2014, um ano difícil

Em ano de Copa do Mundo de Futebol - o que significa muitos feriados
informais em dias de jogos - e eleições majoritárias - o que equivale a
dizer que haverá um clima de incerteza política -, não se pode esperar que
as obras de infraestrutura tão necessárias ao desenvolvimento do País venham
a ganhar um ritmo de nau com todas as velas pandas, como diria o poeta
Fernando Pessoa (1888-1935).

Milton Lourenço (*)

Para piorar, prevê-se certa estagnação na economia, o que já levou o governo
a baixar a projeção de crescimento de 4,5% para 2,5%. É de notar que em 2013
o crescimento já foi de 2,5%. E isso constitui motivo de preocupação porque
recente estudo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) mostrou que
houve uma sensível redução na qualidade das rodovias que estão sob a
administração do poder público, resultado de uma queda no volume de obras
nas estradas federais.

Para um país que dispõe de uma distorcida matriz de transporte - 65,5% de
rodovias, 19,5% de ferrovias, 11,4% de aquavias e 3,5 de dutovias -, isso
pode representar um aumento significativo do custo logístico, que já é alto
- cerca de 10% do Produto Interno Bruto (PIB). Em outras palavras: enquanto
não se equacionar a questão do custo logístico, o crescimento econômico do
País ficará comprometido.

O que se espera, portanto, é que o novo governo que sairá das urnas em
outubro retome os investimentos em infraestrutura de transporte, além de
aprofundar o programa de concessões de rodovias, o que certamente resultará
em melhorias na conservação e ampliação da malha viária. É de notar que hoje
pelo menos 7,5 mil quilômetros de rodovias federais estão à espera de
empresas concessionárias que possam revitalizá-las.

Não bastasse isso, a perspectiva é que o custo logístico venha a crescer
também em função das exigências da recente Lei dos Portos (12.815/13), que
afetou a relação capital-trabalho, redundando em aumento no custo da
movimentação de cargas em portos públicos. Sem contar que a nova legislação
vem acirrando uma desigualdade competitiva no setor, o que poderá contribuir
para a redução dos investimentos em portos privados.

A tudo isso não se pode deixar de acrescentar problemas antigos que
sobrecarregam os custos operacionais, como uma infraestrutura portuária
defasada, portos assoreados, carga tributária abusiva, excesso de burocracia
aduaneira, ausência de armazéns próximos aos centros de produção, malha
ferroviária reduzida, congestionamentos gigantescos em rodovias e vias de
acesso aos portos e falta de integração entre os modais rodoviário,
ferroviário e hidroviário. Por tudo isso, não se pode esperar muito de 2014.
Que 2015 venha logo.

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(*) Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor
do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do
Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de
Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail:
[email protected]. Site: www.fiorde.com.br.

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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