sua longa hibernação e prostração diante de tanta politicagem barata e irresponsável. Foram décadas de roubalheiras desenfreadas sem que ninguém fizesse algo que pusesse medo nos grandes ladrões dessa pátria. Agora a coisa será diferente. O povo acordou e não vai dormir tão cedo!

Por Alessandro Lyra Braga*

De início, espero que nossos dirigentes passem a realmente acreditar que estamos de saco cheio deles e que não sentiremos falta se todos forem exportados para Cuba, por exemplo, em retribuição aos médicos que a "simpática" ilha está para nos enviar. Não iremos mais tolerar "ginásticas" contábeis para maquiar as nebulosas contas públicas com resultados mentirosos. Não iremos mais tolerar obras superfaturadas para que políticos e empreiteiros possam depois festejar em luxuosos restaurantes parisienses ou comprando imóveis cinematográficos, que estão muito além da capacidade de sonhar da maioria dos brasileiros. Não iremos suportar mais quase nada desses políticos que não seja competência com a gestão da coisa pública, austeridade e honestidade. Se não for assim, não nos serve!

Estamos vivendo uma verdadeira revolução. Uma revolução do modo de pensar e agir do povo brasileiro. Saímos de nosso característico comodismo para extravasar um grito há muito atravessado na garganta de quase todos nós. A classe média está em peso nas manifestações, indignadas com a condução de nossa política nacional e indignando os políticos que queriam continuar roubando em paz, pois se consideram no pleno direito de usurpar dos cofres da nação como se estes fossem deles. Grande engano!

Não sou a favor dos atos de vandalismo, mas entendo alguns deles. Vejamos o que aconteceu na Barra da Tijuca. Durante décadas, as classes menos favorecidas, morando em favelas (ou comunidades, se assim preferirem) como Cidade de Deus e Rio das Pedras conviveram com a classe média alta dos moradores dos condomínios do bairro. Viam seus irmãos brasileiros comprando carros caríssimos, viajando para a Disney, frequentando restaurantes caros e fartos em iguarias deliciosas e comprando roupas que valem vários salários mínimos nos shoppings mais chiques. Assim viveram subservientemente, servindo aos luxos dos que possuíam mais, sabendo que com o que ganhavam nunca teriam condições de ter tal nível de vida. Quando viram uma chance, apedrejaram aquilo que jamais poderiam e poderão ter. Isto não inocenta o vandalismo, mas explica muito a revolta que motivou estas pessoas. Eu sempre ouvi a expressão, "se um dia o morro descer, não sei o que acontecerá!". O "morro desceu" e vejam só o que está acontecendo!

Estou acompanhando as informações divulgadas pela mídia responsável e não por aquela glamourizada e venusianamente platinada que nos empurra notícias maquiadas, e sei que nem todos os ditos "vândalos" são uns diabinhos sem pai nem mãe como estão dizendo por aí. Não é difícil, face a tudo o que vemos diariamente, que alguns desses vândalos estejam agindo em prol de interesses políticos escusos e obscuros, com a intenção de desacreditar as legítimas reivindicações populares. Afinal, qual político ou mesmo partido/coligação gostaria de perder suas tetas milionárias? Quero frisar que sei que nenhum vândalo é santo, mas é certo que os vândalos maiores estão nos gabinetes dos palácios governamentais. Ou não será vandalismo, por exemplo, sucatear a saúde pública para privilegiar a saúde privada e os famigerados "planos de saúde complementar". Cabe aqui a pergunta: complementar do quê, se o governo nunca faz a parte dele? Depois ainda quer o povo quieto...

O brasileiro de classe média não está mais disposto a trabalhar quatro meses por ano só para pagar imposto e ver este dinheiro que lhe faz falta sumir em obras inúteis e/ou em desvios de verbas inacreditáveis de tão descarados, como ocorreu com o "Mensalão", sem que ninguém fosse ou vá ser preso, apesar das condenações. É inadmissível termos um presidente do Senado com uma ficha corrida de dar inveja a muitos meliantes por aí, e um deputado federal condenado integrando o Conselho de Ética do Congresso Nacional. Eu me questiono sobre os demais parlamentares que aceitam participar desse conselho na companhia de um criminoso: ou são estúpidos ou são coniventes. Alguém me tira esta dúvida?

Nossa presidente, em seu mais recente e inútil pronunciamento, foi omissa e sem sal, não conseguindo ter personalidade nem carisma para convencer mais ninguém. Tentou ser a "Dilminha paz e amor" e acabou sendo mais sem graça do que dançar com irmã ou chupar picolé de chuchu. Estes são os políticos que nos governam. Gente despreparada para lidar com as reais necessidades do povo, e que agora estão usando cuecas com elástico nas pernas, de tão apavorados (se cagando mesmo!) que estão. E ainda estão reclamando que assim não poderão colocar dinheiro na cueca. Seria um caso atípico, onde lavar dinheiro seria uma necessidade física real e não financeira.

Agora é hora de construirmos um novo Brasil. É hora dos ladrões e vendilhões que aí estão renunciarem a seus cargos e desaparecerem daqui, já que certamente não irão presos, dada a cumplicidade de nosso Poder Judiciário, tão corrupto quanto os demais poderes. Agora é hora de sermos brasileiros de verdade.

*Alessandro Lyra Braga é carioca, por engano. De formação é historiador e publicitário, radialista por acidente e jornalista por necessidade de informação. Vive vários dilemas religiosos, filosóficos e sociológicos. Ama o questionamento.

 

Original com vídeos que a mídia "comprada" não mostrou:

 

http://www.debatesculturais.com.br/o-brasil-acordou-e-agora/

 

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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