Brasil: Levantamento Sistemático da Produção Agrícola

Levantamento Sistemático da Produção Agrícola – Fonte IBGE

Base: Agosto de 2006

Em agosto, estimativa da safra de grãos cai 0,28% em relação a julho

A expectativa para 2006 é de uma produção de cereais, leguminosas e oleaginosas (caroço de algodão, amendoim, arroz, feijão, mamona, milho, soja, aveia, centeio, cevada, girassol, sorgo, trigo e triticale) da ordem de 117,694 milhões de toneladas – em julho, era de 118,020 milhões de toneladas1. A estimativa deste ano é 4,55% superior à de 2005 (112,574 milhões de toneladas). O milho e a soja, responsáveis por cerca de 80% da produção nacional de grãos, apresentaram, em valores absolutos, os maiores ganhos de produção em relação a 2005: milho 1ª safra, 4.356.927 t (16,05%), milho 2ª safra, 2.720.574 t (34,17%), e soja, 1.289.527 t (2,52%).

Quanto à área cultivada, estimada em 45,666 milhões de hectares, constatou-se em agosto queda de 4,00% em relação ao ano passado. Entre os principais produtos investigados, em termos absolutos, registraram maiores diminuições na área cultivada o trigo, 689.460 ha (-29,23%), o arroz, 951.374 ha (-24,28%), e a soja, 925.160 ha (-4,03%). A colheita dos produtos da safra de verão está praticamente encerrada; nessa época do ano, apenas as culturas de 2ª e 3ª safras e as de inverno encontram-se em processo de acompanhamento de campo.

Para o milho 2ª safra, permaneceu o quadro favorável, com um acréscimo de 34,17% frente ao que foi produzido em 2005. Destacaram-se os incrementos na produção dos estados do Paraná (66,40%), Mato Grosso (7,31%), Mato Grosso do Sul (99,09%) e Goiás (42,68%), em conseqüência da maior área cultivada e do bom desempenho das lavouras.

Para o principal produto de inverno, o trigo, a estimativa de produção é de 3.369.499 t, indicando uma expressiva redução de 27,67% em relação à de 2005 - resultado notadamente da retração de 25,03% na área plantada em todos os estados produtores. São apontadas como principais causas para essa redução a baixa cotação do produto no mercado interno e a dificuldade de comercialização enfrentada nas últimas safras, além da descapitalização dos produtores, que, aliada à inadimplência e conseqüente restrição ao crédito, resultou numa implantação da safra com baixo nível tecnológico, tornando a cultura mais suscetível às intempéries.

Os demais produtos de inverno, como a aveia, cevada e triticale, confrontados com 2005, apresentaram decréscimos de 4,10%, 17,94% e 13,72% respectivamente. As quedas devem-se basicamente à menor área cultivada, em razão dos baixos preços da safra anterior.

Em termos absolutos, a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas está assim distribuída pelas grandes regiões: Sul, 49,525 milhões de toneladas (42,08%); Centro-Oeste, 38,973 milhões de toneladas (33,11%); Sudeste, 15,996 milhões de toneladas (13,59%); Nordeste, 9,843 milhões de toneladas (8,36%); e Norte, 3,357 milhões de toneladas (2,86%).

Em relação a julho, milho 2ª safra cresce (3,12%), mas estiagem afeta trigo (-6,22%)

Na comparação agosto/ julho 2006, destacam-se as variações nas estimativas de safra de oito produtos: aveia (-4,53%), cevada (-3,70%), feijão 3ª safra (1,36%), milho 1ª safra (-0,51%), milho 2ª safra (3,12%), soja (-0,24%), trigo (-6,22%) e triticale (-7,11%).

Com relação ao milho 1ª safra (-0,51%) e à soja (-0,24%), as quedas foram fruto basicamente de ajustes das informações após a conclusão da colheita nos principais centros produtores.

O milho 2ª safra (3,12%) registrou aumento em razão de reavaliações nas estimativas de Minas Gerais e especialmente do Paraná, onde as lavouras implantadas mais cedo apresentaram dados finais de colheita que superaram as expectativas iniciais, em face de ganhos de produtividade.

Para o feijão 3ª safra (1,36%), o incremento foi conseqüência de ajustes nos dados de área de Minas Gerais e de rendimento médio no Paraná.

Para as lavouras de aveia (-4,53%), cevada (-3,70%) e triticale (-7,11%), concentradas predominantemente no Sul do país, as quedas deveram-se a alterações nos dados do Paraná. Para o trigo, principal produto de inverno, o decréscimo de 6,22% refletiu as perdas causadas pela estiagem em Mato Grosso do Sul e no Paraná.

Na comparação com 2005, safras de 13 produtos devem aumentar e de 12 devem diminuir

Dentre os principais produtos investigados pelo Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), 13 apresentaram variação positiva na estimativa de produção em relação a 2005: amendoim em casca 2ª safra (4,08%), batata-inglesa 2ª safra (9,22%), batata-inglesa 3ª safra (2,84%), café em grão (19,95%), cana-de-açúcar (7,65%), cebola (5,55%), feijão 1ª safra (9,20%), feijão 2ª safra (32,35%), laranja (0,04%), mandioca (7,53%), milho 1ª safra (16,05%), milho 2ª safra (34,17%) e soja (2,52%). A variação foi negativa nos casos das culturas de algodão herbáceo em caroço (-23,56%), amendoim em casca 1ª safra (-12,75%), arroz em casca (-12,86%), aveia (-4,10%), batata-inglesa 1ª safra (-7,24%), cacau em amêndoa (-12,28%), cevada (-17,94%), feijão 3ª safra (-6,70%), mamona (-36,51%), sorgo em grão (-0,55%), trigo (-27,67%) e triticale (-13,72%).

Para o café, além do aumento de 19,95% na produção, verificou-se crescimento de 18,80% no rendimento médio em relação à safra 2005. Aguarda-seuma produção de 2.559.791 t, o que representa 42,66 milhões de sacas de 60 kg de grãos beneficiados. Ao contrário do que se esperava, o veranico ocorrido no início do ano acabou não se traduzindo em prejuízo à cultura. Para Minas Gerais, principal produtor (cerca de 51% do total), a colheita aproxima-se de 70% do total esperado, com incremento significativo no rendimento dos municípios de Três Pontas e Monte Carmelo.

No que se refere à cana-de-açúcar, a estimativa é que a produção em 2006 seja de 455.280.463 t. O aumento da demanda de álcool como combustível no mercado interno e o crescimento das exportações para países que tem adicionado álcool anidro à gasolina - com intuito de diminuir a emissão de gases causadores do efeito estufa e minimizar a elevação dos preços do barril de petróleo - têm incentivado a expansão dos canaviais e o surgimento de novas usinas no país. Porém, em São Paulo, maior produtor, a falta de chuvas em algumas regiões ocasionou a suspensão da queima dos canaviais, o que pode atrasar a conclusão da safra.

1É importante ressaltar que a estimativa mensal de produção de grãos do LSPA pode sofrer ajustes de um mês para o outro, em virtude de novas informações que eventualmente surjam. Assim, para julho deste ano, a estimativa inicial, divulgada em agosto pelo IBGE, era de 118,094 milhões de toneladas.

Ricardo Bergamini
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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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