Brasil: Regiões de Influência das Cidades

Existem no país doze grandes redes de influência, que interligam até mesmo municípios situados em diferentes estados. A rede centralizada por São Paulo, por exemplo, também abrange parte de Minas Gerais, do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia e Acre. O Rio de Janeiro tem projeção no próprio estado, no Espírito Santo, no sul da Bahia, e na Zona da Mata mineira.

A rede de Brasília influi no oeste da Bahia, em alguns municípios de Goiás e no noroeste de Minas Gerais. As outras nove redes de influência são centralizadas por Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Goiânia, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre.

Foram analisadas informações fornecidas pela rede de agências do IBGE sobre 4.625 municípios, e registros administrativos do próprio instituto, de órgãos estatais e empresas. A atual configuração da rede urbana brasileira é comparada com estudos feitos pelo IBGE em 1972, 1987 e 2000.

Entre os diversos dados comparativos coletados a respeito das 12 redes de influência, nota-se que, para fazer compras, a população brasileira se desloca cerca de 49 km, em média. Na rede de influência de Manaus, no entanto, essa distância é de 218 Km. Para freqüentar uma universidade, o deslocamento médio, em Mato Grosso é de 112 Km, contra 41 Km na rede de influência do Rio de Janeiro. Pacientes percorrem, em média no país, 108 km em busca de atendimento médico.

A seguir, as principais informações do estudo sobre as Regiões de Influência das Cidades .

O estudo Regiões de Influência das Cidades mostra as redes formadas pelos principais centros urbanos do País, baseadas na presença de órgãos do executivo, do judiciário, de grandes empresas e na oferta de ensino superior, serviços de saúde e domínios de internet. Tais redes, às vezes, se sobrepõem à divisão territorial oficial, estabelecendo forte influência até mesmo entre cidades situadas em diferentes unidades da federação.

Para definir os centros da rede urbana brasileira, buscam-se informações de subordinação administrativa no setor público federal, no caso da gestão federal, e de localização das sedes e filiais de empresas, para estabelecer a gestão empresarial. A oferta de equipamentos e serviços – informações de ligações aéreas, de deslocamentos para internações hospitalares, das áreas de cobertura das emissoras de televisão, da oferta de ensino superior, da diversidade de atividades comerciais e de serviços, da oferta de serviços bancários, e da presença de domínios de Internet – complementa a identificação dos centros de gestão do território.

Nos 4.625 municípios (entre os 5.564 existentes) que não foram identificados como centros de gestão, a Rede de Agências do IBGE respondeu a um questionário específico, em fins de 2007, que investigou: as principais ligações de transportes regulares, em particular as que se dirigem aos centros de gestão; os principais destinos dos moradores locais, para obter produtos e serviços (compras, educação superior, aeroportos, serviços de saúde, aquisição de insumos e destino dos produtos agropecuários).

Hierarquia das metrópoles e centros tecem as redes de influência

As áreas de influência dos centros foram delineadas a partir da intensidade das ligações entre as cidades, com base em dados secundários e os obtidos no questionário específico. Foram identificadas 12 redes de primeiro nível. As cidades foram classificadas em cinco níveis, por sua vez subdivididos em dois ou três subníveis:

1. Metrópoles – Os 12 principais centros urbanos do País, com grande porte, fortes relacionamentos entre si e, em geral, extensa área de influência direta. Têm três subníveis:

A Grande metrópole nacional – São Paulo, o maior conjunto urbano do País, com 19,5 milhões de habitantes, em 2007, e no primeiro nível da gestão territorial; b. Metrópole nacional – Rio de Janeiro e Brasília, com população de 11,8 milhões e 3,2 milhões em 2007, respectivamente, também estão no primeiro nível da gestão territorial. Juntamente com São Paulo, constituem foco para centros localizados em todo o País; c. Metrópole – Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia e Porto Alegre, com população variando de 1,6 (Manaus) a 5,1 milhões (Belo Horizonte), constituem o segundo nível da gestão territorial. Note-se que Manaus e Goiânia, embora estejam no terceiro nível da gestão territorial, têm porte e projeção nacional que lhes garantem a inclusão neste conjunto.

2. Capital regional – são 70 centros que, como as metrópoles, também se relacionam com o estrato superior da rede urbana. Com capacidade de gestão no nível imediatamente inferior ao das metrópoles, têm área de influência de âmbito regional, sendo referidas como destino, para um conjunto de atividades, por grande número de municípios. Este nível também tem três subdivisões: Capital regional A (11 cidades, com medianas de 955 mil habitantes e 487 relacionamentos); Capital regional B (20 cidades, com medianas de 435 mil habitantes e 406 relacionamentos); Capital regional C (39 cidades com medianas de 250 mil habitantes e 162 relacionamentos).

3. Centro sub-regional –169 centros com atividades de gestão menos complexas, dominantemente entre os níveis 4 e 5 da gestão territorial; têm área de atuação mais reduzida, e seus relacionamentos com centros externos à sua própria rede dão-se, em geral, apenas com as três metrópoles nacionais. Com presença mais adensada nas áreas de maior ocupação do Nordeste e do Centro-Sul, e presença mais esparsa nas Regiões Norte e Centro-Oeste, estão subdivididos em grupos: a. Centro sub-regional A – constituído por 85 cidades, com medianas de 95 mil habitantes e 112 relacionamentos; e b. Centro sub-regional B – constituído por 79 cidades, com medianas de 71 mil habitantes e 71 relacionamentos.

4. Centro de zona – 556 cidades de menor porte e com atuação restrita à sua área imediata; exercem funções de gestão elementares. Subdivide-se em: a. Centro de zona A – 192 cidades, com medianas de 45 mil habitantes e 49 relacionamentos. Predominam os níveis 5 e 6 da gestão territorial (94 e 72 cidades, respectivamente), com nove cidades no quarto nível e 16 não classificadas como centros de gestão; e b. Centro de zona B – 364 cidades, com medianas de 23 mil habitantes e 16 relacionamentos. A maior parte, 235, não havia sido classificada como centro de gestão territorial, e outras 107 estavam no último nível.

5. Centro local – as demais 4 473 cidades cuja centralidade e atuação não extrapolam os limites do seu município, servindo apenas aos seus habitantes, têm população dominantemente inferior a 10 mil habitantes (mediana de 8 133 habitantes). Em relação aos elementos da análise, os 802 centros acima do nível 5 abrangem 548 centros de gestão do território e 254 cidades com centralidade identificada a partir dos questionários, que foram incluídas no conjunto final. Destas 254 cidades, a maior parte está classificada como centro de zona, mas três centros – Bragança (PA), Itapipoca (CE) e Afogados da Ingazeira (PE) – exercem o papel de centro sub-regional em sua região.

Brasil tem 12 redes urbanas comandadas por metrópoles

No topo da hierarquia urbana, 12 metrópoles comandam redes urbanas. As redes são diferenciadas em termos de tamanho, organização e complexidade e apresentam interpenetrações, pela ocorrência de vinculação a mais de um centro, resultando em dupla ou tripla inserção na rede. Um bom exemplo é Florianópolis, que integra as áreas de Curitiba e de Porto Alegre, e o de Natal, nas redes comandadas por Recife e Fortaleza. Por essa razão, a soma dos valores apresentados para cada uma das redes supera o total nacional.

São Paulo, Grande Metrópole Nacional, tem projeção em todo o País, e sua rede abrange o Estado de São Paulo, parte do Triângulo Mineiro e do sul de Minas, estendendo-se para Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia e Acre. Concentra, nos municípios que a compõem, cerca de 28,0% da população brasileira e 40,5% do Produto Interno Bruto PIB de 2005. A alta concentração/primazia se reflete no PIB per capita , que é de R$ 21,6 mil para São Paulo, e R$ 14,2 mil para os demais municípios do conjunto.

O Rio de Janeiro, Metrópole nacional, tem projeção no próprio estado, no Espírito Santo, em parcela do sul da Bahia, e na Zona da Mata de Minas Gerais, onde divide influência com Belo Horizonte. Essa rede conta com 11,3% da população do País e 14,4% do PIB nacional. O PIB per capita é da ordem de R$ 15 mil no centro, e R$ 14,8 mil nos demais municípios da rede.

A população da rede de Brasília representa 2,5% da população do País e 4,3% do PIB nacional. A extensão dessa rede também é reduzida, compreendendo o oeste da Bahia, alguns municípios de Goiás e do noroeste de Minas Gerais. Essa rede tem alta concentração de população e renda no centro, que responde por 72,7% da população e 90,3% do PIB da rede. Entre todas as redes, esta tem o mais alto PIB per capita, R$ 25,3 mil.

Manaus controla uma das redes de maior área, 19% da área do País, e de menor densidade, 2,2 hab./ km2, correspondendo a 1,9% da população do País e 1,7% do PIB nacional. De modo similar à rede imediata de Brasília, Manaus concentra a maior parte da população e do PIB da rede, respectivamente 47,3% e 75,5%. Tal concentração tem como efeito grande disparidade no PIB per capita, que é de R$ 10,4 mil para o conjunto da rede, correspondendo R$ 16,5 mil ao centro, Manaus, e R$ 4,8 mil aos demais municípios.

A rede de Belém, assim como a de Manaus, tem baixa densidade, 5,5 hab./km 2 , correspondendo a 4,2% da população do País. Em 2005, a rede respondia por 2% do PIB nacional, com PIB per capita de R$ 5,7 mil, um dos menores do País, sendo o valor de Belém R$ 7,9 mil, e o dos demais municípios de R$ 4,8 mil.

A rede de Fortaleza, a terceira maior em população do País (11,2%), contava, em 2005, com apenas 4,5% do PIB nacional. Como conseqüência, possui o menor PIB per capita entre as redes, com R$ 4,7 mil, registrando em Fortaleza R$ 7,6 mil e no restante da rede R$ 4,1 mil. Com população dispersa, apenas 15,8% da população total encontram-se na metrópole, que concentra 25,7% do PIB da rede. Abrange o Ceará, Piauí e Maranhão e compartilha a área do Rio Grande do Norte com Recife.

A rede urbana de Recife é a quarta mais populosa do País, com 10,3% de seus habitantes. Deste total, 19,5% se concentram em Recife. Em 2005, a rede detinha 4,7% do PIB nacional, sendo Recife responsável por 29,0% desta parcela, com um PIB per capita de R$ 8,0 mil, e de R$ 4,7 mil no restante da rede.

Salvador e sua rede urbana respondem por 8,8% da população do País e 4,9% do PIB nacional. Salvador concentra 22,4% da população e 44,0% do PIB da rede, com um PIB per capita de R$ 12,6 mil, enquanto para os demais municípios componentes este valor é de R$ 4,6 mil.

A rede urbana de Belo Horizonte responde por 9,1% da população e 7,5% do PIB do País. A metrópole concentra 30,5% da população e 40,4% do PIB da rede. O PIB per capita do centro é mais alto, de R$ 12,7 mil, e nos demais municípios da rede ele não passa de R$ 8,2 mil per capita. Minas Gerais corresponde à área de influência desse centro, exceto pela área no sul do estado, ligada a São Paulo, e as áreas de influência compartilhada – a Zona da Mata com o Rio de Janeiro e parte do Triângulo, com São Paulo.

Curitiba e sua rede reúnem 8,8% da população do País e 9,9% do PIB nacional. Em Curitiba, concentram-se 18,6% da população e 23,5% do PIB da rede. O PIB per capita indica menos desigualdade na renda, ainda que o do centro seja superior ao do restante da rede (R$ 16,6 mil e R$ 12,3 mil, respectivamente), com uma das menores razões, entre todas as redes.

A população da rede urbana de Porto Alegre representa 8,3% do total nacional e o PIB é de 9,7%. Porto Alegre concentra 19,2% da população e 24,1% do PIB da rede; o seu PIB per capita, de R$ 17,1 mil, é relativamente pouco superior ao do restante da rede (R$ 12,8 mil).

Goiânia e sua rede urbana concentram 3,5% da população e 2,8% do PIB nacional. Goiânia concentra 30,2% da população, e 29,7% do PIB da rede; possui PIB per capita de R$ 9,2 mil, e é o único caso de centro com este valor inferior ao do restante da rede, que é de R$ 9,5 mil. Abrange os Estados de Goiás e Tocantins, tendo ainda alguma penetração no Pará, Maranhão, Piauí e Mato Grosso.

Hierarquia dos centros se alterou em quatro décadas

Ao comparar-se os centros urbanos identificados em 1966 com aqueles examinados neste estudo, verifica-se que os centros que emergiram no período se localizam predominantemente nos Estados de Mato Grosso, Rondônia e Tocantins, no oeste do Amazonas e no sul do Pará. Com menor intensidade, houve ascensão de novos centros no Maranhão e Piauí. Nas áreas de ocupação mais antiga, como São Paulo, Rio de Janeiro e sul de Minas, o quadro é mais estável, e algumas cidades deixam de exercer maior centralidade, possivelmente com as mudanças em comunicação e transportes.

Os 12 centros atualmente identificados como metrópoles (São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Goiânia), são praticamente os mesmos de 40 anos atrás, com exceção de Brasília e Manaus.

Brasília, então recém-criada, foi classificada como Centro regional B em 1966. No estudo de 1978, foi classificada como Capital Regional, mantendo-se a subordinação a Goiânia (REGIÕES..., 1987). Já em 1993, foi considerada cabeça-de-rede. Em 2007, torna-se uma das duas Metrópoles Nacionais do País. Manaus, subordinada a Belém no estudo de 1966, tornou-se metrópole regional no estudo de 1978.

Centros de segundo nível também mudaram de status

No segundo nível, das Capitais Regionais, há alguns centros que, em 1966, eram classificados no terceiro nível, o dos Centros sub-regionais. São exemplos deste movimento ascendente, no Norte do País, Porto Velho (RO), Rio Branco (AC), Marabá e Santarém (PA), e Macapá (AP); no Nordeste, Imperatriz (MA) e Barreiras (BA); no Centro-Sul, Volta Redonda–Barra Mansa (RJ), Santos e São José dos Campos (SP), Cascavel (PR) e Dourados (MS). Casos mais extremos são os de Boa Vista (RR), de Araguaína (TO), de Ipatinga-Coronel Fabriciano-Timóteo (MG) e de Novo Hamburgo-São Leopoldo (RS), que saltam do quarto nível para o segundo, e o de Palmas (TO), criada em 1989, e também no segundo nível.

Inversamente, centros do segundo nível, em 1966, estão no terceiro nível, em 2007. São exemplos, no Nordeste, Floriano (PI), Garanhuns (PE) e Jequié (BA); no Centro-Sul, Muriaé (MG), Ourinhos (SP), Pato Branco (PR), Lages (SC), Santa Rosa e Cruz Alta (RS) e Anápolis (GO).

As principais mudanças no período devem-se ao adensamento ou à emergência de redes em territórios de ocupação rarefeita, e ao fortalecimento do papel das capitais estaduais, um processo já sinalizado no estudo de 1978. Além disso, o surgimento de novos centros de nível intermediário provocou subdivisão das áreas de influência dos grandes centros, entre 1966 e 2007. Houve transformações nas Regiões Norte e Centro-Oeste. Manaus, que, em período anterior, já dividira a extensa área abrangida por Belém, teve sua área dividida pela ascensão de Porto Velho, que, incorporando a rede de Rio Branco, passa a vincular-se, preferencialmente, não mais a Manaus, mas a São Paulo e a Brasília.

A criação do Estado do Tocantins – e de sua capital – altera a estruturação da rede de Goiânia. Palmas, além de assumir a função de capital do novo estado, demonstra forte centralidade e, embora se mantenha na região de influência de Goiânia, efetivamente articula sua própria rede.

A área de Imperatriz passa a ligar-se com São Luís, e não mais com Belém. Recife tem sua influência reduzida, perdendo a área o Piauí para Teresina, e passando a dividir arede de Natal com Fortaleza. O alcance de Fortaleza amplia-se tanto a leste, por Natal, como pela expansão das redes de São Luís e de Teresina. Florianópolis assume o controle de quase toda Santa Catarina (exceto da rede de Joinville, no norte, ligada a Curitiba) e passa a ter dupla vinculação: com Curitiba e com Porto Alegre.

No Centro-Oeste e Norte, as atividades de comércio e serviços concentram-se nas capitais

Em 5.275 unidades territoriais pesquisadas, 23 centros estão na classe 1 do comércio, enquanto apenas São Paulo e Rio de Janeiro estão na classe 1 dos serviços. Os estados do Sudeste destacam-se na diversidade de oferta de comércio e serviços, especialmente São Paulo. O setor também é relevante no Sul.

Já no Centro-Oeste e Norte, comércio e serviços concentram-se nas áreas de maior densidade populacional e nas capitais. A região Nordeste apresenta duas dinâmicas distintas, uma do interior, outra do litoral, especificamente das capitais, tanto para o comércio quanto para os serviços. A rede urbana dessa região é fortemente comandada pelas capitais dos estados, apoiada em poucos centros no interior, como os de Campina Grande (PB), Juazeiro-Petrolina (BA-PE), Caruaru (PE), Mossoró (RN), Juazeiro do Norte-Crato-Barbalha (CE), Feira de Santana, Ilhéus-Itabuna e Vitória da Conquista (BA).

Mais de 40% dos municípios brasileiros contavam com apenas um banco em 2004

Existem 2.391 cidades que contam com apenas um banco. Das cinqüenta maiores instituições financeiras por ativo total (Bacen, 2004), 32 têm sede em São Paulo, quatro estão em Brasília, três no Rio de Janeiro, duas em Fortaleza, Belo Horizonte e Porto Alegre, e uma em Belém, Salvador, Vitória, Curitiba e Florianópolis. No Sudeste e no Sul estão os maiores bancos privados de capital nacional ou estrangeiro, enquanto nas demais regiões predominam instituições oficiais, federais e estaduais.

São Paulo ocupa o primeiro nível, seguido pelo Rio e por Brasília, no segundo nível. No terceiro nível, destacam-se Belo Horizonte, Curitiba, Campinas e Porto Alegre e, no Nordeste – Fortaleza, Recife e Salvador. O quarto nível, o último em que estão maciçamente presentes todos os bancos de atuação nacional e de significativo número de outras instituições, inclui a maior parte das demais capitais estaduais, as demais subáreas de concentração de população que constituem a área de São Paulo, e tradicionais capitais regionais do centro-sul, a exemplo de Juiz de Fora, Uberlândia, São José do Rio Preto, Londrina, Maringá, Joinville, Pelotas-Rio Grande, bem como centros do porte de Santa Cruz do Sul e Rio Verde.

Ensino de graduação no RJ está concentrado na capital enquanto em MG está distribuído pelo interior

Em 2004, havia cursos de graduação em 1.261 centros, atendendo a um total de 4,1 milhões de alunos matriculados, em 18.644 cursos distribuídos por áreas do conhecimento: Agricultura e Veterinária; Ciências Sociais, Negócios e Direito; Ciências; Matemática e Computação; Educação; Engenharia, Produção e Construção; Humanidades e Artes; Programas ou Cursos Gerais; Saúde e Bem-Estar Social; e Serviços.

Foram identificados dois centros no primeiro nível (São Paulo e Rio de Janeiro) e nove no segundo nível (oito capitais e a área de Campinas). Em 2004, São Paulo tinha 1,1 milhão de matrículas no ensino de graduação (53,8% na capital e o restante no interior do estado), Rio de Janeiro tinha 444 mil matrículas (84,1% na capital) e Minas Gerais, 421 mil matrículas (35% na capital).

Apesar de ser um centro de primeiro nível, Rio de Janeiro tem o ensino de graduação muito concentrado na capital. No Nordeste e no Norte, pode-se destacar a grande quantidade de pequenos municípios do interior que contam com cursos superiores nos estados do Tocantins, Maranhão, Bahia, Amazonas e Pará. Como contraponto, Amapá e Roraima mostram um sistema de ensino superior ainda acanhado.

Capitais concentram cerca de 70% dos cursos de pós-graduação

Ao final de 2005, havia 3.325 cursos de pós-graduação strictu sensu , repartidos entre cursos de mestrado, mestrado profissional e doutorado. Os cursos eram encontrados em apenas 109 centros, revelando a concentração do sistema brasileiro de pós-graduação. Chama atenção a enorme disparidade entre os números de cursos por grande região, com a região Sudeste (1.880) superando em muito a Região Sul (638).

Há cursos no interior, apesar de eles ainda se encontrarem, em sua maioria, nas capitais dos estados. As 27 capitais oferecem 2.284 cursos (68,7%), enquanto os 82 centros do interior compreendem 1.041 (ou 31,3%). Fora das regiões Sudeste e Sul, o papel concentrador das capitais é ainda mais marcante. No Norte (112 cursos), Belém e Manaus destacam-se claramente em relação às demais capitais.

Grandes centros regionais tradicionais destacam-se na área de saúde

Em relação aos serviços de saúde, destacam-se São Paulo e Rio de Janeiro. O segundo e o terceiro níveis correspondem aos centros capazes de prestar atendimento mais complexo, distinguindo-se entre si pelo tamanho. No segundo, estão as áreas das maiores capitais estaduais: Belo Horizonte, Recife, Fortaleza, Porto Alegre, Curitiba, Goiânia, Salvador, Belém e Manaus, bem como Brasília e Campinas. No terceiro nível, além de dez capitais estaduais (Vitória, João Pessoa, Cuiabá, Campo Grande, Maceió, Teresina, São Luís, Natal, Aracaju e Florianópolis) destacam-se grandes centros regionais tradicionais, como Campina Grande, Juiz de Fora, Uberlândia, Ribeirão Preto e Londrina, entre outros.

No quarto nível, os centros são de menor porte, mas ainda predominam condições de atendimento de mais alta complexidade. Embora apresente alta concentração nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina, o quarto nível está representado em todo o país, em centros regionais longamente estabelecidos, a exemplo de Montes Claros, Joinville, Maringá, Arapiraca, Feira de Santana, Caruaru, Teresópolis, Sobral, Parnaíba, e em centros de projeção mais recente, como Sinop e Palmas.

Cerca de 40% dos municípios não tem nenhum domínio na Internet

A distribuição dos domínios na Internet tem desigualdades espaciais marcantes: 2.241 municípios (40% do total) não têm nenhum domínio de internet. Entre os 3.319 restantes que possuíam pelo menos um domínio, em março de 2005, a distribuição é enormemente desigual, com metade possuindo no máximo seis domínios. Por outro lado, somente São Paulo detinha 243.927, o que representa cerca de 33% do total de domínios, seguido por Rio de Janeiro (73.209), Curitiba (31.633), Belo Horizonte (28.132) e Porto Alegre (26.944).

São Paulo e Rio comandam sistema de redes de televisão aberta

São Paulo e Rio comandam o sistema de redes de TV aberta, gerando e propagando grande parte da sua programação. O sistema conta com 171 centros que emitem sinais, diferenciados em cinco níveis, e outros 5.036 que apenas recebem os sinais e integram as áreas de influência, diferenciando-se os mais conectados, que recebem maior número de redes nacionais, daqueles cujo grau de conexão é menor. As áreas de cobertura dos municípios com emissoras de TV afiliadas, tanto as nacionais quanto as regionais, variam regionalmente e acompanham diferenças de concentração espacial de população e de renda.

Ligações aéreas no Brasil têm estrutura concentrada

As ligações aéreas no Brasil têm estrutura concentrada. No total de ligações, 32 pares de cidades são responsáveis por pouco mais da metade dos passageiros transportados (50,2%), e o transporte de carga possui padrão semelhante, da mesma ordem de grandeza. Existe, de acordo com o estudo, concentração no volume dos fluxos, notadamente no Centro-Sul do país.

Média das distâncias percorridas nos transportes coletivos no Amazonas é de 270 km

Em relação aos transportes coletivos, destaca-se a atração exercida por São Paulo e Rio de Janeiro em pontos distantes do Nordeste. No interior do estado da Bahia, ocorre outro fluxo longo de caráter interestadual, voltado para Brasília. O mesmo acontece entre algumas cidades de Roraima e Manaus, num movimento que contribui para tornar a média das distâncias percorridas a partir de municípios de Roraima (de 270km) a maior do País. O Amazonas é o outro estado em que a média das distâncias das viagens ficou acima dos 200km, destoando até mesmo da média da região Norte, que foi de 107km.

Santa Catarina aparece com a menor média de distância dos deslocamentos (30km), e Florianópolis, com o menor grau de atração no quesito transportes: apenas um fluxo longo foi registrado como primeiro destino (partindo do município de Mondaí). Outros estados com baixa média de distâncias percorridas são Rio de Janeiro (31km), São Paulo (32km) e Alagoas (33km). A média nacional ficou em 61km, e abaixo dela estão apenas as regiões Sul, com 36km, e Sudeste, com 43km, indicando maiores facilidades de transporte que contrastam com as grandes dificuldades de mobilidade das demais regiões do país.

Na região Norte, o deslocamento médio para fazer compras é mais que o dobro que na média do país

A média dos deslocamentos para compras no comércio varejista da população brasileira é de 48km. Como característica geral, entretanto, observa-se que a tendência é no sentido de deslocamentos progressivamente mais longos, a partir das opções seguintes. Por exemplo, a média da segunda opção de deslocamento para compras é de 79km, de 94km para a terceira opção, e de 121km para a quarta opção. Esse padrão contudo varia, em linhas gerais, de acordo com a estrutura da rede urbana brasileira: densa no Sudeste, Sul e litoral nordestino; mais esparsa no Centro-Oeste e no interior do Nordeste; e bem dispersa no Norte.

Na região Norte, os deslocamentos de primeira opção envolvem em média 102km, enquanto, no Sudeste, os mesmos deslocamentos equivalem em média a 38km. No estado de São Paulo, por exemplo, que possui uma rede urbana bem estruturada e escalonada, predominam fluxos curtos e homogêneos. No Amazonas, no entanto, as redes que se formam envolvem deslocamentos longos, e chama a atenção o espraiamento da área capitaneada por Manaus, que exerce grande centralidade no estado.

Há casos que fogem ao padrão regional, como o de Montes Claros, no norte de Minas Gerais, que exerce um forte poder de atração no norte mineiro, com deslocamentos médios de 110km como primeira opção. Caso ímpar é o de Macapá, que aparece como centro único no estado do Amapá.

Universitários no Mato Grosso e região Norte deslocam-se em média mais de 100 Km para estudar

As regiões com as menores médias de distância de deslocamento para cursar ensino superior eram 37km, no Sul, e 47km, no Sudeste, sendo Santa Catarina o estado brasileiro de menor média, 28km, seguido de São Paulo com média de 35km. Entretanto, os fluxos longos também se destacam, em geral direcionados às capitais de alguns estados onde a rede de cidades médias e pequenas é menos pulverizada e apresenta menor dinamismo. É o que ocorre na Bahia, Ceará, Piauí, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Amapá e Amazonas.

Os maiores deslocamentos ocorrem na região Norte e no estado de Mato Grosso. Este último, com média de 112km, aproxima-se dos estados do Acre, Roraima e Amapá, todos com médias acima dos 100km, valores, no entanto, bem abaixo dos 295km em média, percorridos no estado do Amazonas, que evidenciam a forte polarização exercida por Manaus.

Cidades das regiões Norte e Centro-Oeste buscam opções de lazer a mais de 100 km

As médias das distâncias de deslocamento para opções de lazer fora do próprio município revelam as desigualdades no acesso ao entretenimento. Norte e Centro-Oeste têm médias bem acima da média nacional, que é de 65km: 108 e 107km, respectivamente. Nas demais, os valores são de 58km, no Nordeste; 50km, no Sudeste; e 36km, no Sul.

Para lazer, predominam deslocamentos curtos do sul de Minas ao Rio Grande do Sul, e em boa parte do Nordeste; de fluxos de média extensão, na longa faixa iniciada no oeste de Minas e prolongada pela maior parte do interior do país; e de longos fluxos voltados para algumas capitais, indicando a grande carência, em vasta porção do território, de estabelecimentos que ofereçam eventos voltados ao lazer da população.

Destaca-se, no mapa, a centralidade exercida por capitais como Belo Horizonte, Goiânia, Brasília, Salvador, Teresina, Manaus, Boa Vista e Macapá. Estas duas últimas foram mencionadas por todos os municípios pesquisados nos seus respectivos estados como sendo a primeira, e praticamente única, opção, visto que, no Amapá, apenas mais um município, Porto Grande, foi mencionado por Ferreira Gomes e, em Roraima, Pacaraima foi citado pelo município de Normandia. Ambos os destinos constam, porém, como segunda opção. Fica patente, assim, tanto a polarização exercida por parte de Boa Vista e Macapá quanto a grande limitação de opções de lazer nos demais municípios daqueles estados.

Pacientes percorrem em média 108 km em busca de atendimento especializado

Quando procura atendimento fora do município, a população desloca-se em média 54 km na busca por serviços de saúde. Para a segunda opção, percebem-se fluxos mais longos, que podem representar deslocamentos para tratamento de maior nível de especialização, com deslocamentos que compreendem, em média, 108km. Na terceira e quarta opções, as médias são de 144km e 169km, respectivamente.

Ganham destaque centros de referência do sistema de saúde do país, como é o caso, por exemplo, de Goiânia, Teresina e Barretos. Analisando as diversidades regionais, observa-se um padrão que acompanha a organização da rede urbana brasileira. Nas regiões Sudeste e Sul, por exemplo, onde a rede urbana é bastante densa, predominam fluxos mais curtos, uma vez que os serviços de saúde se encontram distribuídos de forma mais ubíqua. Na região Norte, em parte do Centro-Oeste e do Nordeste, a rede urbana menos estruturada, e os serviços de saúde ofertados em centros específicos, explicam a presença de fluxos mais longos. Mais uma vez, chama a atenção a forte centralidade exercida por Manaus, na região Norte.

Ao observar-se a segunda opção, ou seja, aquela que vai além dos serviços de saúde de uso mais freqüente, as capitais exercem forte atração para a população do interior dos estados. Esse fenômeno se repete em todos os estados, com especial destaque, porém, no Nordeste do país, em Minas Gerais e Goiás. Vale ressaltar ainda a atratividade exercida por Brasília no oeste baiano.

Deslocamento médio das pessoas até aeroportos é de 146 Km

O estudo verificou que as fronteiras dos estados exercem peso na definição das áreas de influência dos aeroportos. Deve-se considerar, ainda, a influência do caráter da viagem nos deslocamentos. A variação quanto à distância dos deslocamentos de primeira e de segunda opção é relativamente pequena. Na primeira opção, os deslocamentos são em média de 146 km, enquanto, para a segunda opção, são de 185 km.

Acompanhando a ocupação populacional do território, a faixa litorânea, de ocupação mais densa, é mais bem atendida por aeroportos. Nas outras áreas, a rede é mais esparsa, implicando em longos deslocamentos para acesso aos aeroportos, por exemplo, em Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia.

De modo geral, como primeira opção, notam-se ligações mais curtas. Contudo, aparecem centros que exercem dupla influência, pela relativa eqüidistância, com aeroportos de mesma categoria. Um exemplo de dupla influência é a exercida por Londrina e Maringá no Paraná; por Foz do Iguaçu e Cascavel, também no Paraná; e por São Luís, no Maranhão e Teresina, no Piauí. As áreas de influência desses centros, pelo menos no que se refere ao item aeroportos, são compartilhadas.

Fonte IBGE

Base: Ano de 2008

Ricardo Bergamini
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http://paginas.terra.com.br/noticias/ricardobergamini

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