Irã comemora 35 anos da Revolução Islâmica

Fevereiro em 1979, o Xá iraniano é derrubado pela Revolução Islâmica e foge do país com sua família. O Aiatolá Khomeini, principal líder da oposição, havia retornado da França ao seu país, depois de 15 anos de exílio no Iraque e na França. Foto: AFP


O Irã celebra nesta terça-feira (11), com desfiles e discursos oficiais, o 35º aniversário da Revolução Islâmica que depôs o último xá de Pérsia, Mohammed Reza Palevi, em 1979, e estabeleceu a República Islâmica. Milhões de pessoas acompanharam a marcha que percorreu as ruas de todas as cidades e povoados do país para comemorar o triunfo da revolução e o apoio aos valores islâmicos.


Para a data, as cidades foram decoradas com bandeiras e imagens do falecido aiatolá Ruhollah Khomeini. A marcha contou com a presença massiva de diferentes grupos sociais, políticos, esportistas, artistas e estudantes que, durante a caminhada, responderam as recentes declarações dos Estados Unidos sobre a posição de ter uma oposição militar sobre a mesa, ainda que haja boa vontade do Irã nos diálogos nucleares e na hora de cumprir seus compromissos definidos no acordo firmado em novembro de 2013.


"Manter a unidade diante dos inimigos" é a demanda principal dos manifestantes convocados por diferentes autoridades do país. Na capital Teerã, o evento foi marcado pelo discurso do presidente do país, Hassan Rohani, que deve anunciar também uma declaração final sobre a data. O mandatário pediu na última segunda-feira (10) participação massiva nos desfiles, informou a emissora de rádio Voz da República Islâmica do Irã.


Segundo Rohani, "o dia 11 de fevereiro é o dia da unidade nacional dos iranianos, que marcou a vitória do movimento moderado de pessoas com sua cultura de persistência e resistência". Pele acrescentou ainda que, "a Revolução Islâmica do Irã tinha o objetivo de eliminar a interferência de os EUA no país persa".


Em seu discurso o presidente disse que "o povo e o governo do Irã vieram ainda mais perto dos ideais e objetivos elevados da Revolução Islâmica de acordo com as diretrizes do Líder Supremo da Revolução Islâmica, o aiatolá Seyed Ali Khamenei, como já demonstraram em junho 14 presidencial de 2013".


Para Rohani, o Governo da Diligência e Esperança "tem a sua origem na vontade dos iranianos, e tem como meta atingir a dignidade e a prosperidade do país no contexto persa dos pontos de vista das pessoas e do Líder Supremo".


De acordo com informações da agência EFE, o ministro das Relações Exteriores, Mohamad Javad Zarif, também encorajou o povo do país a participar das comemorações ao declarar à agência de notícias estatal Irna que as passeatas de hoje serão "uma demonstração de apoio às negociações nucleares que Teerã mantém com a comunidade internacional".


Relações com os Estados Unidos
O general e comandante geral do Corpo dos Guardiões da Revolução (CGRI), Mohamad Ali Yafari, afirmou que, "após 35 anos de resistência e persistência do povo perseverante e revolucionário do país, a Revolução Islâmica segue com clareza seus primeiros lemas e ideais".

Desde 1979, foi estabelecido um dia para demonstrar solidariedade com os palestinos contra Israel, apoiado pelos Estados Unidos. Manifestações contra o país americano são bastante comuns desde a Revolução. Foto: AFP


"Enquanto o Irã segue seu caminho, os Estados Unidos não cessarão sua inimizade com o país persa", disse ele. Yafari afirmou também que "a falta de amizade entre o Irã e os Estados Unidos está arraigada à antipatia norte-americana com o Sistema Islâmico".


Por sua vez, o chefe de Estado, Hassan Rohani, lembrou que Washington utilizou "medidas suaves como ferramentas culturais e econômicas, políticas para combater a capacidade de defesa do Irã" e afirmou que "é por isso que ele pediu a cooperação mútua das pessoas e das autoridades com o Líder Supremo a revolução de modo a neutralizá-los".


Armas nucleares
Com relação à política externa da décima primeira Administração da República Islâmica do Irã, Rohani assegurou que este campo abrange questões regionais e assuntos globais e presta especial atenção às relações com os seus vizinhos, a fim de promover a estabilidade e a paz na região.
"Devemos trabalhar  juntos para combater o terrorismo e aqueles que alimentam o conflito em países como Afeganistão, Iraque e Síria", exortou o presidente.


Em outra parte em seu discurso, mencionou as negociações nucleares entre Teerã e o Grupo 5+1 (EUA, Reino Unido, França, Rússia, China e Alemanha) e reiterou que "a boa vontade e o espírito de paz os iranianos são a pedra angular dessas conversas".
 
 
Em 2013, Hassan Rouhani, clérigo, político, diplomata e académico iraniano, é eleito presidente do país em 3 de agosto. Foto: Reprodução


"Durante esses encontros realizados na cidade suíça de Genebra tentou informar a todos a fatwa (decreto islâmico) do Líder Supremo do Irã sobre a proibição de armas nucleares, terminando assim os falsos pretextos do inimigo", lembrou.


De acordo com Rohani, as negociações nucleares buscam mostrar que a natureza do 'iranofobia' é uma mentira, e atacar outro país não tem nenhum lugar na agenda do país persa. Assim mesmo, "as conversas voltaram para revelar a natureza cruel das sanções unilaterais e ilegais contra o Irã e a necessidade de sua remoção, e, ao mesmo tempo, lembrar a resistência do povo iraniano com força total para esta situação e que maneira com que o arrependimento de seus inimigos", disse.


O Irã e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) encerraram no domingo (9) as negociações nucleares com um novo acordo de cooperação, que possui sete pontos. Após um dia e meio de conversas, a AIEA e a Organização de Energia Atômica do Irã emitiram um comunicado conjunto no qual afirmam que Teerã cumpriu com os seis compromissos adquiridos em novembro e concordaram em cooperar em outros sete aspectos, informou a agência Irna, que não detalhou o conteúdo do acordo.


Da redação do Vermelho,
Com informações da Hispan TV, AFP e Agência EFE

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey
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