A antropóloga e ambientalista Lídia Lucaski recebe o Prêmio Mãe Natureza

Por Amyra El Khalili, do Movimento Mulheres pela P@Z!

É com satisfação que comunicamos que a antropóloga e ambientalista LÍDIA LUCASKI  recebeu o Prêmio MÃE NATUREZA, realizado pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado do Paraná.

A companheira LÍDIA LUCASKI  tem longa trajetória de lutas na defesa do Meio Ambiente e o mérito incontestável desta premiação no seio da comunidade paranaense, com o reconhecimento de todos e todas que acompanham sua história à frente da Ong AMAR mantida com independência.

 

Na semana que consagra o Dia Internacional da Mulher reafirmamos nosso endosso à premiação da companheira LÍDIA LUCASKI e desejamos que sua atitude combativa seja exemplo para todas as mulheres que não se curvam diante das injustiças socioambientais.

 

Na oportunidade parabenizamos os realizadores por esta iniciativa que enaltece e reconhece MULHERES no Estado do Paraná que constroem a PAZ por um mundo melhor!

A trajetória de Lídia Lucaski

Lídia Lucaski dedicou toda a sua vida ao ativismo político, em prol da justiça social e da defesa do meio ambiente. Na juventude, participou ativamente do movimento estudantil paranaense contra a ditadura militar. Indiciada por atividades subversivas, juntamente com outras lideranças estudantis, em Inquérito Policial Militar instaurado pela 5a. Região Militar do Exército, no início de 1969, refugiou-se no Rio de Janeiro. Com a ajuda de rede de apoio a perseguidos pela ditadura, liderada por Branca Moreira Alves (mãe do deputado Márcio Moreira Alves, autor do célebre discurso que pregava o boicote ao desfile de 7 de setembro de 1968 e que detonou o Ato Institucional número 5), Lídia fugiu para o Uruguai, e em seguida obteve asilo político no Chile.   

Antes do golpe militar que derrubou o presidente chileno Salvador Allende, foi obrigada a fugir, juntamente com outros companheiros, para a Bolívia. Com o golpe militar na Bolívia, exilou-se no Peru, onde estudou Antropologia (Universidade de Lima).  Naquele país, alistou-se como voluntária para ajudar as vítimas do terremoto de Áncash, em 1970, um dos desastres naturais mais devastadores do Peru, que matou cerca de 100.000 pessoas e deixou mais de 3.000.000 de feridos.

Foi somente com a anistia no Brasil que Lídia pôde deixar o Peru, mas ao chegar à cidade de Araucária para encontrar seus familiares, viu-se diante de uma situação trágica: os níveis de aplicação de agrotóxicos e da poluição das fábricas recém-instaladas na região eram tão altos e descontrolados que muitas crianças nasciam com anencefalia e hidrocefalia.  O grau da contaminação química em Araucária, já naquela época, era pior do que Cubatão, cidade que ficou mundialmente conhecida pela gravidade da poluição causada pelas fábricas.

Lídia juntou-se ao grupo de ambientalistas de Araucária que em 1983, liderado pelo engenheiro agrônomo Reinaldo Onofre Skalisz, havia fundado a Associação de Defesa do Meio Ambiente de Araucária (Amar), e a partir dali tornou-se uma das ambientalistas mais respeitáveis do Brasil.

Sua dedicação à causa ambiental nunca teve relação com qualquer modismo ecológico.  Assim como a AMAR, Lídia sempre se pautou pela questão da sobrevivência humana e pelo respeito aos direitos da Natureza, e foi sempre com esse espírito que seus novos companheiros da AMAR a elegeram presidente daquela instituição que, por si só, é um marco na história paranaense. Combatente obstinada, foi sucessivamente reeleita por quase duas décadas.

No comando da Amar, e sempre atuando de forma voluntária, praticamente sem nenhum apoio governamental ou da própria sociedade paranaense, Lídia estendeu a atuação da entidade não só no estado do Paraná, mas ao norte de Santa Catarina e sul de São Paulo, sempre atendendo aos pedidos da população carente atingida pelas terríveis consequências dos danos ambientais denunciados.

A dedicação incansável da presidente Lídia Lucaski fez da AMAR, com quase 31 anos de existência, uma das mais importantes ONGs ativistas na defesa do meio ambiente do País, sendo autora de cerca de uma centena de ações civis públicas contra crimes ambientais, impetradas isolada ou conjuntamente com entidades congêneres ou com o Ministério Público, e de mais de três mil denúncias de crimes ambientais encaminhadas ao Ministério Público e a outros órgãos governamentais, sempre fundamentadas tecnicamente após vistoria no local do dano.

Além disso, Lídia Lucaski, juntamente com outros ambientalistas paranaenses, participou da fundação da UNEAP (União das Entidades Ambientalistas do Paraná) em 1986, do Fórum Verde em 1990, da FEPAM (Federação Paranaense das Entidades Ambientalistas) em 1992, e mais recentemente do Fórum do Movimento Ambientalista do Paraná em 2010.  Atuou também defendendo os interesses da Sociedade Civil em importantes colegiados, câmaras técnicas e conselhos municipais e estaduais de meio ambiente.  Lídia presidia a AMAR quando esta foi eleita pelas ONGs da Região Sul do Brasil para o CONAMA para o período de 2011-2012.

Atualmente, Lídia é vice-presidente da AMAR e prossegue atuando bravamente pela causa da justiça ambiental.

Por sua coragem e atuação política coerente e obstinada, e por seu trabalho apaixonado e incansável em defesa da justiça ambiental, Lídia Lucaski é, seguramente, uma das mais importantes ambientalistas brasileiras, uma pessoa que incontestavelmente desperta o orgulho das comunidades a quem ela sempre atendeu nas horas mais difíceis, que traz inspiração a todos os ambientalistas deste Estado e para com quem a sociedade paranaense tem uma grande dívida de gratidão.

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Governo anuncia as três vencedoras do Prêmio Mãe Natureza

A Secretaria estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos contemplou, na noite de terça-feira (11), com o Prêmio Mãe Natureza, três mulheres que se destacaram por suas ações na defesa do meio ambiente. As premiadas foram escolhidas entre as indicadas nas categorias Organizações Não Governamentais (ONGs), educação e iniciativa privada.


Lídia Lucaski, antropóloga e fundadora da Associação de Meio Ambiente de Araucária, foi indicada na categoria Organizações Não Governamentais (ONGs). Márcia Regina Lopez Arantes, geógrafa com trabalhos na área de meio ambiente, foi a escolhida dentre as indicadas pela iniciativa privada; e a professora Maria Leila Grabowski foi a escolhida dentre as indicadas na categoria ensino e pesquisa.
Para o secretário do Meio Ambiente, Luiz Eduardo Cheida, idealizador do Prêmio Mãe Natureza, a solenidade marca o início de uma ação em reconhecimento a todas as paranaenses que se dedicam em defesa da causa ambiental. "Sabemos que existem muitas mulheres que atuam na defesa da natureza e este prêmio veio para incentivar e agradecer esta contribuição", declarou.


INICIATIVAS - Lídia Lucaski dedicou toda sua vida em defesa do meio ambiente. Foi ativista política e percorreu a América do Sul lutando contra a ditadura militar. Ao voltar para a sua cidade, em Araucária, se deparou com níveis altíssimos de poluição emitida pelas indústrias e altos índices de uso de agrotóxicos. Criou então, em 1983, a Associação de Defesa do Meio Ambiente de Araucária (Amar), onde foi autora de mais de uma centena de ações civis públicas contra crimes ambientais. A Amar atua no Paraná, Santa Catarina e São Paulo.


Emocionada, Lídia Lucaski comemorou a intenção do Prêmio. "Esta premiação é apenas o primeiro passo para que outras pessoas continuem trabalhando por um mundo melhor", declarou Lídia. Ela também recebeu uma homenagem do Fórum Ambientalista do Paraná durante a solenidade de entrega do troféu.


A premiada Maria Leila Grabowski é professora de Geografia no Colégio Estadual São Mateus, em São Mateus do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba, onde desenvolveu com os alunos um projeto para fabricação de aquecedor solar com garrafas PETs, mostrando a possibilidade de utilizar materiais recicláveis e a importância do uso de fontes alternativas de energia. Maria Leila possui pós-graduação em educação ambiental, em psicopedagogia institucional, e em mídias na educação.


"É muito gratificante saber que um projeto que saiu de dentro do Colégio foi valorizado. Este prêmio fará com que os alunos acreditem ainda mais na importância de ações sustentáveis para o seu dia a dia", afirmou Maria Leila.


Márcia Regina Lopez Arantes, escolhida dentre as indicadas por trabalho realizado na iniciativa privada, é de Londrina e não pôde comparecer à solenidade. É perita e auditora ambiental, especialista em análise ambiental e mestre em geografia, meio ambiente e desenvolvimento pela Universidade Estadual de Londrina. Ela atua como diretora técnica da empresa Brasil Ambiental e é docente em cursos de pós-graduação.
Por telefone, Márcia disse ter se sentido lisonjeada com o prêmio, pois enfrentou algumas barreiras para atuar na área ambiental . "Vejo este prêmio de uma forma muito compensadora, porque quando comecei a trabalhar com meio ambiente as pessoas achavam um absurdo e que não teria mercado para isso. A segunda barreira foi o preconceito que enfrentei por ser mulher e trabalhar com meio ambiente", afirmou. "Então, este prêmio demonstra que vale a pena semear, persistir e não desistir de semear a consciência ambiental", afirmou.

 


TRANSPARÊNCIA - A Comissão Julgadora do Prêmio, que definiu as três mulheres contempladas com o Prêmio, foi composta por representantes da Secretaria do Meio Ambiente, representantes do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado do Paraná (Crea-PR) e de organizações não governamentais (ONGs).


O representante do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado do Paraná, Antônio Borges dos Reis, acredita que o prêmio criado pelo Governo pode ser utilizado como modelo no país. "É uma ação que valoriza a contribuição social", ressalta.


A desembargadora Joeci Machado Camargo, representante do Tribunal de Justiça do Paraná, disse que a natureza pede atenção e o prêmio simboliza isso. "Que esta iniciativa sirva para nos ajudar a lembrar que o meio ambiente precisa, cada vez mais, de ações efetivas para sua proteção", enfatizou.


Saiba mais sobre o trabalho do governo do Estado em: http:///www.facebook.com/governopr e www.pr.gov.br

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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