O velho Pasquim e o meu curso de jornalismo por correspondência

O velho Pasquim e o meu curso de jornalismo por correspondência

Fernando Soares Campos


Foi entre os anos 1970 e 90 que fiz meu curso de "jornalismo por correspondência", elaborado pelos mais respeitáveis jornalistas brasileiros. Toda semana eu comprava minha "apostila" nas bancas de revista, alguns jornaleiros até já me conheciam, tanto que, quando eu me aproximava da banca, eles já pegavam o último número da apostila do curso e me entregavam. 

Aqueles respeitáveis jornalistas resolveram fundar a Codecri, editora que publicava os livros necessários à formação dos alunos do "curso de jornalismo por correspondência", como eu sempre chamei o velho Pasquim. ("Velho" aí tem a função de distinguir a publicação original da versão Pasquim 21, que encerrou atividades com 117 edições semanais, entre 2002 e 2004, enquanto o "velho" emplacou 1.072 "gols", durante 22 anos, de 1969 a 1991.)

Não vou relacionar aqui alguns dos muitos jornalistas, escritores, cartunistas e especialistas dos mais diversos ramos que conheci lendo o velho Pasquim. Outro dia falo um pouco mais sobre o meu "curso de jornalismo por correspondência". 

Hoje escrevi tudo isso apenas para dizer que foi no velho Pasca que conheci e tomei muitas lições de jornalismo com Mauro Santayana, autor do artigo que li ontem e disponibilizo aqui alguns trechos e o link para leitura completa... 



MAURO SANTAYANA

"O "FIM" DO BRASIL"



"Combate à corrupção deve ser entendido como meio de sanar nossas grandes empresas, públicas e privadas, não de inviabilizá-las como instrumentos estratégicos"

Já há alguns meses, e mais especialmente na época da campanha eleitoral, grassam na internet mensagens com o título genérico de "O Fim do Brasil", defendendo a estapafúrdia tese de que a nação vai quebrar nos próximos meses, que o desemprego vai aumentar, que o país voltou, do ponto de vista macroeconômico, a 1994 etc. etc. - em discursos irracionais, superficiais, boçais e inexatos. Na análise econômica, mais do que a onda de terrorismo antinacional em curso, amplamente disseminada pela boataria rasteira de botequim, o que interessa são os números e os fatos.

Segundo dados do Banco Mundial, o PIB do Brasil passou, em 11 anos, de US$ 504 bilhões em 2002, para US$ 2,2 trilhões em 2013. Nosso Produto Interno Bruto cresceu, portanto, em dólares, mais de 400% em dez anos, performance ultrapassada por pouquíssimas nações do mundo. Para se ter ideia, o México, tão "cantado e decantado" pelos adeptos do terrorismo antinacional, não chegou a duplicar de PIB no período, passando de US$ 741 bilhões em 2002 para US$ 1,2 trilhão em 2013; os Estados Unidos o fizeram em menos de 80%, de pouco mais de US$ 10 trilhões para quase US$ 18 trilhões.

Em 11 anos, passamos de 0,5% do tamanho da economia norte-americana para quase 15%. Devíamos US$ 40 bilhões ao FMI, e hoje temos mais de US$ 370 bilhões em reservas internacionais. Nossa dívida líquida pública, que era de 60% há 12 anos, está em 33%. A externa fechou em 21% do PIB, em 2013, quando ela era de 41,8% em 2002. E não adianta falar que a dívida interna aumentou para pagar que devíamos lá fora, porque, como vimos, a dívida líquida caiu, com relação ao PIB, quase 50% nos últimos anos.

(...)

E se o excesso de números é monótono, basta o leitor observar a movimentação nas praças de alimentação dos shoppings, nos bares, cinemas, postos de gasolina, restaurantes e supermercados; ou as praias, de norte a sul, lotadas nas férias. E este é o retrato de um país que vai quebrar nos próximos meses?

O Brasil não vai acabar em 2015.


Mas se nada for feito para desmitificar a campanha antinacional em curso, poderemos, sim, assistir ao "fim do Brasil" como o conhecemos. A queda das ações da Petrobras e de empresas como a Vale, devido à baixa do preço do petróleo e das commodities, e também de grandes empresas ligadas, direta e indiretamente, ao setor de gás e de petróleo, devido às investigações sobre corrupção na maior empresa brasileira, poderá diminuir ainda mais o valor de empresas estratégicas nacionais, levando, não à quebra dessas empresas, mas à sua compra, a preço de "bacia das almas", por investidores e grandes grupos estrangeiros - incluídos alguns de controle estatal - que, há muito, estão esperando para aumentar sua presença no país e na área de influência de nossas grandes empresas, que se estende pela América do Sul e a América Latina.

(...)

É preciso que a população - e especialmente os empreendedores e trabalhadores - percebam que, quanto mais se falar que o país vai mal, mais chance existe de que esse discurso antinacional e hipócrita, contamine o ambiente econômico, prejudicando os negócios e ameaçando os empregos, inclusive dos que de dizem contrários ao governo. É legítimo que quem estiver insatisfeito combata a aliança que está no poder, mas não o destino do Brasil, e o futuro dos brasileiros.

Leia completo...
http://www.maurosantayana.com/2015/02/o-fim-do-brasil.html

***

No carnaval carioca de 1990 toda a equipe do Pasquim foi homenageada pela escola de samba Acadêmicos de Santa Cruz com o enredo...

"Os Heróis da Resistência".

Oh! Divina luz que nos conduz 
Com bom humor e irreverência 
Hoje ninguém vai nos "gripar" 
Somos os heróis da resistência 
Vamos "pasquinar", recordar 
Sorrir sem censura 
Botar a boca no mundo, buscar bem fundo 
Sem a tal da ditadura

Soltavam as bruxas, o pau comia 
De golpe em golpe, quanta covardia!

Venha com a gente, povão 
Abra o seu coração 
Para o Pasquim, o "pequenino imortal" 
Simbolizado pelo sacana ratinho 
Mesmo bombardeado, virou paixão nacional 
Aí, na palidez da folha 
Imprimimos personagens geniais 
Lindas mulheres espelhando nossas páginas 
Ipanema foi o centro cultural 
Hoje, essa história é carnaval

Gip, gip, nheco, nheco 
Por favor não apague a luz! 
Goze desta liberdade 
Nos braços da Santa Cruz

Ouça... https://www.youtube.com/watch?v=WZiq0wddkqc

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Fonte da ilustração...
Ficha Corrida: https://fichacorrida.wordpress.com/2014/12/04/petrobras-no-pasquim-de-1987/

 

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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