Porto de Santos: 124 anos

SÃO PAULO - No dia 2 de fevereiro, completaram-se 124 anos da criação do porto de Santos, embora a primeira presença de navios na barra e no canal do estuário da antiga vila seja hoje informação perdida no tempo. Comemora-se essa data porque foi em 1892 que atracou o vapor Nasmyth, da armadora inglesa Lamport & Holt,no primeiro trecho de cais com 260 metros lineares construído no lugar dos velhos trapiches no local então conhecido como Porto do Bispo, na região onde hoje se localiza o Centro da cidade.

Milton Lourenço (*)

Foi esse, a rigor, o primeiro grande esforço do poder público para se construir um complexo marítimo que pudesse permitir o escoamento da produção nacional, embora não se possa deixar de reconhecer que pelo menos desde o século XVIII, ao tempo do Brasil colônia, vários governantes paulistas tenham se empenhado, com o apoio da comunidade, em encetar obras que pudessem superar a precariedade do caminho entre São Paulo e Santos.

E, assim, deixasse o porto santista de ser exclusivamente de cabotagem, passando a receber navios que viessem em direitura de Lisboa, o que se deu a partir de 1789, já que antes as transações com a metrópole eram feitas por intermédio do Rio de Janeiro, com grande perda de tempo e despesas que aumentavam o preço das mercadorias.

Mais de um século passado, ainda é esse o grande desafio do porto de Santos: preparar-se para continuar a desempenhar a nobre função de promover o desenvolvimento do Brasil, já que 27,3% do comércio internacional do País passaram em 2015 por suas margens. É de se ressaltar que, no ano passado, 119,9 milhões de toneladas de carga foram movimentadas no porto, o que representou não só um aumento de 7,7% em relação a 2014 como o maior volume de todos os tempos, impulsionado pela significativa alta de 14,4% nas operações de exportação, com forte influência dos embarques de açúcar, do chamado complexo soja (grãos e farelo) e de milho. Um resultado acima do esperado, levando-se em conta o momento crítico que vive o País.

Para 2016, a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) espera uma movimentação um pouco menor, ou seja, 119,6 milhões de toneladas, mas é provável que essa projeção seja superada, já que as exportações de soja tendem a crescer, a carga conteinerizada, que em 2015 chegou a 3,7 milhões de TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés), deverá manter-se no mesmo nível e a carga geral alcançar 4,4 milhões de toneladas, impulsionada pela recuperação da celulose e pelo crescimento das vendas de veículos para o exterior. Aguarda-se também uma retomada das importações, que, em 2015, acusaram queda de 6,4%.

Com o recente arrendamento de três terminais, espera-se, por fim, que a modernização dessas instalações propicie índices de produtividade cada vez maiores, atraindo mais cargas de celulose e de granéis sólidos vegetais. Isso, obviamente, deverá se refletir no aumento da arrecadação da Codesp que, dessa maneira, terá maiores condições para investir na melhoria da infraestrutura portuária.

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(*) Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: [email protected]. Site: www.fiorde.com.br

 

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