Venezuela desmonta novo atentado à soberania

Venezuela desmonta novo atentado à soberania 

Por Socorro Gomes (*)

É gravíssima a intensificação das ações criminosas do governo estadunidense contra a Venezuela, sobretudo no contexto da pandemia que assola o planeta, usada como pretexto para a militarização e a adoção de medidas ainda fracassadas em seu objetivo final: derrubar um governo legítimo. Neste quadro, devemos exigir ação concreta no seio das instituições internacionais em resposta ao intento de invasão da capital venezuelana, neste domingo (3), por mercenários respaldados pelo imperialismo estadunidense e seus comparsas regionais, para sequestrar o presidente Nicolás Maduro.

Nos últimos dias, analistas progressistas já denunciavam como o presidente Donald Trump e lideranças da União Europeia conspiravam contra o legítimo presidente da Venezuela em eventual operação coordenada no âmbito da máquina de guerra imperialista, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Que tal escalada se concretize no contexto da pandemia é de grande relevância e desvela o caráter dessas potências.

No início de abril, os líderes do bloco beligerante encarregaram o general estadunidense Tod Wolters, comandante das operações da OTAN, de "coordenar o combate à crise de coronavírus", na contínua expansão do seu escopo de ação para atuar em todas as esferas e em todas as regiões do planeta. É o que o bloco já vinha fazendo na última década, ao se aproveitar de outras crises e desafios até humanitários, em total contradição com a sua natureza, para ampliar sua esfera de intervenção e sustentar sua existência como braço armado do imperialismo. Por exemplo, a OTAN teria recentemente deslocado antigos navios de guerra britânicos como hospitais flutuantes, mas que ainda carregam armamentos.

É óbvio que o atual desafio sanitário e à vida das pessoas não pode ser combatido com armas; por isso, a militarização da resposta deve ser denunciada nos mais firmes termos por encerrar em si mesma um pretexto da luta contra a pandemia para acelerar os planos imperialistas de derrubar governos insubmissos e controlar regiões inteiras, como é o caso da Venezuela.

Em mais um ato de pirataria e roubo, o governo estadunidense havia ordenado a transferência de mais de USD 300 milhões de contas do Banco Central venezuelano no Citibank para as contas do golpista Juan Guaidó, somando ofensa à injúria de já ter sequestrado os recursos do povo venezuelano, que vinha enfrentando o agravamento das condições de vida no país devido ao cerco e às sanções e agora é obrigado a enfrentar os efeitos do surto de coronavírus nessas condições.

De acordo com a presidência da Assembleia Constituinte e o Ministério do Interior da Venezuela, a operação de domingo, gestada nos EUA e na Colômbia com o intuito de sequestrar líderes do governo, especialmente Maduro, foi realizada por mercenários que traziam armamentos e veículos apreendidos pelas forças de segurança.

Esta é mais uma tentativa criminosa, frustrada pelas forças venezuelanas, de derrubar o presidente à força, como Trump ameaçou reiteradamente. O regime estadunidense mais uma vez agiu em violação flagrante das normais internacionais mais básicas. Vindos da Flórida, o grupo paramilitar, que inclui um general venezuelano aposentado e aliado do golpismo, de acordo com a Associated Press, vinha treinando outros golpistas em acampamentos secretos na vizinha Colômbia, de onde grande parte da ofensiva política e das agressões contra a Venezuela têm partido.

O mais recente intento criminoso vem na esteira da decisão anunciada pelo governo ultraconservador e protofascista de Jair Bolsonaro, fantoche de Donald Trump, de expulsar o corpo diplomático venezuelano do Brasil, com um ultimato para a partida de cerca de 30 funcionários, numa inaceitável afronta ao direito internacional, à Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas e à própria Constituição brasileira, que Bolsonaro já demonstrou desprezar. A medida foi suspensa por 10 dias pelo Supremo Tribunal Federal, mas novamente mostra o grau de empenho do atual presidente do Brasil em contribuir com o cerco ofensivo contra a Venezuela, nação vizinha e irmã, na região.

Por outro lado, também se intensifica a solidariedade internacional com o povo venezuelano na sua luta em defesa da sua soberania e do seu governo legítimo. O golpismo se enfraquece em seu fracasso, daí a adoção de medidas extremadas e a intensificação do bloqueio financeiro e das pesadas e criminosas sanções contra a Venezuela, demonstrando a natureza vil do imperialismo estadunidense e de seus aliados, em plena pandemia, crise aguda que ameaça a vida e deveria fomentar a cooperação entre as nações.

O Conselho Mundial da Paz soma-se às demais entidades solidárias por todo o mundo, que defendem o direito do povo venezuelano à autodeterminação e repudiam nos mais firmes termos a bandidagem do imperialismo estadunidense e dos seus lacaios, conforme expressou em nota emitida nesta segunda (4) o seu Secretariado.

Devemos exigir medidas concretas para impedir que estas agressões e ameaças passem incólumes e continuem desestabilizando a Venezuela e outros países insubmissos, transformando o direito internacional vira letra morta enquanto a potência mais ofensiva do planeta segue implementando uma política de terra arrasada para impor os seus desígnios.

Por isso, as entidades solidárias e as forças democratas em todos o mundo têm reiterado: Tirem as mãos da Venezuela, já! Toda solidariedade ao irmão povo venezuelano na defesa da sua soberania, da paz e da vida!

(*) Presidenta do Conselho Mundial da Paz. Publicado no Cebrapaz 

 

 

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