Em Março, vendas do varejo variam 0,3% e receita nominal 0,5%

Ambas as taxas foram em relação a fevereiro, na série com ajuste sazonal. Na comparação com março de 2008, o volume de vendas e a receita nominal do varejo cresceram 1,8% e 7,8%, respectivamente. No primeiro trimestre, esses indicadores cresceram 3,8% e 9,9%. Nos últimos doze meses, volume e receita acumularam crescimento de 7,2% e 13,5%. O resultado indica desaceleração no ritmo de crescimento das vendas, após aumentos a taxas acima de 1%, verificados no primeiro bimestre de 2009.

Em março, oito das dez atividades pesquisadas, obtiveram resultados positivos para o volume de vendas com ajuste sazonal: Veículos e motos, partes e peças (3,9%); Material de construção (3,0%); Tecidos, vestuário e calçados (1,9%); Livros, jornais, revistas e papelaria (1,9%); Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (1,4%); Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (1,4%); Outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,1%) e Combustíveis e lubrificantes , com 0,9%. A atividade de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo não registrou variação enquanto a de Móveis e eletrodomésticos obteve taxa negativa de -2,2 % .

Já em relação a março de 2008 (série sem ajuste), seis das oito atividades do varejo obtiveram aumentam no volume de vendas cujas taxas: para Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos ( 15,2%); Outros artigos de uso pessoal e doméstico ( 5,0%); Combustíveis e lubrificantes ( 4,2%); Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo ( 0,7%); Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação ( 18,0%); e Livros, jornais, revistas e papelaria ( 10,5%). Com resultados negativos apresentam-se as seguintes atividades: Móveis e eletrodomésticos (-0,9%) e Tecidos, vestuário e calçados ( -8,2%).

RESULTADOS SETORIAIS

A atividade de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, com a maior participação na taxa global do varejo, influenciando a mesma em 48%, apresentou crescimento de 15,2% na comparação com março de 2008 e taxas acumuladas de 12,1% para o primeiro trimestre e de 13,1% nos últimos 12 meses. A expansão da massa de salários juntamente com a essencialidade do consumo de medicamentos, são os principais fatores explicativos do desempenho positivo do segmento.

A atividade de Outros artigos de uso pessoal e doméstico, com o segundo maior impacto na formação da taxa do varejo, obteve variação de 5,0% no volume de vendas em relação a março de 2008, sendo responsável por 24% da taxa geral. Englobando diversos segmentos do varejo, como por exemplo lojas de departamentos, ótica, joalheira, artigos esportivos, brinquedos, etc., esta atividade vem tendo seu desempenho impulsionado também pela manutenção do crescimento da massa salarial. O acumulado do ano foi da ordem de 6,7% e o acumulado dos últimos 12 meses, registrou variação de 11,0%.

Combustíveis e lubrificantes , com 4,2% de variação do volume de vendas na relação março2009/março2008, respondeu pela terceira maior contribuição à taxa global do varejo. Em termos de desempenho acumulado no ano, a taxa de variação chegou aos 3,0% e nos últimos 12 meses a 8,7%. Atribui-se este comportamento à estabilidade de preços dos combustíveis, conjugada com o aumento da frota de veículos automotores.

O segmento de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo mesmo com resultado abaixo da média - variação de 0,7% no volume de vendas em março sobre igual mês do ano anterior, foi responsável pela quarta contribuição (20,0%) da taxa. Em termos de acumulados no ano e nos últimos 12 meses, a atividade apresenta crescimento de 4,3% e 4,5%, respectivamente. Este desempenho, bem abaixo do dos meses anteriores, deve-se em parte ao efeito calendário, uma vez que a Páscoa em 2008 ocorreu no mês de março, e este ano em abril, o que elevou a base de comparação do indicador março2009/março2008.

O segmento de Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, responsável pelo quinto maior impacto na formação da taxa global , obteve acréscimo no volume de vendas, em março, da ordem de 18,0% sobre igual mês do ano passado e taxa acumulada no ano de 15,0% e nos últimos 12 meses de 29,7%. Trata-se da atividade com o maior patamar de crescimento este mês. Dentre os fatores que vêm determinando este desempenho, destacam-se a redução de preços dos produtos do gênero1 e a crescente importância que os produtos de informática e comunicação vêm tendo nos hábitos de consumo das famílias.

A atividade de Livros, jornais, revistas e papelaria, com crescimento de 10,5%, exerceu a sexta maior influência no resultado do varejo. O volume de vendas acumulado no trimestre registrou variação de 12,3% e nos últimos 12 meses a taxa foi de 11,4%. Estes resultados decorrem basicamente do aumento de renda real e da diversificação da linha de produtos da atividade, como por exemplo, a venda de materiais de informática, além de produtos de entretenimento (CDs e DVDs).

Com queda de –8,2% em relação a março de 2008, o segmento de Tecidos, vestuário e calçados apresentou a maior influência negativa no resultado global do varejo. Resultado este que pode ser explicado pelos aumentos de preços dos produtos, decorrentes não só da variação cambial como do lançamento da coleção outono-inverno A atividade acumulou no ano e nos últimos 12 meses variações de –6,6% e 1,0%, respectivamente.

A atividade de Móveis e eletrodomésticos , com queda de –0,9% no volume de vendas em relação a março do ano passado, proporcionou o segundo maior impacto negativo na formação da taxa de desempenho do Comércio Varejista. Tal comportamento resulta, em parte, das atuais restrições de crédito da economia brasileira. No acumulado do ano a taxa foi de 1,3% e nos últimos 12 meses de 11,2%.

O Comércio Varejista ampliado ( varejo e mais as atividades de Veículos, motos, partes e peças e de Material de construção) registrou crescimento em relação ao mês anterior de 2,0% para o volume de vendas e de 3,0% para a receita nominal, ambas as taxas com o ajustamento sazonal. Comparado com o mesmo mês do ano anterior (sem ajuste sazonal), as variações foram de 6,5% para o volume de vendas e de 9,0% para a receita nominal. No acumulado do ano e dos últimos 12 meses, o setor apresentou taxas de variação de 3,7% e 7,4% para o volume e de 6,6% e 12,1% para a receita nominal de vendas, respectivamente.

O volume de vendas da atividade de Veículos, motos, partes e peças registrou expansão de 7,1% em relação a março de 2008, acumulando no trimestre e nos últimos doze meses variações de 5,9% e 8,4%, respectivamente. As restrições de crédito, tendo como exemplo a redução dos prazos de financiamento, por um lado, e a redução de impostos pelo o governo (IPI), por outro, vêm se constituindo nos principais fatores para a atual dinâmica desse mercado.

Quanto a Material de construção , as variações foram de -4,1% em relação a março de 2008, de -9,8% no acumulado do ano e de 3,0% nos últimos 12 meses. Tal desempenho resulta também das restrições de crédito, bem como das expectativas do consumidor quanto a manutenção do emprego.

RESULTADOS REGIONAIS

Das vinte e sete Unidades da Federação, oito apresentaram resultados negativos na comparação março 2009 /março 2008: Espírito Santo (-7,8%); Distrito Federal (-4,6%); Acre (-2,5%) e Paraná com –1,0%. Os destaques em termos de variações positivas do volume de vendas foram Roraima (22,6%); Rondônia (12,4%); Ceará (12,0%); Sergipe (8,3%) e Piauí (8,0%). Quanto à participação na composição da taxa do Comércio Varejista , sobressaíram, pela ordem, São Paulo (2,3%); Rio de Janeiro (4,1%); Ceará (12,0%); Minas Gerais (1,5%) e Santa Catarina, com 2,6%.

Em relação ao varejo ampliado , as maiores taxas de desempenho no volume de vendas ocorreram em Roraima (22,8%); Tocantins (20,1%); Sergipe (17,2%); Piauí (15,3%) e Ceará (14,6%). Em termos de impacto no resultado global do setor, os destaques foram os estados de São Paulo (6,9%); Rio de Janeiro (6,8%); Minas Gerais (8,1%); Rio Grande do Sul (5,0%) e Ceará (14,6%).

Ainda por Unidades da Federação, os resultados com ajuste sazonal para o volume de vendas apontam nove estados com variação negativa, na comparação mês/mês anterior. Os destaques são: Maranhão (-6,7%); Acre (-3,0%); Espírito Santo (-1,4%); Mato Grosso (-1,4%) e Pará (-1,2%). As maiores altas ocorreram em: Roraima (3,7%); Rondônia (3,3%); Ceará (3,1%); Goiás (2,5%) e Sergipe (2,0%).

ANÁLISE TRIMESTRAL

A variação de 3,8% no Comércio varejista no primeiro trimestre do ano de 2009, comparado com igual período de 2008, ficou abaixo não só da variação do último trimestre do ano anterior (6,0%) como de todo o período iniciado em janeiro de 2004, com exceção a junho de 2005 que teve variação também de 3,8%.

Comparando os resultados do varejo dos dois últimos trimestres, observa-se redução das taxas nas seguintes atividades: Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, de 5,4% para 4,3%; Móveis e eletrodomésticos (de 7,7% para 1,3%); Tecidos, vestuário e calçados (de –5,4% para –6,6%); Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (de 13,9% para 12,1%); Combustíveis e lubrificantes (de 7,5% para 3,0%) e Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (de 32,9% para 15,0%). Os segmentos que melhoraram seus indicadores foram: Outros artigos de uso pessoal e doméstico , saindo de 6,5% para 6,7%, e Livros, jornais, revistas e papelaria (de 12,0% para 12,3%).

Entretanto, em termos de Comércio varejista ampliado , os 3,7% de variação no primeiro trimestre de 2009, superaram os 0,3% referentes ao quarto trimestre do ano de 2008. Compondo este agregado, além das atividades descritas acima, tem-se ainda os resultado para Veículos, motos, partes e peças , que variou de –10,8% para 5,9%, e Material de construção , que reduziu seu crescimento de –1,9% para –9,8%.

Nota:

1 Segundo IPCA, o subitem Microcomputadores teve variação acumulada nos últimos 12 meses de –5,1%.

Pesquisa Mensal de Comércio – Fonte IBGE

Base: Março de 2009

Ricardo Bergamini
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