No pavilhão de sonhos do rancho alegre de Mazzaropi

Felizes éramos nós piracicabanos no Cine Politeama com as mãos lambuzadas pelas guloseimas da Bombonière do Passarela. Época de delícias douradas de chocolate lá na Praça José Bonifácio. Tempo de gargalhadas ingênuas, como nas películas do intrépido Mazzaropi.

Confessamente absortos num tempo-espeço duma semana com ares de ócio criativo, eu e Esperança pusemo-nos a caminho do Teatro Erotides de Campos, tão logo recebemos um convite de início de noite dos amigos Evaldo e Astir. Em tempo de 41º Salão Internacional de Humor e um dia depois da entrega dos prêmios do 12º Salãozinho de Humor de Piracicaba, nos deleitamos com o musical sobre a vida de Mazzaropi, em apresentação única na segunda-feira passada - início da Primavera 2014.

Em cartaz: "Mazzaropi - Para Mais de Cem Anos". E no palco toda a graça performática do "Grupo Teatral Pópa Tapa Taio", da cidade de Avaré. Em turnê pelo interior paulista, depois de extasiar paulistanos no Teatro João Caetano, os atores, dançarinos, músicos e cantores do elenco flutuaram em cena ao som de canções, causos e piadas dos filmes de Mazzaropi. "Com roupas e cenário confeccionados pelo grupo, a peça, brilhantemente dirigida por Gilson Câmara, revive as lembranças do campeiro - o caipira brasileiro. O espetáculo conta a trajetória de um garoto pobre que decidiu correr atrás de seus sonhos e tornou-se celebridade".

Descendente de portugueses e italianos, Amácio Mazzaropi nasceu ator e veio ao mundo para encantar plateias. Bem mais do que isso, ele revolucionou o humor circense, teatral, cinematográfico, radiofônico e televisivo no Brasil. Pioneiro na comédia multimídia.

As músicas dos filmes de Mazzaropi tiveram direção de craques como Radamés Gnatalli e Hector Lagna Fietta. Produções nas quais cantores famosos como Celly e Tony Campello, Lana Bittencourt, Miltinho, Hebe Camargo, Elza Soares, Ângela Maria e Agnaldo Rayol interpretaram canções inesquecíveis compostas por Tom Jobim, Dolores Duran, Zequinha de Abreu, Jair Amorim, Catulo da Paixão Cearense e Mário Zan. Entretanto, Elpídio dos Santos era o seu compositor preferido. E Mazzaropi gostava de cantar as músicas.

Jeca sabido, Mazzaropi nos ensina:

"Se arguma coisa não presta

Isso não vou discuti

Pra mim o azar é festa

O que eu quero é diverti"

 

Paulo de Tarso Porrelli é jornalista.

 

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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