Comércio exterior: previsão otimista

Comércio exterior: previsão otimista

                                                                                                     

            SÃO PAULO - Apesar das previsões pessimistas que têm cercado o comércio exterior brasileiro nos últimos tempos, as exportações País, em 2018, deverão chegar a US$ 224 bilhões, o que representará um aumento de 3,1% em relação aos US$ 217 bilhões registrados em 2017, segundo dados da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), que, em dezembro, havia previsto um total de US$ 218 bilhões.

Milton Lourenço (*)

            Já as importações, segundo a AEB, deverão totalizar US$ 168 bilhões em 2018, o que equivalerá a uma alta de 11,5% em relação aos US$ 150 bilhões importados no ano passado, o que, praticamente, confirmará a previsão anterior. Com isso, o País deverá registrar um superávit de US$ 56 bilhões, com uma queda de 15,9% em relação aos US$ 67 bilhões gerados em 2017. É de se lembrar que a previsão anterior sugeria um superávit menor, de US$ 50 bilhões. Menos mal.

            Obviamente, esses números podem sofrer correções, em consequência dos reflexos da guerra comercial entre EUA e China ou até mesmo em função de uma potencial crise nuclear entre EUA e Irã. Para piorar, há ainda a recente reviravolta nas relações entre EUA e União Europeia (UE). Como se sabe, Washington suspendeu a aplicação de novas tarifas ao aço e alumínio importados enquanto os dois lados negociam as questões comerciais, ao mesmo tempo que a UE decidiu ampliar suas compras de soja e gás natural liquefeito dos EUA. Além disso, decidiram re duzir as barreiras ao comércio de serviços e produtos químicos, farmacêuticos e médicos.

            O que se prevê é que esse entendimento pode vir a prejudicar as negociações entre Mercosul e UE, pois, certamente, o bloco europeu já não terá tanta pressa para concluir as negociações com o bloco sul-americano. Conspirando contra o crescimento dos números das exportações brasileiras também está a grave crise econômica, comercial e cambial porque passa a Argentina, terceiro maior parceiro do Brasil.     

            Seja como for, a situação do comércio exterior não é das mais complicadas. Tanto que o porto de Santos bateu recorde de movimentação de cargas no primeiro semestre, movimentando 64,5 milhões de toneladas, o que significou um aumento de 5,6% em relação ao mesmo período de 2017, quando foi registrado o recorde anterior, segundo dados da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp).

            Deve-se acrescentar que esse resultado poderia ter sido melhor, se não tivesse ocorrido um fato atípico, como a greve do setor de transporte rodoviário de cargas realizada ao final de maio e início de junho. Tanto que, em junho, o volume de operações ficou abaixo do registrado no mesmo mês de 2017, assinalando um recuo de 1,7%, para 10,8 milhões de toneladas. No mais, de janeiro a junho, os embarques de cargas cresceram 4,1% sobre os seis primeiros meses de 2017, ao passo que os desembarques avançaram 9,6%.

            O desempenho do porto de Santos reflete o comportamento da balança comercial neste ano, com as importações crescendo mais do que as exportações. A participação do porto de Santos na balança comercial manteve-se estável, pois alcançou 27,7% do total do comércio exterior do País no primeiro semestre, com uma movimentação equivalente a US$ 54,1 bilhões.

            Ou seja, o complexo portuário respondeu por 26,7% das exportações brasileiras, ou US$ 30,2 bilhões, e por 29,2% das importações, com US$ 23,9 bilhões. Isso mostra que não há razões para se cultivar o pessimismo, ao contrário do que alardeiam os pregoeiros do caos.

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(*) Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: [email protected]. Site: www.fiorde.com.br

 

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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